O Rei Coração de Pão
Quais eram os sonhos quando atormentado o Rei Coração de Pão nos anteparou na estrada para Millas?
"Fortemente adornado de riquezas seu coração se enchia de fermento e em uma ilógica atitude ordenou que lhe dessem um jarro de leite, e assim o súdito com tamanha curiosidade perguntou o que um rei tão rico faria com um jarro de leite, com toda sua imponência e voz de trovão respondeu lhe que era para alimentar os famintos com seu coração, pois ele apenas pararia de inchar se ele alimentasse os combalidos com a mesma ternura que o gerou se não morreria sufocado".
Parte I – O Coração de Pão
Pegando a estrada para o norte José esperava chegar ate a Cidade de Millas antes de anoitecer onde aprenderia o oficio de fazer pães com o reconhecido mestre da cidade chamado de O Coração de Pão, mas havia um problema pensava com ele que aquele homem servia os reis e rainhas e jamais daria atenção para o sonho de um pastor, pois seu pai quando jovem um pouco mais velho que ele havia viajado uma única vez para a cidade que enquanto caminhava distraído pelas vielas não percebeu a charrete que vinha em sua direção e sem menos esperar lá estavam dois cavalos bufando em seu cangote pronto para pisoteá-lo, ate que o cavaleiro que estava logo atrás avistou o desastre e sem pestanejar acelerou o cavalo passando pelos demais e agarrou o braço do garoto arremessando para longe, não sabia se tinha salvado ou ajudado a matar o jovem, viram que antes de sair rolando após o golpe seu corpo ainda iria de encontro ao chão por mais duas vezes. Os cavaleiros foram se aproximando temiam pelo pior, mesmo sendo que a vida de um pobre vassalo não valer tanto, a consciência de que a de um inocente tinha seu valor. Sentiu-se arrependido por tentar ajudar, descendo do cavalo se ajoelhou diante do garoto abatido e o pegando nos braços percebeu o quanto era pequeno e que a força demasiada houvesse levado a óbito, apoiando-o ia se levantando e antes de estar erguido o milagre sucedeu, o jovem abria os olhos e liberando pequenos gemidos de dor, lacrimejando agradeceu por não ter matado uma criança inocente e o abraçando, aos poucos tomava consciência ainda sem entender o que tinha acontecido perguntou varias vezes por um jarro que carregava o cavaleiro não sabia o que responder, já que a pouco salvara aquele garoto e sua maior preocupação que era sobre um jarro o deixava aborrecido, olhou para trás buscando compreensão com seus cavaleiros ate que avistou em baixo da pata de um dos cavalos o jarro sendo afundado na lama e para acalmar aquela pobre alma o levou ate jarro, ainda preocupado segurava seu corpo suspenso no ar verificando se tinha ferimentos que poderiam ter sido profundos causados pela queda, abriu um sorriso quando o garoto pediu para que o colocasse no chão, e antes mesmo de perguntar se estava tudo bem com ele, se virou e voltou para sua jornada, o cavaleiro sentindo-se culpado e segurando pelo seu braço o obrigou a voltar o levando ate seu cavalo retirou da bolsa amarrada na sela algumas frutas, água, parte de um assado de frango e por ultimo enquanto surgia o garoto sentiu seu magnífico aroma e vislumbrando algumas pedrinhas que brilhavam refletindo o sol, em uma forma arredondada poderia ate mesmo se passar por uma coroa de um grande rei, com os pensamentos turvos e a boca se enchendo d’água para apreciar aquela maravilha se encaminhou para pega-lo com todas as suas forças, quanto mais se aproximava, mais o cheiro lhe atraia, antes que pudesse tocar aquela obra de arte seu salvador lhe segurou e advertiu sobre os perigos de comer aquela preciosidade, rindo gargalhou entregando ao garoto o que tanto ansiava, enquanto apalpava sua textura macia e delicada cheirava e com a ponta da língua sentiu a explosão de sabores tomarem sua boca e em segundos devorava descontroladamente aquela preciosidade, ao terminar o cavaleiro estava observando com estranheza o ato do jovem e dizendo que nunca havia visto alguém gostar tanto de um pão, despediu se dando lhe algumas moedas, e antes que pudesse partir ainda perguntou quem era o dono daquela obra, o cavaleiro respondeu ser o único que conhecia um homem chamado de O Coração de Pão, sem se despedir voltou para seu caminho. E lá estava seu único filho buscando o sonho do pai que antes de morrer lhe pedira para ir ter com o mestre, o criador da única coisa que lhe deu o simples gosto de viver, mesmo não sendo um homem tão sábio ou mesmo um leitor ávido, sendo que naquela época pastores não tinham a oportunidade de estudar, as palavras sobre aquilo entravam na cabeça José como poesia, era mais que uma simples historia era sem ironia alguma uma forma de sentir a vida, então a busca estaria por terminada quando se encontrasse com O Coração de Pão, assim imaginava com tamanha inocência. O sol ia se escondendo atrás da grande muralha quando chegaram ao portão da cidade, dois homens armados com lanças guardavam a entrada da cidade, e não deram muita atenção para aquele garoto com roupas rasgadas e sandálias gastas, andando pela rua principal percebeu que todos os vendedores estavam recolhendo suas tendas, com algumas moedas no bolso mal podia comprar uma tigela de sopa, e muito menos dormir em uma estalagem numa cama confortável, abriu seu bornal onde estava algumas frutas é um pão em que fizera com cuidado e carinho para mostrar a seu futuro mentor, entrando em uma viela viu que próximo a taberna cavalos adormeciam confortavelmente, por aquela noite seria um bom lugar para descansar após um dia longa caminhada e a barriga reclamando, ajeitou a bolsa como travesseiro desmontando sobre o feno em uma baia vazia, a noite passaria com calma e silencio já que eram poucos os bêbados que estariam na taberna, ninguém o perturbou durante toda a noite. O dia ia começando com galo a cantar as senhoras se aprumavam e começavam os trabalhos domésticos, nisso José adormecia tranquilamente ate que abrindo um dos olhos uma pedra voou em sua direção atingindo seu braço, estava sendo atacado por uma mulher furiosa que bradava o chamando de vagabundo e usando um vocabulário bastante torpe, se levantou com um pulo e em poucos segundos estava a metros de distancia da taberna, sentindo a dor no ombro atravessou a alça da bolsa de pano no ombro direito, parou por um instante e respirou, e novamente iniciou sua busca pensando que não seria difícil de encontrar o tal homem bastava perguntar onde se residia e lá ia para primeira tentativa, perguntou para um vendedor que desconhecia se tal pessoa ainda se residia, voltou à mulher que passava e a resposta era a mesma, perguntou ate para alguns garotos que brincavam com espadas de madeira, mas nada, ate que um velho ia passando, pensou com ele que não desistiria de cumprir uma promessa, puxando a manga da camisa do homem perguntou e para sua surpresa finalmente alguém sabia lhe dar alguma informação encheu os olhos de lagrima quando ouviu aquele desconhecido dizer que há muito tempo atrás existia sim alguém chamado de O Coração de Pão, mas que havia morrido, e uma lágrima descerá quando ouviu que sua morte foi provocada por uma ordem real, onde foi decapitado em praça publica, suas esperanças e sonhos despedaçaram se em frações de segundos, o que faria agora, não tinha casa, nem para onde ir, fazendeiros vizinhos tomaram tudo o que possuía quando seu pai morreu e sendo filho único sem familiares não tinha mais ninguém ou mesmo o que fazer de sua vida, onde tudo pode ser tomado por uma escuridão sempre a uma luz. Antes de ir o velho se voltou para o jovem e dissera que seu filho e filhas ainda estavam na cidade, o rosto do jovem se ascendeu novamente e uma ponta de esperança ainda lhe pertencia, perguntou onde era e o senhor calorosamente se prontificou a levá-lo, pelo caminho o homem Interessou-se pela historia do jovem que a contava entusiasmado, desde a viagem de seu pai ate o caminho que trilhou para chegar ali, quando ia terminado de tecer as ultimas palavras de sua jornada chegavam à porta do padeiro, e mais uma noticia ruim ouvira daquele senhor a de que aquela família não fará mais o tal famoso pão desde que perdera o pai, não desanimou pensou que pelo menos um dos três filhos saberia lhe ensinar a fazer aquela preciosidade, agradeceu pela ajuda e aproximando da porta ate que o homem apoiou a mão em seu ombro dolorido e atentando sua dor, pediu desculpas pela força que o tocara, Jose não hesitou aprumou o corpo e parando em frente à porta ajeitou a vestimenta e antes de bater, novamente o homem interveio e empurrou a porta pedindo calma e explicando que morava ali e era irmão do falecido padeiro, o garoto indignado olhou para o homem e perguntando por que havia mentido sobre sua pessoa, respondeu que sua família foi perseguida durante muito tempo após a morte de seu irmão e quando viu que as intenções daquele jovem eram nobres decidiu ajudá-lo.
Parte II – O Coração do Rei
Na sala estava apenas à filha mais nova que era um pouco mais que velha que o jovem viajante, sentaram-se todos e uma antiga historia começou a ser contada, onde em um reino que já havia sido devorado pelo tempo existia um rei que adorava se aventurar pelo mundo da gastronomia e tanto apreciava um banquete que criara receitas magníficas, e ainda era um rei justo e corajoso que com todos seus súditos transparecia alegria, apenas sua esposa amarga e infeliz lhe trazia preocupação, sendo ela uma adoradora de forças ocultas e da arte da alquimia, mas tanto a amava que não teria coragem de abandona-la. Em sua cozinha o rei tinha um vassalo que o ajudava a inventar suas receitas, um jovem dócil e atencioso, passavam os dias testando e experimentando varias formulas, um dia após acordar o rei caminhou para seu banquete matinal e ao comer um pedaço de pão reclamou que ele estava duro e seco e como gostava das horas em que passava na cozinha decidiu que iria fazer o melhor pão de todos os reinos, o perguntaram por que, ele respondeu dizendo que todo homem merece se alimentar bem ao acordar, pois essa é a primeira refeição do dia, e lá se foram dias amassando e trocando ingredientes, ate que a receita estava quase perfeita, um pão tão belo, mas também com cheiro e uma maciez inigualável, sua esposa estava mais amarga do nunca não entendera o que se passava, seu reino prosperava e dava a ela tudo que pedia, uma única coisa que não tinham era um filho, mas sabia que havia muito tempo para isso, e que seu problema não era esse, assuntou seus vassalos para entender o que era, já que ela não falara o que seria, sem sucesso ninguém entendia o que poderia estar se passando na cabeça da rainha. No dia seguinte passou toda à tarde na cozinha onde concluirá sua receita de pão e o chamando de O Coração do Rei, foi ate seu quarto real para que sua esposa experimentasse aquela maravilha, chegando lá não havia ninguém, então pensou que se não estivesse no quarto deveria estar na sua cabana onde também fazia seus experimentos, atravessou o corredor principal do castelo com O Coração do Rei nas mãos e nos fundos do castelo próximo aos muros havia uma cabana, onde sua esposa insistira em construir ali seu lugar para descansar e estudar as leis do mundo correu o mais rápido possível para presenteá-la com sua maior criação e abrindo a porta se encontrou com algo inimaginável as lágrimas eram incontroláveis nunca ninguém havia visto o rei daquela forma, já os dois a sua frente presenciavam um rei desmoronar e lamentar o dia que teria nascido, sua mulher e um desconhecido qualquer se entrelaçavam sobre a mesa, O Coração do Rei perdera a forma estava todo amassado e antes que pudesse dizer algo, sua rainha gritara para o que o estranho o apunhalasse antes que ele reagisse e tentasse matá-los, o desconhecido então agarrou uma garrafa com um liquido avermelhado e primeiro acertando a cabeça do rei estourando a garrafa e instantaneamente atordoando-o, percebendo a fragilidade da sua vitima levantou a arma e numa brusquidão acertou O Coração do Rei que se despedaçou e logo acertando o seu peito e para a certeza de que o havia ferido mortalmente enterrou os cacos profundamente torcendo a garrafa, com um passo para trás se agarrou a mulher adultera enquanto seu rei se contorcia no chão tentando reconstruir sua obra prima, mas a dor era muita e em poucos minutos esgotara sua vida e cairá no sono eterno, o homem e a rainha mexeram no corpo estirado no chão para ter a certeza de sua morte, sem nenhum movimento a mulher mandou que o homem fosse embora e se vestiu, após chamou os guardas e contando uma história sobre um homem louco que invadiu sua cabana e tentará matá-la, mas o rei interveio sendo ferido mortalmente, os guardas desconfiaram da tal história, sendo que o muro tinha pelo menos 5 metros de altura e o portão que dava acesso para fora do castelo era trancado por dentro, mas como contestar uma rainha, então chamaram o medico o mais rápido possível que ao chegar teve pela palidez do corpo a confirmação em sua fisionomia à morte de seu rei, agachou sobre o corpo e pondo a mão sobre a boca e nariz arregalou os olhos, ao lado da garrafa enterrada no peito pôs o ouvido e num surpreende êxtase gritou que o rei vivera e pedindo para que carregassem ate seu quarto o mais depressa, a rainha naquele momento se desesperou, o que seria de sua pessoa se o rei se curasse, no quarto deitaram-no na cama e os procedimentos medicinais começaram, primeiro a retirada com cautela da garrafa e a dos cacos percebendo-se que não atingira o coração, pegou algumas sanguessugas para limpar o sangue e pediu ao seu ajudante que recolhe-se algumas ervas para fazer um curativo, a rainha parada e aos prantos se deixava invadir pelo desespero, não por ver o homem que a desposou entre a vida e a morte, mas sim o medo da punição pelo seu crime, já que seria acusada de adultera e regicida, a pena para estes crimes seria a morte por decapitação. Passaram-se horas e o moribundo rei resistia com dificuldade, sua respiração fraca e o coração inchado algo que o medico estranhou ao sentir seu peito pelo ferimento, voltando ao lugar do acontecido no chão observou um liquido vermelho que não se parecia com sangue passou o dedo no liquido o levando ao nariz, estranhou sua composição e numa espátula recolheu um pouco, indo ate seus aposentos fora do castelo lá olhou todas as plantas possíveis de extrato vermelho e só assim uma luz subiu a sua cabeça e retirou algumas ervas de seu jardim particular. Durante a noite o rei ia piorando a respiração ofegante demonstrava que não duraria ate o amanhecer à rainha saiu do quarto e no corredor liberou toda sua felicidade em uma gargalhada discreta, ao ver o médico voltando, se conteve perguntando qual era o estado do moribundo, o homem respondeu que em breve saberia se ele iria viver ou morr, achou estranho ver o medico carregar um jarro em uma das mãos, entrou no quarto e rapidamente despejou o liquido do jarro em um copo pondo na boca do rei para que ele bebesse, a sua esposa parada perguntou para que fosse aquilo, o medico respondeu que naquela garrafa usada como arma havia um extrato de uma planta venosa e que em contado com o peito ferido de seu rei fez com que seu coração inchasse e dificultasse a circulação do sangue, assim o antídoto seria a única forma de salva-lo, mas que talvez fosse tarde demais já que passara muito tempo desde o envenenamento, torcendo as mãos para trás confiava no barqueiro e na sua longa viagem. À noite ia terminando e o dia vinha vindo e continuava a agonizar e sua mulher torcia contra sua melhora, passando se dias ate uma semana e num milagre quando sua mulher beijava sua testa com um copo na mão para despedir-se daquele que lhe cedeu sua coroa, o rei abria os olhos e saudando a de minha rainha, lhe disse que há dias tinha recuperado a consciência, mas permaneceu imóvel e de olhos fechados para descobrir quem eram os traidores do reino e numa nova tentativa de assassinato abria os olhos para saudar sua senhora, assim chamou pelos guardas que entraram abruptamente, o rei ressuscitado mandou que prendessem sua rainha na masmorra mais escura e úmida possível, os guardas se olharam sem entender, então para esclarecer mostrou o copo que estava em sua mão e disse que era o veneno para mata-lo, a seguraram pelos braços e a carregaram enquanto se debatia tentando impedir sua prisão. Após dias de descanso e se recuperando levantou da cama com o veredicto de seu medico sobre sua melhora que lhe dizia que não estava curado e jamais estaria, porque o veneno em seu coração causou um inchaço fazendo com que toda vez que ficasse nervoso ou estressado ele aumentaria e dificultando a pulsão e a circulação do sangue em seu corpo, então a qualquer momento a morte viria pelas batidas do seu coração, naquele momento sentiu tontura e enjoo e amparado pelo jovem vassalo, que sempre esteve na porta esperando seu mestre voltar, mas nunca notado por ninguém nem mesmo pelos guardas, ao perceber as lágrimas nos olhos de seu aprendiz sentiu-se reconfortado e naquele momento teve a resposta para a fragilidade de seu coração, algo que preencheria de sentimentos e que afastaria qualquer ideia de uma morte prematura, antes de qualquer providencia desceu ao calabouço para informar a ex-rainha o que seria feito com sua pessoa, ao vê-lo implorou por perdão e em desespero por sua vida, o rei mandou que a soltassem e em respostas aos seus soluços e lágrimas disse que entregasse seu cúmplice e assim ela o fez ajoelhada em seus pés e sua sentença foi dada, decidiu que a morte de uma rainha não seria certa, mas que um castigo seria conveniente, e já que sua rainha gostava tanto de ter outros homens mandou que fosse levada ao prostíbulo próximo a cidade e lá trabalharia ate seus últimos dias sem poder sair ou mesmo fugir sendo assim se saísse à decapitação seria inevitável, levaram-na imediatamente e apresentada aos visitantes da casa dias após, enquanto ao seu cúmplice era um viajante que entregava mercadorias vindas do porto, nem era um nobre pensou o rei, assim que fora capturado o decapitaram. Algum tempo se passou e o rei se voltara para a única coisa que amava a de preparar seu coração, estava pronto, finalizou com algumas frutas cristalizadas, e uma nova jornada ali se iniciou o rei agradeceu o jovem pela sua ajuda lhe abraçando e o apertando contra seu peito, indo para entrada do palácio subiu em seu cavalo e saiu com alguns cavaleiros em escolta, passou pela estrada saindo da cidade e se lembrou que havia se esquecido do leite para servir junto com O Coração do Rei, percebendo alguns viajantes perguntou se eles poderiam lhe dar um pouco se o tivessem, estranhando a ação daquele monarca deram imediatamente o que pedirá, o rei agradeceu dizendo que fossem ao palácio após para que ele lhe devolve-se o seu empréstimo, continuaram a sua jornada e o rei passara por alguns mendigos e famintos lhe servindo com varias sacolas distribuindo para todos, dia após dia esse era o ritual que nunca abandonara, servia fielmente aos pobres o seu coração e se libertava da morte naquelas manhãs por um único e simples gesto de compartilhar seu maior tesouro, pois enobrecia seus sentimentos não deixando seu coração sufocá-lo.
Terminando de contar a historia explicou que o viajante que deu leite ao rei era seu bisavô e que ao ir ao castelo ele lhes dará abrigo e emprego em sua cozinha, e foi assim que aprenderam a fazer a tal obra prima. Não demorou muito e o restante dos integrantes da família chegavam após um ardo dia de trabalho no comercio e estranharam aquele franzino garoto todo entusiasmado falando sobre algo que destruirá suas vidas, ate que um dos sobrinhos perguntou ao seu tio se tinham contado o porquê de seu pai ter sido executado, ele respondeu dizendo que em partes, o final de seu pai tão fiel ao rei quanto à família teria sido dado por traição e ciúme de sua fama conquistada ate nos reinos mais longínquos, percebendo a preferência do rei pelo vassalo seu conselheiro temia perder seu posto, manipulou provas dando a entender que o simples padeiro vendia informações aos inimigos através dos pães, tempos após sua morte foi comprovado ser uma falácia. José saiu pela porta pisando fundo e indo direto para o palácio real, nos portões guardas barraram sua entrada, então disse a eles que vinha em nome de O Coração de Pão e que avisassem ao rei, esperando alguns minutos as ordens para deixarem o garoto passar foi acatada, o rei estava a sua espera em seu trono e perguntou o que um jovem em trapos fazia com um nome tão nobre em sua boca suja, respondeu dizendo que aprendera historias magníficas sobre um sábio rei e que as inspirava a retomar sua maior obra, e também estava disposto a limpar o nome de um sábio homem que fora morto injustamente e seu maior sonho era apenas servir um rei justo com uma obra magnífica chamada de O Coração do Rei, alguns minutos de discussão ate que o rei concordou em trazer toda família de volta para o palácio e dar lhes a oportunidade de reconstruir o falecido nome de O Coração de Pão. Com o tempo o aperfeiçoamento da obra vinha se tornar ainda mais magnífica, não pelo seu gosto, textura ou odor, mas por José que continuou a obra do antigo rei, alimentando e matando a fome daqueles combalidos, adorado por todos se tornou um grande sábio e um generoso ser humano.
A história não de um pão ou de um rei, mas que repetidamente foi questionado nesta historia a de um coração, onde homens se tornam seres humanos e adotam suas verdades inquestionáveis para gerar em seus sentimentos a ideia básica de que doar um pouco si não mata, e sim fortalece.
O rei ainda viveu ate que em uma de suas jornadas morreu nos braços de um de seus vassalos com apenas um gesto e uma frase entregando O Coração do Rei...
“Alimente-se de meu coração para que possa desfrutar de vida”.