LUNA MIA - dedicado à poetisa Luna Mia
Luna Mia, minha, sua e de tantos carentes, mulher de fibra com DNA de solidariedade, a palavra que melhor a definiria seria, doação.
Nasceu em berço de amor, sem ouro ou prata tampouco ilusão, Luna Mia sempre soube que teria que guerrear para sobreviver. Travou batalhas inglórias, alçou voos inimagináveis para alguém tão humilde e se analisassemos o restante de sua família, ter se graduado em História fora um enorme realização e motivo de muito orgulho para sua família.
Luna Mia, amava história antiga, se imaginava Cleópatra, Nefertiti, Maria Antonieta, Joana D'arc, todas mulheres fortes embora não tivessem a solidariedade como tônica de suas vidas, mas, Luna Mia buscava nelas a garra para seguir em frente.
Sua senda de doação se iniciou mesmo quando em seu lar, sobrava amor e faltava o pão.
Um dia no auge de seus seis anos de idade, a menina viu sua vizinha, enrolada numa toalha, pois sua única muda de roupa estava secando na corda. Sem que ninguém lhe pedisse e seguindo um raio de luar, que aparecia para ela...apenas para ela...de vez em quando, foi de casa em casa na rua debaixo de seu bairro, onde residia a classe rica, pedindo roupas para uma mulher. Ela tão pequena e magrinha, não pedia alimento ou brinquedo para si e sim para outro necessitado. Seu sorriso simpático era encantador, facilmente angariou até mais do que podia carregar. Um velho carroceiro, o Seu Olavo de bom coração resolveu ajudá-la, fazendo o carreto do que ela conseguira, na maioria roupas e alimentos, mas, também alguns poucos brinquedos em bom estado.
Sua mãe Esther já estava preocupada com seu sumiço, mas, a alegria que encheu seu coração com a atitude que a filha teve, a fez pensar...sua educação estava correta e Deus lhe concedeu uma benção de ouro, Luna Mia.
Agradecida ao carroceiro, Esther lhe ofereceu seu alimento mais caro, café com gratidão.
Luna Mia, pediu para a mãe escolher algumas roupas que coubessem na vizinha Dona Lilian, que quando viu aquele pingo de gente, chegando arrastando uma bolsa quase do peso dela com roupas e alimentos, a mulher chorou muito abraçando seu anjinho de guarda. Tudo que arrecadou Luna Mia dividiu, deixando em sua própria casa apenas o essencial para a semana e roupas eles tinham e como outros precisavam mais, todas as que angariou foram doadas, sempre seguindo seu raio de luar.
Assim foi a trajetória raio de luar de Luna Mia, adolesceu estudiosa e farta de ternura, solidária em cada segundo. Chegou ao ensino médio provocando discussões, incentivando debates visando ações solidárias, a chamavam de 'Luna de Todos' tamanho era o seu empenho para ajudar os 'frascos e comprimidos' à sua volta. O reconhecimento vinha e ela não puxava o freio, sempre motivando outras pessoas para se solidarizarem com outras pessoas.
Pensou tanto nos outros que de si mesma esqueceu. Sua pequena família foi para ensinos superiores divinos, cedo demais. Ela própria não constituiu família, gerou apenas emoções mágicas para tantos carentes.
Luna Mia amadureceu e envelheceu rápido, por falta de cuidado adoeceu gravemente. Como a terra era sua força, nela foi plantada, como se uma linda flor fosse, sob os aplausos de centenas de agradecidos. Reza a lenda urbana, que seu túmulo sempre está iluminado pela Lua, nos horários mais diversos dos dias e alguns juram de pés juntos, que passar por ali é sentir cheiro de baunilha, o perfume dos anjos. Lenda urbana ou não...não é impossível de acreditar.
*Imagens - Fonte - Google
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*flor de baunilha (istockphoto.com)