UM OLHAR E O AMOR

Ela uma bela garota de catorze anos, de pouca conversa, criada pelos avós, rígidos, tornou-se dona de casa muito cedo.

Não tinha nenhuma regalia, cuidava de todo serviço da casa e ainda de alguns animais do sítio onde moravam.

Era menina, para a época que vivia. Estavam na década de sessenta.

Quando em uma ocasião triste, ela vai com sua avó a um velório e conhece alguém que jamais imaginaria o que poderia acontecer.

Aproxima-se dela aquele rapaz, bonito, forte e pergunta-lhe:

_Qual seu nome?

_Maria, responde ela.

Ele diz: Sou Pedro.

Ela dá um sorriso meio sem graça e conversam um pouco.

Na casa de Maria seus avós sempre rezavam o terço em louvor a algum santo, eram muito religiosos e haviam marcado para fazerem um terço festivo de São Sebastião, neste terços sempre convidavam a vizinhança que convidava outros vizinhos e enchiam a casa de pessoas entusiasmada que cantavam vários hinos de louvores.

Foi quando ela convidou Pedro para que fosse para o terço em sua casa. Ele ficou todo feliz!

Para ele não chegava aquele dia para encontrar com Maria novamente. Tinha gostado dela, achou ela muito bonita.

De fato ela era bonita!

Contando os dias para que chegasse aquele momento, em um dia de domingo, Pedro está na feira e encontra-se com Maria e como desculpa, pergunta-lhe: _ Quando vai ser mesmo o dia do terço em sua casa?

Ela um pouco arisca, responde-lhe: _Que terço?!!

Ele ficou todo assustado com a forma que ela respondeu.

Pensou: _Nossa, acho essa não vai ser fácil!

Sua amiga toda gentil, a lembrou que ela o tinha convidado para o terço que seria em determinado dia. E que aquele rapaz era o que ela havia conversado no velório.

Ah, respondeu Maria, confirmando o dia.

E a partir dali, aquele rapaz de vinte anos estava apaixonado por aquela menina de catorze anos.

Ele toma coragem e pede a seus avós a mão de Maria em namoro.

Ele estava encantado por Maria.

Enquanto ela não estava tão entusiasmada, mal ele saia de sua casa, ela ia brincar com suas bonecas, para ela era seu melhor momento.

Sua avó era alcoviteira, para ela estava na hora de Maria casar-se, já havia encontrado um bom rapaz, não teria porque não casarem-se.

Assim se deu, depois de um ano e meio marcaram a data para o casamento. Foi uma cerimônia simples com poucos convidados.

Depois de um ano nasceu a primeira filha que deram o nome de Marta, o xodó de todos, era a primeira neta de ambos os lados.

Tiveram sete filhos no total, cinco meninas e dois meninos. Sobreviveram apenas duas meninas, que foram criadas com muito esforço financeiro, mas com todo amor e dedicação. Seus pais dedicaram toda sua vida a elas. Estudaram e formaram-se em curso superior.

Depois de cinquenta anos de casados o amor ente os dois continuam muito forte. Pedro já não anda mais por vários problemas de saúde e Maria continua ali do seu lado dedicando todo carinho.

Nenhumas das filhas se casaram e também não lhe deram netos, mas elas dedicam toda suas vidas aos pais.

Uma família invejável! Assim eles escutam vizinhos e parentes falarem.

Decididamente o amor não escolhe local para acontecer.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 03/07/2018
Reeditado em 27/05/2020
Código do texto: T6380609
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