Réveillon - Visão dela
Era ano novo, tinha de sair para algum lugar, então resolvi aceitar o convite para ir à festa na casa de um amigo. Seria chato ir sozinha, ele estaria ocupado com os convidados e não sou lá muito sociável. Tive de convencer a Carol a ir comigo, nem foi tão difícil. Vesti um belo vestido e minha bota favorita. Peguei meu lindo Bel Air 57 que chamo carinhosamente de Hammy (o nome dele é Hamlet) e fomos para a casa desse amigo. Fiquei sentada na mesa junto com a Carol que não estava com o melhor dos humores, mas quando vi os olhos dela brilhando olhei ao redor pra ver o que seria. Entrava na sala dois homens lindos, não consegui tirar os olhos de cima do mais alto, porém de forma discreta.A Carol resolveu ir ao banheiro, me vi ali sozinha no meio de um bando de desconhecidos, então resolvi ir dá uma volta. Na hora em que levanto da mesa, meu amigo vem com o rapaz alto e bonito.
-Então, amiga, esse é o Tomás. Ele é gato, talentoso e ‘tá’ solteiro.
-Quanto você já bebeu? - Perguntei ao meu amigo.
-Quase nada! Tom, meu lindo, essa é Alana. Grande amiga. Uma fofa, algumas vezes pelo menos. É gata, como dá pra ver, talentosa (apesar de nem sempre conseguir enxergar isso), gosta de Shakespeare. Até deu o nome do carro de Hamlet. Não... Como você o chama mesmo?
-Hammy!
-Hammy!! Viu além de tudo é espirituosa...
-‘Tá’ bom né Brad?!
-Sorry! Acho que ‘tô’ falando demais. Melhor ir e deixar vocês conversando, mas depois quero que me contem detalhes.
-Ele é meio exagerado. – Falei tentando não parecer tão envergonhada quanto me sentia.
-O nome do seu carro é Hamlet mesmo?
-Sim. O apelido dele é Hammy!
-Isso é curioso.
-Sempre gostei de dá nomes pras minhas coisas favoritas. E adoro meu carro. De onde conhece o Brad?
-Estava em uma festa uma vez e ele veio falar comigo assim do nada. Acabou me convidando pra essa festa junto com o Chris, um amigo meu. E você?
-Bem, de certa forma o mesmo. Em uma festa veio falar comigo e logo ficamos amigos. Ás vezes, ele ajuda a mim e uma amiga com essa web série que temos.
-Web série? Sobre o que?
-Duas amigas que moram juntas, é um sitcon. Graças ao Brad encontrei um bom curso de fotografia e atuação pra melhorar minhas habilidades na série.
-Isso é bem interessante. São apenas vocês duas?
-Sim. Fazemos tudo. Escrevemos, atuamos, dirigimos e até editamos. Na verdade cada uma faz uma coisa, mas como sempre pegamos a opinião uma da outra prefiro dizer que as duas fazem tudo.
-Entendo, então...
Nessa hora chegou uma garota linda, loira de olhos azuis. Ela falou com ele como se eu não tivesse ali. Bom, eu não teria a mínima chance nessa competição, então resolvi sair de perto. Falei com um e com outro até chegar à porta que dava para um lindo jardim. Fui até a piscina e sentei numa dessas cadeiras de tomar banho de sol, fiquei ali não sei exatamente por quando tempo entre olhar o céu e sonhar. Até escutar uma voz:
-Já é quase meia-noite. Imaginei que quisesse um champanhe.
Levei um susto enorme, era o Tom, nem acreditei que ele deixou a vaca, quer dizer, a mulher loira pra vir me oferecer champanhe. E que sorriso mais lindo esse dele.
-Obrigada! – Digo recebendo a taça de sua mão. Ele senta na cadeira ao lado.
-Aqui é muito bonito.
-É sim. Essa piscina com essas plantas e esse céu. Cenário perfeito!
-É uma bela vista realmente. – Ele diz olhando pra mim que fico vermelha. – Não está com frio?
-Sim, um pouco.
-Gostaria de usar minha jaqueta?
-Se não for nenhum incomodo.
-De forma alguma. –Tira a jaqueta e coloca em mim.
-Obrigada. Eu adoro frio, mas já estava começando a incomodar. Só que não queria entrar.
-Por que fugiu da festa?
-Principalmente, por ter olhado pela vidraça e ter visto esse cenário. Como poderia resistir a passar a virada de ano nesse lugar?
-Mesmo sozinha?!
-Bem, o Brad está com vários convidados, a minha amiga está por aí em algum lugar, aposto que bem ocupada e você estava com uma loira grudada no pé. Então só restou minha doce companhia.
-Ela foi bem inconveniente não é?
-Parecia que eu nem estava ali.
-Ela está um pouco altinha.
-Quem dizer bem bêbada não é?!
Nós rimos, ele tem uma risada engraçada. Quando paramos ele fixou seus olhos nos meus, fique bem encabulada e desviei o olhar, mas não me contive e voltei a olhar. Ele levantou se postou ao meu lado, estendeu a mão para me ajudar a levantar.
-Me concederia esta dança?
-Claro.
Levantei e começamos a dançar a música: 'Young and beautiful'. Fiquei ali nos seus braços, sentindo seu toque, seu perfume... Nem sei bem como aconteceu, mas quando notei estávamos nos beijando.
-Como é doce o sabor do seu beijo. – Disse ele.
-O seu também não é ruim. –Falei sorrindo. – Entretanto, preciso de um pouco mais para ter certeza.
Enquanto nos beijávamos deu meia-noite.
-Feliz ano novo! - Disse ele.
-Ele começou muito bom. Feliz ano novo!
Nós nos beijamos (mais), conversamos, rimos muito... Já estava com dor no pé e sentamos. Deitamos na cadeira e as mãos começaram a dançar no corpo um do outro. Quando estava ficando quente, achei que seria melhor parar, nãos que não quisesse ir até o fim, mas não conseguiria.
-Tom!
-O que houve?! Algo errado?
-Errado não. Só que... Acho melhor pararmos por aqui. Desculpe, mas acho melhor ir pra casa.
-Oh! Claro. Não. Você me desculpe. Venha eu te levo.
-Não precisa, estou de carro.
-Então me dê uma carona, porque vim com o Chris e, bem, acredito que não queira ir embora tão cedo.
-‘Tá’ bem. Vamos.
Resolvemos sair de forma discreta, apenas pegamos nossos casacos. Ainda vi a garota loira dormindo no sofá, enquanto outro casal se pegava ao lado dela. Quando o Tom viu meu carro ficou doido.
-Ual! Esse é seu carro?
-Sim, esse é o Hammy.
-É um belo carro.
-Hammy, Tom. O nome dele é Hammy.
-Ok. Desculpe. O Hammy é muito bonito.
-Obrigada.
Parei na porta do hotel em que estava hospedado e lhe dei um beijo de despedida, ele pediu meu número e disse que foi uma noite muito especial, foi tudo perfeito e quer muito me rever. Concordei, ele entrou no hotel e eu fui para casa tão contente como nunca estivera na vida. Apenas desejando vê-lo novamente.