Uma noite inesquecível II

Anos se passaram. No começo mantiveram constante contato, mas depois, não sabendo exato motivo se afastaram.

Por coincidência do destino se encontraram nesta noite. Nada havia permanecido igual. As pessoas, os desejos, os sonhos, tudo se misturou bastante e ninguém é capaz de explicar o quão difícil foi para Valentina encontrar Gustav.

Ambos representando suas novas instituições de ensino encontraram-se em um congresso. A noite não estava bonita, a lua permaneceu escondida entre as nuvens vazia, com certeza não choveria naquela noite.

Valentina, chegou primeiro. Tudo era muito estranho. Sentia uma ansiedade enorme a dominar. Com as bochechas ruborizadas sentia-se ansiosa para revê o grande amigo. Milhões de sentimentos a atormentavam. As mãos frias, o corpo tremulo consigo pensava: - será que ele recorda daquela noite? e de todas as outras virtuais?

Olhava para o céu, olhava o relógio e conversava com algumas pessoas e não conseguia disfarçar a ansiedade para logo encontrar aquele olhar estonteante que só Gustav detinha.

Andou pelos corredores, retocou a maquiagem, arrumou o cabelo, olhava constantemente o relógio e nada de chegar o tão querido amigo.

De repente, no silêncio daqueles corredores de pouca iluminação ecos da voz de Gustav surgiu. Valentina, rapidamente sentou-se e ficou observando uma única estrela que habitava aquele solitário céu vazio. Esperou um pouco e percebeu que multidão de pessoas que estavam cumprimentando Gustav talvez não tenha permitido que ele tivesse a visto.

Juntando os ligamentos de atitude que ainda possuía, levantou-se e caminhou delicadamente até juntar-se a multidão que o abraçava e parabenizava pelas grandes pesquisas desenvolvidas.

O olhar dele estava habitado por uma escuridão estranha. Talvez tenha sido uma interpretação falha. Mas, apenas se olharam vagamente, cumprimentaram-se, abraçaram-se fortemente. Contudo com a chegada de outras pessoas o abraço foi rompido abruptamente.

Logo após entraram para a sala. Gustav não podia desvincular sua atenção pois iria apresentar a pesquisa de uma vida toda. Mas, Valentina que estava apenas como representante/ ouvinte pode observa-lo por toda a noite de forma discreta sem que as outras pessoas percebessem.

A forma como vestia-se era a mesma. O corpo estava delineado pelas mesmas curvas. A boca, delicada e marcante. Os olhos um pouco entristecidos, mas ainda lindos. Valentina, olhava para aquelas mãos que se mexiam incansavelmente como se procurasse algo, ou esboçasse uma certa ansiedade. Nada de concreto pode concluir. Mas o olhava minuciosamente.

Era triste concluir que as lembranças do ultimo encontro só permaneceram vivas na memória belíssima mulher. Cada vez que os olhos se encontravam, Gustav mudava a direção. Todas as apresentações saíram e no final foi o mesmo tumulto de pessoas tentando falar com o grande pesquisador Gustav.

Valentina, se despediu mas ficou caminhando lentamente nos corredores esperando que ele pudesse ter um minuto para conversar com ela. Encontraram-se no mais escuro de todos corredores, por instantes ambos os olhos puderam-se encontrar, porém, Valentina não viu verdade. Parece que todas as conversas não passaram de lascividade instantânea. A conversa parecia ter um tom de magoa por ambas as partes e logo foi interrompida. Mentalmente, valentina só clamava por uns segundos a sós com ele, porém foi impossível.

Não houve nada. Tudo permaneceu da mesma forma, sem nome, sem intitulação e parece que esse é o fim da história. Sem rotulação alguma, começou e desta forma chegou ao fim. Há amores nesta vida que jamais poderão serem vividos.

A flama deteve-se em um olhar vazio ao poder abraçar aquele que nem mais podia intitular, só podia dizer que revê-lo fez a muito bem. Com um singelo abraço, e um beijo entre os cabelos ainda longos de Valentina despediram-se talvez para sempre.

BranquelaAquarela
Enviado por BranquelaAquarela em 20/12/2019
Reeditado em 20/12/2019
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