A Espera

Parte 3

Quando me levantei no outro dia, percebi que ainda estava morrendo de sono, passei a noite toda tendo pesadelos terríveis com Alexandre, sonhava que uma fera o devorava na floresta, ou com um acidente de carro, até porque essa área é cheia de penhascos e grandes paredões de rocha calcada, era uma paisagem um tanto bela e perigosa, mas o que realmente me chamou a atenção foi que no meio disso tudo pensei até mesmo nos meus pais, eles eram idosos quando discuti com eles á 6 meses atrás, eles nunca aceitaram meu casamento com um doente mental, eu decidi insisti nessa ideia porque acreditava que o meu destino era ao lado de Alê, embora ele enfrentasse severos problemas com a sua própria mente, mas eu não ligava para isso, perto da minha cama havia um retrato no qual eu estava do lado da minha amiga, Jana e eu pareciamos muito felizes, ela só queria um bom futuro como médico para sustentar a si e a sua vó, sem contar que a sua filha recém-nascida já teria no mínimo abrido os olhos desde a última vez que a segurei no colo, ela estava muito feliz.

Pus a mão na barriga, agora que era a minha vez, descobri que um louco, uma mulher perfeitamente sã e uma criança que acabou de vir ao mundo não era o mais perfeito modelo de família, mas era justamente a isso que se resumiria a minha vida, dentro de nove meses, se eu pudesse voltar no tempo e fazer com que meu coração se apaixonasse por outro homem, eu talvez seria mais feliz, mas no mundo real a gente não volta, simplesmente continua... E era isso que eu estava fazendo continuando a viver apesar de tudo, porque a partir daquele momento, cada passo que eu desse, ou cada minuto que eu respirasse seriam inteiramente para a minha filha disso não haveria dúvidas.

Me levantei, estava me sentindo um pouco tonta, senti uma onda de coisas nojentas vindo de dentro de mim, corri para o banheiro e pus toda essa onda pra fora, ontem antes de dormir comi toda fruta que pude antes de ir dormir, esquecendo-me que isso poderia acarretar consequências desastrosas como aquilo, minha boca amargava, me pus de pé e escovei os dentes, ao encarar o meu reflexo no espelho me assustei com duas grandes olheiras rodeando meus globos oculares, conssegui resolver tudo isso com uma boa dose de maquiagem.

Desci ás escadas e comecei a sentir ódio de mim, daquela casa, do Alê...

Inferno! Quanto tempo mais vou ter que ficar nessa solidão maldita sem conversar com ninguém.

Foi aí que peguei meu laptop e comecei a ouvir a minha playlist favorita, eu amava música e havia lido em um site que isso é algo bastante positivo durante a gestação, pus as mãos na barriga.

-Tomara que você tenha os mesmos gostos que eu.

Eu queria muito que fosse menino, eu estava enjoada de ouvir todas as minhas ex-colegas que quando tiveram suas chances desejaram apenas meninas e meninas, só por causa dos pais, enjoei disso.

Do nada, recebi uma chamada, ao atender vi a foto de Jana estampada, me perguntei como ela conssegiu completar a chamada, se eu não tinha internet.

Eu. Tudo bem?

Jana. Sim e você?

Eu. Na medida do possível, eu acho que eu tô enlouquecendo.

Jana. Peraí o que foi?

Sem pensar por onde deveria começar, fui contando tudo a ele desde o dia em que Alê passou por aquela porta, até o momento em que conheci o lenhador.

Jana. Meu Deus e você acha mesmo que tá grávida?

Eu. Sim né, embora ainda não tenha feito nenhum teste, mas a menstruação atrasada

e os meus enjôos constantes querem dizer somente uma coisa.

Jana. Ai amiga, sinceramente eu não queria tá na tua pele.

Eu. Ultimamente eu ando tão confusa, essa preocupação, já vai fazer quase 5 dias que ele não aparece, eu tô desesperada.

Lentamente as lágrimas salgadas começaram a escorrer pelo meu rosto.

Eu. Não sei, o que fazer, eu tô desesperada.

Minha voz estava embargada, Jana notou isso.

Jana. Amiga, vou fazer o seguinte, eu vou passar na casa dos pais deles e vou ver o que tá acontecendo.

Eu. Isso, se você fizer isso já estará me ajudando muito.

Jana. É pra isso que estou aqui, fomos criadas juntas e não esquece de me convidar pro batizado.

Eu. Claro que não, isso se houver né.

Jana. Quê cê tá pensando em abortar? De novo?

Ao ler a última palavra, rapidamente me lembrei de Caio e de tudo aquilo que ele havia representado em minha vida, enquanto estive apaixonada por ele, a gente teve um caso quando eu tinha somente 17 anos e foi a primeira vez em que me dei conta de que era tão carente que chegaria a ponto de cometer loucuras, tudo isso em nome do amor, como matar o próprio filho.

Eu. Você sabe que eu não gosto de falar nisso não é.

Jana. Pelo amor de Deus, só me garanta que não vai fazer a mesma besteira de novo.

Eu. Claro que não Jana, naquela época, eu era inocente, carente de amor, por isso abortei, mas agora será diferente.

Se eu não tivesse abortado, hoje seria um lindo menino de 4 anos, a cada vez que penso nisso me arrependo amargamente, as memórias são tão vivas que parece que foi ontem.

Ouvi que uma leve ventania começava a tomar conta das árvores lá fora, iria chover novamente, em pouquíssimo tempo, e eu teria que pegar mais umas maçãs antes do aguaceiro.

Jana. Eu sei.

Jana você ainda tá aí?

Voltei a realidade com duas mensagens da Jana.

Eu. Tudo certo, só que agora eu tenho que ir, tenta me ligar mais tarde e não esquece de ir na casa do Alexandre tá ok?

Jana. Ótimo, deixa comigo.

Jana desligou e eu fui até a cozinha pegar a cesta e ao abrir a porta percebi que o tempo estava um pouco nublado e apenas poucos raios de sol iluminava aquele vasto aglomerado de árvores em frente a casa, percebi que amava aquele lugar, o contato com a natureza, com o ar puro e limpo, foi levando aos poucos toda a minha raiva da vida e aos poucos foi me dando força para suportar tudo aquilo, enquanto caminhava até as frutas carregando aquela cesta eu me lembrei novamente dos meus pais, tinha brigado feio com eles quando decidi me casar com um maluco, eu como uma adolescente rebelde decidi ir contra tudo e todos para ficar ao lado de um homem que eu pensei amar, mas nada disso importava mais, eu iria ser mãe e meu filho precisava de um pai, que representasse autoridade quando eu não pudesse azer isso, eu não me julgava capaz de criar um filho sozinho, embora tivesse que criá-lo ao lado de uma pessoa que não fosse sã, mas enfim é isso que se chama vida.

Ao chegar ao local arrancei uma maçã e comecei a devorá-la, eu estava amando aquele momento, ouvi um barulho na selva, me assuste, o pior de tudo é que a cada momento ele se aproximava mais.

"Meu Deus e se for uma onça? O que eu vou fazer?"

Eu comecei a ficar desesperada, eu iria ser devorada viva e o meu nenêm seria a sobremesa, gritei quando duas mãos me agarraram pela parte de trás, Ryan estava segurando aquele machado velho morrendo de rir.

-O que é isso, você tá querendo me matar-gritei.

-Calma são raras ás vezes em que alguém conssegue se divertir por aqui.

-Quer dizer que agora eu virei palhaça.

Ele enfiou um machado na árvore, notei que mais uma vez ele estava com aquele camisa que expunha todos os seus músculos bem torneados e perfeitos, antes que eu pudesse me conter minha vargina automaticamente começou a se lubrificar.

"Joana sua idiota, se controle".

-Eu não disse isso.

-Mas por meio de meia palavras deixou isso bem claro.

-Tá bom, me diz o seu marido já chegou?

-Não, eu já pedi pra minha amiga ir na casa dos pais deles, eu tô desesperada.

-Ei, não precisa ficar assim, talvez o carro dele esteja sem gasolina.

-Claro que não, o tanque estava cheio quando ele saiu daqui.

-Quando você me viu ficou mais vermelha que essas maçãs aí.

-Você me irritou, eu não posso levar susto.

-E por que não?

Meu Deus, eu quase ia entregando minha gravidez.

-Por acaso você tem problemas cardíacos?

-Não, claro que não.

-Problema de pressão então?

-Não, eu só não gosto de tomar susto, o que é eu tenho que gostar?

-Calma! Era só curiosidade.

-Ás vezes eu acho você tão incrível.

-Por que?

-Sei lá, você é uma pessoa que vive dentro de uma floresta com um machado na mão, trabalha como lenhador mas ao mesmo tempo conssegue parecer um Deus.

-Uô! Valeu pelo elogio, os únicos que ouço são os da minha esposa, mas acho que isso não me torna diferente das outras pessoas, eu sou um cara que trabalha pra sustentar sua família.

Meu Deus! Ele consseguia ser tão macho, mas ao mesmo tempo tão prestativo e carinhoso, aquele cara era um sonho.

-E depous eu não sabia que você me achava um Deus, isso tudo aqui é obra da natureza.

Não sabia que ela poderia ser tão caprichosa.

-Você pode me ajudar a terminar de colher essas frutas, eu vou fazer uma salada quando chegar-mos em casa, o que me diz?

-Salada de frutas? Eu amo.

Ele me ajudou a pegar tudo o que encontramos pela frente, ao chegarmos em casa, tinha uma caminhonete estacionada, meu Deus ele haia chegado!

HigorSilva
Enviado por HigorSilva em 25/03/2021
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