Instinto Animal
Feras e seres se assemelham quando os girassóis se abrem fecundos, fazendo cumprir o desejo do corpo e da alma. Um olhar felino e selvagem de fera no cio logo no alvorecer. Ele sabe que deverá domá-la para assim perpetuar sua espécie; resta saber: quem vencerá a batalha de um instinto tão selvagem? Os corações a se desejarem ofegantes. Ela sabe da ansiedade do macho e do seu próprio desejo por quem tanto sonhara! A espera paciente em que a nudez implacável estará à disposição um do outro, num ato divino do desejo de amar. Ele roça a fera com seu corpo, braços e mãos. Ela se contorce às carícias, e seu corpo queima em labaredas ao sentir o macho excitado. A noite ainda está distante, mas para os amantes no cio, pouco importa o tempo que durará o momento tão desejado. A batalha ofegante dos corpos tem início. Ele sabe que deverá levá- lá aos céus, como macho vaidoso que é, no momento que atingir o alvo pela primeira vez: ou será ela a devoradora de seus órgãos no momento do apogeu? Fogo e paixão, atrativos perfeitos de animais vorazes, bichos de estimação, que precisam desesperadamente sentirem vencedores um do outro, numa entrega íntima de coração e alma. O macho tece os caminhos do amor e do prazer nunca antes percorridos; frêmidos gemidos soltos da garganta: - Uma deusa rara! A maçã partida ao meio, rompendo grades e violando selos de um fruto antes proibido: vencedores de todos os obstáculos! Ela o agarra com fúria sentindo os portais se abrirem no seu primeiro orgasmo. Ele sente as garras afiadas dela rasgar-lhe a carne, no momento em que o turbilhão de lavas incandescentes sucumbirá a conquista desejada. Ambos se completam, feras saciadas. Macho e fêmea vencidos pelo ato divino no qual, toda humanidade vem ao mundo. A noite chega suave e sorrateira. As estrelas chegam para verem curiosas o recomeço de um amor infindo, sedentos por quererem mais e mais. O afagar das mãos a percorrer tórax, músculos e seios enrijecidos e tentadores:-Delícias de todos os pecados! Rolam em palco aberto, tendo somente o céu como limite de seus prazeres revoltos. Ela novamente será preenchida e ele instintivamente a abraça fortemente. Gestos e movimentos sensuais dispostos a repetirem o primeiro ato e os corpos se encaixam numa felicidade apaixonante de carícias. Ela mais uma vez se fez mulher, fêmea realizada em todos os sentidos. Ele, o macho vigoroso, bicho vencido no combate. A noite vai aos pedaços, e o dia escancara no horizonte cumprimentando guerreiros alados, revelados intimamente um para o outro. Feras dispostas a se abrazarem em Chamas, num recomeço voraz de sedução e paixão. Ela, desejosas de sentir novamente as garras do seu animal percorrer mágica seus caminhos tão tentadores... Ele, lobo voraz a espreita, num desejo íntimo de sentir seu membro se erguer a uma nova empreitada. - Que diremos nós, de seres tão apaixonados? O amor falará por si. Contudo, os sóis desses pequenos selvagens sempre renascerá abrasivo, em raios cintilantes a cada desafio de paixão, amor e desejo, realização incontrolável do prazer da carne, sejam eles homens ou animais.
De: Rodrigues Paz
(Autor)