A garota na ponte

Havia uma garota sentada à beira da ponte

olhando para baixo

Ela fintava a morte.

lágrimas escorriam dos seus olhos como um rio

eu me aproximei

Ela virou o rosto para me olhar

e o seu olhar escondia uma escuridão profunda.

Estiquei minha mão para limpar o seu rosto, e suas lágrimas pesavam, carregadas de lembranças tristes que se acumularam por tantos anos.

Ela me abraçou, me abraçou tão forte como se nunca mais fosse me soltar.

Suas lembranças inundaram o lugar, lembranças de épocas felizes,

em que ela sorria, dançava e pulava, então de repente uma lembrança surgiu no meio das boas lembranças

Um homem levantava a mão para ela

O olhar no semblante do homem era de raiva

E aquela lembrança passou a contaminar todas as outras lembranças

E as lembranças de alegria e sorrisos

Deram lugar a lembranças de dor e sofrimento

o ambiente se tornou escuro

Tomado pela escuridão que morava naquela garota

Eu a abracei fortemente

Encostei o corpo dela contra o meu

Como se fossemos um só

para que ela não se sentisse mais sozinha.

o coração dela batia na mesma batida do meu

Eu podia sentir ele desacelerando

E o ambiente uma vez tomado pela escuridão

surgia uma luz, que começava a partir dela

a lembrança do homem desaparecera

As lembranças das noites em que ela chorou na beira da cama continuavam ali

São lembranças que ela precisava levar consigo para evoluir.

A escuridão começava a sumir

Havia tanto e por muito tempo ela guardou tudo para si

mas ela não estava mais sozinha.

segurei ela pelos braços e a levantei

Enxuguei o rosto dela coberto de lágrimas

e saímos daquela ponte.

Hoje o rio não terá mais uma morte para carregar.

Fael Silva
Enviado por Fael Silva em 12/07/2021
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