Ideia para um filme

Marcelo parece olhar para os ônibus que passam cheios, mas está perdido em pensamentos, questões práticas, como o projeto que precisa revisar ou se teria tempo de ver o jornal. Passam talvez 5 minutos antes que possa se juntar a pequena fila de passageiros.

A caminho de casa, ele vê a rua, mas alguém mandando uma mensagem no celular lhe chama atenção, ele observa, é pego, nunca conseguia disfarçar.

O aluguel agora é a preocupação de Marcelo que finalmente pode ocupar um lugar sentado , o cansaço é mais forte e ele não resiste, e adormece vendo uma propaganda, já sem pensamento algum.

Dominado pelo sono, ele esbarra duas vezes no ombro de Clara que se incomoda, não bastassem as oito horas ouvindo clientes chatos, tendo que parecer simpática quando se via bem longe dali. Sacudiu o ombro afastando o desagradável passageiro.

Ao pagar outra passagem, lembra novamente do aluguel e, já sem sono, decide procurar outro emprego, enquanto olha pra cima, sentindo o vento de uma chuva que se anuncia.

***

A chuva do dia anterior deixa pequenos obstáculos na calçada, preocupado com o horário ele parece um competidor ao superar as poças, mas não o trânsito que àquela hora já tomava a rua como um exercício de paciência e tolerância.

Alguém puxa uma conversa:

_ O que será que aconteceu?

Sem vontade , Marcelo responde:

- Não sei.

E como saber o motivo não ajudaria em nada, colocou o fone e se deixou mergulhar na música. Ao se deparar com uma obra o ônibus toma um caminho alternativo despertando Marcelo.

Ao cair em si, tenta reconhecer o novo caminho sem sucesso. Enquanto espera o chefe atender, e encosta no ombro de uma moça:

_ Como faço para chegar na Avenida Central ?

Clara, a princípio fica irritada por uma pergunta tão direta sem um " bom dia" mas ele talvez estivesse atrasado para uma reunião importante, enquanto Clara explica, ele tenta fazer um mapa mental, mas desiste e pergunta a observando pela primeira vez:

_ Você vai pra lá?

Câmera mostra o rosto de Clara que gostaria de acompanhar aquele moço apressado e meio perdido, mas precisava esperar outro ônibus. Marcelo agradece e sai amaldiçoando aquela obra, mas lembrando também do curioso piercing na sombrançelha de Clara.

A imagem mostra Marcelo caminhando sozinho pela obra do dia anterior ainda tentando relembrar o caminho, agora com uma pesada mochila de livros para vender a um sebo ali perto.

Decidiu também comprar o jornal para olhar os classificados enquanto o jornaleiro falava algo sobre futebol com o cliente do lado. À medida que caminhava, decidiu tentou não pensar em projeto ou aluguel, através do desvio talvez também ele achasse uma nova forma de furar a rotina.

Mas após 10 minutos de caminhada se deparou com sua mesa: real e implacável.

***

Clara preferiu a salada enquanto folheava um processo, mas era um caso fácil, pensou, confiante. Um desconhecido sorriu e sentou ao seu lado, já estava acostumada e, como sempre, pensou que poderia almoçar em um horário alternativo.

Administrava bem seu tempo e sabia que poderia tomar um café que tornava aquele final de almoço, fora alguns pequenos incidentes que a irritavam o dia parecia bom.

***

A barca saía às 17:30, entrou, mas preferiu ficar ao ar livre, bebendo uma cerveja e, dando uma trégua a si mesmo, sentou, Clara sorria e tropeçou naquele rapaz meio triste, o observou e apertou os olhos como se já ...

heacr
Enviado por heacr em 22/08/2015
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