"A lágrima que o Trovão derramou"
Corpo pálido e esguio tinha o menino, fios como nuvens e o céu no olhar. Do alto vivia isolado de tudo, mas o pior: de todos. Do alto tudo via, todos via; mas nada e ninguém estava ao seu alcance.
Para qualquer vivente aquela condição divinal seria excepcional. Ser um elemento da natureza... Mas a jovem divindade não pensava assim, porque ele vivia isso. O poder não satisfazia sua pura alma carente de qualquer coisa que não fosse a isolação.
Um dia, porém, houve uma montanha tão alta que foi capaz de poder tocá-lo... lá estava uma alma para dar-lhe um pingo de felicidade. O encontro do céu e da terra tornou-se constante. Era a primeira vez que sentia alegria, aquele deus - outrora - solitário não deixaria perder os tão cobiçados momentos que rogava.
A divindade e a humanidade unidas carnalmente.
Um escândalo.
A força da razão caiu sobre si, pois não era do agrado do Destino.
Desmoronou aquela montanha, fora reduzida a um mero cânion com o sangue de um alguém que um dia aquele deus amou. Tanta dor... Tanto chorou que encheu os vales de tristeza, que hoje escorrem às profundezas dos mares...