"A lágrima que o Trovão derramou"

Corpo pálido e esguio tinha o menino, fios como nuvens e o céu no olhar. Do alto vivia isolado de tudo, mas o pior: de todos. Do alto tudo via, todos via; mas nada e ninguém estava ao seu alcance.

Para qualquer vivente aquela condição divinal seria excepcional. Ser um elemento da natureza... Mas a jovem divindade não pensava assim, porque ele vivia isso. O poder não satisfazia sua pura alma carente de qualquer coisa que não fosse a isolação.

Um dia, porém, houve uma montanha tão alta que foi capaz de poder tocá-lo... lá estava uma alma para dar-lhe um pingo de felicidade. O encontro do céu e da terra tornou-se constante. Era a primeira vez que sentia alegria, aquele deus - outrora - solitário não deixaria perder os tão cobiçados momentos que rogava.

A divindade e a humanidade unidas carnalmente.

Um escândalo.

A força da razão caiu sobre si, pois não era do agrado do Destino.

Desmoronou aquela montanha, fora reduzida a um mero cânion com o sangue de um alguém que um dia aquele deus amou. Tanta dor... Tanto chorou que encheu os vales de tristeza, que hoje escorrem às profundezas dos mares...

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 09/03/2021
Código do texto: T7203012
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