Depois de mais um fim

Um dos meus maiores defeitos é a impulsividade. Não é sempre que eu penso antes de agir – isso não faz de mim uma inconsequente, é importante deixar claro –, mas às vezes deixo a emoção falar mais alto do que a razão.

Talvez porque eu tenha sede de viver, ou simplesmente porque eu ainda acredite em príncipes-não-encantados.

Ironicamente, depois do fim de mais um relacionamento, peguei-me pensando pela milionésima vez: acho que tenho grandes chances de ficar sozinha mesmo.

Não, não é drama, tampouco uma triste constatação. É só uma ideia que passa pela minha cabeça frequentemente.

A sociedade exige do ser humano, principalmente da mulher, a realização de alguns clichês universais que são, basicamente, casar, ter filhos, ser uma excelente dona de casa, especialista em cozinha e ter disposição para atividades extras.

Tenho me perguntado se esses sonhos também são meus.

Eu perdi um pouco do romantismo depois das cabeçadas que conquistei ao longo dos meus pouquíssimos anos de vivências e pelas muitíssimas observações que fui obrigada a fazer.

Bem, sim, eu gosto de flores e ainda quero receber uma carta recheada de versos sinceros escritos à mão. Mas… e daí?

É verdade também que cada vez que pego uma criança no colo, imagino-me segurando meu filho nos braços, mas… e daí?

Há quem diga que só não encontrei a pessoa certa ainda, é uma excelente justificativa. Chega até ser reconfortante. No entanto, às vezes penso que só não sei namorar mesmo. Sabe, essa coisa de “eu te aceito assim”, “você me aceita assim” e “seremos felizes para sempre assim” não cola mais. Porque eu não me aceito assim e quero sempre mudar, quero sempre melhorar, quero sempre evoluir – e isso não significa que eu queira ser a melhor em tudo, tampouco a melhor do mundo em alguma coisa.

Por conseguinte, eu cobro do outro tudo aquilo que cobro de mim: cresça, evolua, mude o que for preciso para viver bem consigo, melhore amanhã e sempre.

Então, eu diria que é difícil me acompanhar – porque até eu me perco, tentando me encontrar.

É difícil acompanhar meu humor, compreender minha ira, minha ansiedade, minha intensidade, minha impulsividade – porque até eu não me aguento de vez em quando.

E, como diz o ditado, quem muito escolhe, acaba escolhido. Portanto, por ora, talvez seja melhor eu não fazer parte das alternativas.