Doce Rose

Trabalhava freneticamente após o expediente. Meu chefe disse que não iria pagar pela hora extra, eu disse que tudo bem. Meu pensamento estava apenas na doce Rose. Por este motivo, precisava adiantar o máximo possível daquela lista de produtos automotivos que haviam acabado de chegar. Meu papel era simples: cadastrar as notas fiscais no sistema para os mesmos ficarem disponíveis. Era simples e compacto, porém minha cabeça viajava para longe. Muito longe...

Rose era diferente. Lembro que a levei para tomar um suco em uma tarde de domingo, foi a nossa primeira vez juntos, digo pessoalmente. As conversas virtuais se estendiam até as 4 da madruga, às vezes até mais, o pior disso tudo era que eu trabalhava no dia seguinte. Ia parecendo um zumbi, passava em uma loja de conveniência perto e comprava alguns energéticos para ter um pouquinho de dignidade. Valia a pena, sempre valeu por Rose.

Ela me olhou naquela tarde, lembro daqueles olhos castanhos escuros, tão profundos, com tantas histórias pra contar.


- Você está me deixando um pouco envergonhada me olhando deste jeito, Luke.

- Perdoe-me, eu só parei no tempo enquanto observei seus olhos, são realmente lindos!

" ai eu confesso que dei uma cantada "

- Tudo bem, vamos tomar aquele suco de maracujá que tanto disse? Assim você pode me falar um pouco mais de sua vida.
- Claro, Rose! Fica na lanchonete ali em baixo.

Papo vai, papo vem. Eu realmente estava encantado. Ela prestava atenção em tudo que eu dizia. Mostrava um interesse que nunca vi em nenhuma das pessoas que havia saído antes. Fiquei impressionado. Passamos o dia falando sobre planos, carreira e vontades pessoais.

Já passava das 20 horas, estava escuro. Eu quis ser gentil...

- Você se importaria se eu te levasse em casa? O céu já escureceu, é perigoso andar por aí a essas horas.

- Eu vim de ônibus, moro um pouco longe. Acredito que não seja necessário Luke, não quero gerar nenhuma complicação pro seu lado.

- Insisto, Rose! Pelo contrário, será muito bom pra mim, adorei sua companhia.

- Olha, depois não diga que eu não avisei. Tudo bem.

O caminho foi longo, mas a resenha compensava tudo. Demos muitas risadas no carro, ela me contou que tinha medo de certas coisas e eu me vi na posição de contar minhas intimidades também.

Após a viagem, parei o veículo na frente de sua casa.

- Olha Luke, obrigada por hoje, de verdade! Fazia um bom tempo que não me sentia feliz, alegre e viva de verdade. Te agradeço.

- Eu que agradeço. Você é linda, por dentro e por fora. Estou muito satisfeito com todos os planos que fizemos hoje. Deixa eu abrir a porta do carro pra você.

- Não precisa.
- Eu faço questão, Rose.

Na porta de sua casa, olhei fixamente para os mesmos olhos profundos e tentadores, olhei um pouco para baixo e vi aquela boca perfeita. Os traços pareciam de pincel. Travei.

- Olha, se a sua intenção é me deixar com vergonha, você está conseguindo de maneira exemplar. Por favor, estou toda vermelha.

- Eu não consigo para de ver essa beleza toda que tens, me perdoe, mas estou delirando por dentro. Será que seria pedir demais, um doce beijo?

Não estava me segurando, resolvi abrir a boca e mandar a real sobre o que estava pensando.

- Bem, eu acho que sim. Quer dizer, por que não?

Neste momento, me aproximei lentamente de Rose, coloquei minhas mãos levemente sobre sua cintura e a beijei de maneira leve, sem pensar no amanhã. Parecia filme, tudo foi perfeito. Ela sorria enquanto me beijava e eu podia sentir sua respiração forte.

Logo após o beijo, ela me agradeceu meio sem jeito e entrou. Voltei para casa com a música no último volume buzinando na rua como se fosse o homem mais sortudo do mundo, e eu era.

Duas semanas se passaram. Eu preciso adiantar todo esse trabalho. Ao final da semana, Rose me espera. Eu a convidei para jantarmos em um restaurante perto de minha casa. Mal posso esperar para sentir todos aqueles sentimentos ao mesmo tempo, mal posso esperar por você, doce Rose.


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