A garota do chapéu
A tarde está calma e estou sozinho no estabelecimento. Olho com desinteresse o computador. Fortes raios de sol adentram o interior através da vidraça, banhando de dourado a parede e o chão de porcelana. De repente, ouço um leve ruído lá fora. Uma silhueta surge na parede iluminada pelo sol à minha esquerda. A sombra para por um segundo e depois segue adiante uns centímetros. Observo a porta do estabelecimento se abrir lentamente. Um braço de aspecto delicado empurra para dentro a fechadura, revelando logo após a figura de uma garota de chapéu branco listrado. Tinha cabelos claros e pele muito branca, era magra e aparentava a minha idade. Ela para à frente, olhando ao redor, e então nota minha presença. Meio desajeitado, levantei-me da cadeira e segui em sua direção a fim de atende-la. Aproximando-me, pude ver que tinha uma face juvenil como a minha. Usava camiseta branca de manga curta e calça de tecido verde. Seu estilo mesclava o clássico "patricinha" e "punk" ao mesmo tempo. Parei em frente a ela. Tinha olhos de um tom azul acinzentado que me observavam atentos. Um cheiro de perfume tão agradável e doce que eu nunca havia sentido antes, tomou o ar. Era um pouco alta, parecia ter 1,75cm ou mais. Porém não mais que eu. Tenho 1,89cm. Sua testa batia em meu nariz, e suas feições eram angelicais e sérias.
[ ] Boa tarde. - falei, um pouco inseguro.
[ ] Boa tarde. Gostaria de ver algumas escrivaninhas. Mesas para computador. - disse a garota, com o olhar baixo e a voz tão baixa que não tive certeza do que disse.
[ ] Oi? - perguntei, meio confuso.
[ ] Queria ver mesinhas de computador - repetiu ela, ainda baixo, dessa vez olhando nos meus olhos. Seu olhar era intenso, e ao mesmo tempo meigo e suave. Os cabelos claros caíam por baixo do chapéu listrado e douravam à luz do sol.
[ ] Ah... sim - respondi, distraído. Lá dentro tem umas, vou lhe mostrar.
E segui cambaleante para dentro da loja, sentindo um doce perfume me acompanhar... e um leve palpitar no coração.