A Espera

Parte 01

Alexandre saiu de casa sem dar nenhuma explicação e isso me deixou atordoada, era tarde, umas cinco horas, e do lado de fora não havia nada mais nada menos do que um grande dilúvio, aquele aguaceiro já estava ameaçando inudar aquela casa feita de madeira que o meu marido comprou e isso me preocupava bastante, foi a primeira vez que me perguntei se tinha feito a escolha certa em abandonar a cidade, para vir morar em um pequeno sítio feito de madeira, aquela casa parecia ser bem antiga, tanto que quando chegamos o cheiro era uma mistura de morfo e livro daqueles bem antigos.

Alexandre foi até o quarto pegar a bolsa, só de pensar que ficaria sozinha naquele fim de mundo, embora ele me garantisse que seria por pouco tempo, me apavorava tanto que eu cheguei a me sentir enjoada, eu não queria ficar sozinha, fui até a cozinha tomar um copo d'água e ao ver a nossa geladeira quase vazia, a não ser por algumas frutas me motivou mais ainda a esconder meus medos de criança.

Pelo visto você não tem outra escolha Jô.

-Falando sozinha Jô?

Tomei um susto e ao me virar vi Alexandre parado bem na porta da cozinha, seu aspecto me chamou a atencão, ele estava cheio de olheras, notei isso quando ele foi se aproximando de mim e a dias que venho fazendo essa observação.

Ele me beijou, ainda abraçados olhei bem no fundo dos seus olhos.

-Problemas para dormir de novo?-questionei.

-Não, foram só duas noites em claro, preocupado com essa viagem.

-Mas não são apenas á duas noites que venho notando essas suas olheiras.

-É amor, não se preocupa, vou passar na farmácia e comprar mais remédios.

Alexandre tem problemas pssiquícos desde que nos conhecemos, á dois anos, se ele passar muito tempo sem dormir começa a entrar em pânico, tem alucinações e drogas pesadas são o que sustentam sua sanidade mental abalada.

Ele me beijou na testa e já ia saindo...

-Ei, seu animal!

Ele parou e se voltou para mim, peguei o papelzinho em cima do balcão.

-Tá aqui a lista, cê quase ia esquecendo.

-Tá, como eu sou desastrado.

-Trata de fucar bem e vê se não tem nem um surto no meio da estrada, lembra do que o psicólogo disse...

-Eu sei, respira fundo, fecha os olhos, conta até dez e diz a si mesmo que é apenas imaginacão.

-Ainda bem que você aprendeu.

Ele saiu, ouvi-o abrir a porta e fechá-la, agora eu estava ali sozinha, a chuva continuava caindo e a noite já se aproximava, olhei o relógio, já eram 6:40, subi ao meu quarto e desci com o meu laptop, eu presiva enviar mensagem pra Jana.

Entrei no mensseger:

Iai, como vai? Enviei.

Quando eu pensava que não, ela me respondeu.

Bem e vc?

Eu. Bem, na medida do possível.

Jana. Quando fala assim, já sei que algo não está nada bem.

Eu. É o Alê de novo.

Jana. Ah não! Outro surto psicótico?

Eu. Tá na beira de um, o cara não conssegue dormir á uma semana, tava faltando coisa aqui em casa e ele foi na cidade comprar.

Jana. Sério? E como você deixou ele sair assim.

Eu. Era isso ou morrer de fome, miga eu tô com o maior medo do carro capotar, ele sofrer um acidente, eu tava com um mal presságio desde quando pensamos nisso na primeira vez.

Jana. Ai, assim você me assusta, pensa positivo, que ele vai voltar com uma sacola de compras e tudo vai ficar bem.

Eu. Jana é difícil, eu acho que talvez ele nem volte hoje, á dias que eu tento ligar para os meus pais mas aqui nessa porra de lugar quase nunca tem sinal.

Jana. Complicado.

Eu. Foi a primeira coisa que o Alê me prometeu quando a gente veio pra cá, mas até agora nada.

Jana. Amiga tenho que estudar pro ENEM, tchal? Fica com Deus e procura se acalmar tá?

Eu. Tchal.

Eu conheço a Jana, quando ela tá estudando

pro ENEM não permite que nada a atrapalhe, nem sequer o desabafo de uma amiga que está a ponto de explodir com tanta coisa na cabeça, não devo deixar de aceitar que a culpa é minha por estar aqui, sem sinal, apenas com uma net fraca que na maioria das vezes não funciona, meus pais me alertaram muito, antes deu me casar com um louco como eles diziam, mas foi algo tão rápido, quando me dei por mim já estava aqui nessa casa, ainda pensando nisso me senti enjoada.

Dois dias depois, ainda me encontrava naquele maldito lugar, Alexandre ainda não havia voltado e o que mais me preocupava é que ele tenha tido um ataque, errado o caminho e se perdido, eu tentei várias vezes ligar para a polícia, mas nesse fim de mundo só tem mato, mas nunca sinal, eu estava ficando completamente desesperada, devido a isso meus enjôoos aumemtaram e eu estava vomitando todo santo dia, havia um pouco de vinagre na cozinha e isso fazia com que eu me sentisse melhor e mais aliviada, já estava indo dormir, quando deitei na cama ouvi aquele clássico barulho dos lobos uivando, ouvi um barulho no andar de baixo, meu coração quase saía pela boca, seria o Alê, desci ás escadas quase correndo, mas ao chegar lá embaixo meus olhos se enxeram de lágrimas, lá embaixo havia somente a escuridão.

Me sentei no sofá, eu não estava mais aguentando aquela situação, corri para o banheiro de novo, aquilo não era mais uma suspeita, no início eu não queria aceitar, mas agora era uma certeza, eu estava grávida.

No outro dia, eu estava morrendo de fome, a dispensa estava vazia e eu morrendo de fome, peguei uma velha cesta na cozinha e saí, ali perto havia uma vasta plantação de manga e goiaba, o que seria o suficiente para me alimentar durante essa espera angustiante, se o Alexandre não voltasse eu iria até a estrada próxima a pés mesmo e iria consseguir de uma forma ou de outra um jeito de ir no mínimo á casa dos meus pais para começar, um chuvisco começou a cair.

Quando voltei a cesa estava cheia, não esperava encontrar as frutas assim tão maduras, mas para mim foi maravilhoso, eram todas deliciosas e eu não sabia o quanto estava desejando aquilo, ouvi alguém bater e pela porta de vidro vi que era... Era um homem, segurando um machado.

Continua...

HigorSilva
Enviado por HigorSilva em 17/03/2021
Código do texto: T7209528
Classificação de conteúdo: seguro