Aquela manhã (pt3)
À noite nós 3 saímos para um dos melhores restaurantes da cidade, já faz um tempo que não como sushi. Luísa, fazendo sucesso onde chega, já fez amigos. Amigo. Sim, eles estão se beijando. Victor tá tentando não dar muita importância a isso. Impossível, tá um clima realmente constrangedor.
-Eles têm uma cobertura, quer ir pra lá? -Graças a Deus ele concordou.
-Aqui é bem bonito. -Ele sorri.
-Normalmente venho só, gosto de ficar pensando, poucas pessoas sentam nas mesas daqui de cima porque faz frio, e é por esse mesmo motivo que eu venho. -Olho pra ele e percebo que tá observando as luzes da cidade, sei também em que tá pensando.
-Não vou mais ser transferida.
Começo a explicar o motivo, seria eu ou outro Major, a diferença é que ele tem família lá, não seria justo eu tomar o lugar dele. Victor concorda, ainda pensativo.
-Não vamos falar sobre? -Perguntei depois de lembrar do beijo.
-Eu lembro que uma vez você me disse que a vida não era um romance, e a gente não deveria fazer com que ela virasse um, caso contrário seria mais voltado pra aqueles dramas e é por isso que você sempre preferiu ler esse tipo de gênero. A gente se beijou, eu gostei muito, não posso dizer que não senti nada e nem que não sinto agora. É só que nunca entendi, mas agora eu vejo, não daríamos certo juntos. Eu te beijei e o que? Eu esperava que você me pedisse pra ficar? Cômico, não? Mas não esperei, nem espero. Mas nao nego que a amo, não sei em qual sentido. -E ele volta o olhar para as luzes. Dou um abraço nele. Amadureceu bastante, isso é bom. Mas não posso dizer que eu não queria que a gente desse certo.
Ah, como queria.
-Eu gosto que pense assim. Também amei você, amo e sei em qual sentido. Mas sim, nada seria a nosso favor. Eu gosto da nossa amizade, sei que ela permanece, com ou sem a distância, e independe também do tempo. Mas nunca te pediria pra abrir mão da sua vida lá e ficar aqui. -Ele me abraça mais forte, me beija novamente e ri, ri muito.
-Mary, você continua incrível. -Eu ainda não entendendo o motivo do riso, apenas reviro os olhos.
Voltamos para o andar de baixo, Luísa está se despedindo do seu "amigo", pagamos a conta e saímos em seguida.
-Você vai acompanhar a gente até o aeroporto amanhã? -Ela pergunta como se eu tivesse outra alternativa, me mataria se não fosse.
-Vou sim. -Sorrio para eles e saio.
Assim que chegamos no aeroporto, já ouvimos o aviso de que eles já iriam embarcar. Luísa se vira pra me abraçar e nos deixa a sós.
-Foi bom te ver, Victor. Pena que por pouco tempo.
-Sim, só não conheci o seu quartel, espero que me mostre quando eu voltar, se é que permitem visitantes.
-Voltar? -Ele pretende voltar, isso revira meu estômago
-A Luísa não deixou ninguém falar quando você perguntou o que a gente tava fazendo aqui. Eu fui promovido e vou finalmente trabalhar diretamente com o que cursei, e só há um lugar que tem vagas para o meu setor no momento, onde estão precisando com urgência. -Em seguida começa a rir, e eu paralisada.
-Sim, Mary. Vou morar aqui. Agora tenho que ir, gostei da cidade. Beijo. Espero que a distância dessa vez não seja um problema. -Ele se vira e entra no avião.