Não Era uma vez. Mas já foi.
Há duas noites que repouso a cabeça no travesseiro e mantenho os olhos abertos até o sol acordar. Não que isto seja proposital, e não que eu tenha a oportunidade de ver a graça do corpo celeste sobre a terra. Sinto cheiro de flores murchas invadindo meu nariz, sinto aqueles malditos insetos enroscando suas patinhas no meu paletó enquanto eu os espanto. Quem sabe se as noites em claro passassem a ser escuras, calmas e pacíficas como outrora foram. Hoje mal posso mover-me, quem dirá permitir que eu permaneça em desespero com esta ínfima quantidade de oxigênio que me cerca. Sinto frio. Mas não existe calor a sete palmos abaixo da terra.
Dizer que a minha estadia por essas bandas tenha origem naquela que detinha meu coração é uma maneira superficial de contar a minha história. Contos de fadas. Quem dera a vida fosse um. Mas a minha não Era uma vez. Aliás, deixou de ser uma vez faz tempo. A quem ainda estiver por aqui lendo meus devaneios, permaneça mais um pouco. Vou contar-lhe o que aconteceu.
Retornemos exatos três anos no passado, a partir de hoje.
(Continua)