No amor: não vá com muita sede ao pote

Em um belo reino encantado, havia uma donzela, (não tão donzela assim), que num certo dia nublado pensou em alguém lá detrás. Pediu a sua fada madrinha que esse alguém lhe desse notícias, e ela com sua varinha de condão atendeu ao seu pedido. Mas a fada lhe advertiu: não vá com muita sede ao pote, pois ele pode transbordar.

A tal moça acostumada a receber de sua fada madrinha bons presentes (alguns não tão bons assim), desta vez não seguiu seu conselho, e assim como seu pedido foi atendido, também, como num passe de mágica, como ela lhe havia advertido, o pote transbordou. E aquele que veio, se foi.

Reclamou à fada, mas nada adiantou, pois pedidos podem ser feitos apenas uma única vez, pelo menos nesse reino encantado, e assim aquela donzela aos poucos se conformou.

Num certo dia, quando o azul do céu se mescla com o dourado do entardecer, pediu ao jovem galante (já não tão jovem assim) que lhe oferecesse amizade e ela, ao ver sua resposta, mais uma vez, intempestiva que é, foi com muita sede ao pote, e como num passe de mágica, ele também transbordou. Não sabe se amizade é algo diferente do que ela imagina ser. Nenhuma palavra no ar. E assim como ele veio, se foi.

Frente a tudo ao que lhe aconteceu, teve que tirar uma lição, pois a vida, essa vida vivida, mesmo nos contos de fada, nem sempre oferece opção.

Neste dia então, entre o dourado do entardecer e o brilho da lua cheia, e da luz intensa de uma pequenina estrela que ainda teimava em brilhar, aquela sonhadora donzela entendeu que nada se deve esperar. A espera gera expectativa, que às vezes tende a frustar.

O fim da história? Ah, ainda não se pode escrever, pois entre o céu e terra há muitos e muitos mistérios e quem sabe o que pode acontecer? Uma bela amizade, um encontro, um café, um novo reencontro de amor...? Aí, só o tempo dirá. Pois nesses contos de fada podemos conhecer bem o cenário e até o clímax onde se desenrola a história, mas o fim depende do autor e do leitor, das intenções que se entrelaçam, e aí só o tempo pode falar!

MiriamS
Enviado por MiriamS em 03/06/2020
Reeditado em 13/06/2020
Código do texto: T6966603
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