ÀS MARGENS DO LAGO PROFUNDO - CAPÍTULO IV

Amely resolveu ajudá-lo com seu arranjos, buscou num pequeno depósito dentro da casa, vasos folhagens, folhes e sementes secas, ganchinhos, cordões e fitas. A princípio Amely só ia lhe passando os materiais, depois com criatividade e talento foi fazendo alguns belos arranjos.

Chegando o final da tarde, tinham conseguido fazer juntos, mais de quarenta unidades, Afonso já poderia ir à cidade vendê-los ao dono do armazém e comprar suprimentos, sua família aumentara (mais um sorriso surgiu no canto de seus lábios). Pescou, alimentaram Laio e Serena, jantaram e foram dormir, amanhã após o café, iriam até a cidade. Antes de deitar, Afonso limpou um refrigerador à gás que tinha e só o utilizava no Inverno, para armazenar frutas e outras coisinhas, pois o Iverno no lago era intenso e eles só saiam da cabana por alguns poucos momentos durante alguns meses, para os cachorros se aliviarem, esticarem as pernas e voltar para a cabana quentinha. Nesse período os animais comiam apenas ração e frutas, ele não lhes dava peixes salgados pois os amava e não queria vê-los adoecer.

Afonso tinha um pequeno furgão, que praticamente não usava, e ele e seus companheiros de quatro patas adoravam caminhadas, mas, ela era necessária na entrega de seus arranjos ao armazém, então ele a liga e conservava, para que ela não deixasse na mão em alguma emergência. Sempre que ia até a cidade de furgão, trazia combustível extra pois poderia precisar, nem mesmo se preocupava consigo próprio, sempre pensava nos seus animais, apesar de saber que se algo acontecesse com ele, por mais Laio e Serena fossem amigos e inteligentes, nenhum dos dois tinha carteira de motorista (riu internamente do seu pensamento surreal).

Nessa ida à cidade aproveitaram para comprar alguma roupa para Amely, era engraçado imaginar ela entrando no armazém ou em alguma loja, com o que estava vestindo. Afonso havia pego antes de saírem, algum dinheiro para as compras, em seu escoderijo secreto. No caminho Amely e Afonso não trocaram uma única palavra sobre ela partir ou sobre o que ela faria de sua vida, parecia que ela sempre estuvera por ali e Afonso estava bem gostando de sua companhia, até o cheiro dela deixava seu corpo arrepiado, nunca sorrira tanto, quanto naqueles dois dias, nem parecia o masmo empresário sério, nem no seu pouquíssimo tempo de casado, se sentira assim, tal qual seus cães, encantados, com uma sensação de felicidade e paz tão boa. Ah! seu coração estava se preenchendo de novo, não sabia, se isso seria bom ou ruim, ia deixar o tempo resolver essa questão.

Chegando à cidade, Laio e Serena dessa vez ficaram na carroceria do furgão, Afonso deu algumas notas para Amely comprar o que precisasse, se separaram combinando de se encontrarem mais tarde no armazém ou junto ao furgão, e Afonso foi descarregar os arranjos, negociar e fazer as compras para abastecer a casa, receber o valor da venda anterior, despachar documentos para seu contador, fazer depósito no banco postal, enfim, organizar a vida, pois o Inverno estava próximo. No armazém fez uma compra muito maior e mais variada, pois não iria submeter Amely a dieta de peixes e frutas, que ele e seus cães tinham como suficiente, no fundo (riu) queria na verdade agradá-la (riu de novo). Comprou então, alguns enlatados, batatas, fermento, tomates, repolho, carnes enlatadas e salgadas, ervilhas, milho, , manteiga, chocolates, ração para os animais, vacinas, café, sal, açúcar mascavo e um pouco do branco, material de limpeza, comprou um pijama rosa para Amely, camisa e calça pra si, queijo, frango, alguns vejetais verdes congelados, um bolo de mel que vinha em uma lata cortado em quadrados, que sendo mantida a tampa bem fechada, dura até três meses. Levou também leite em pó, banha, aveia em flocos e salsichas.

Ficou satisfeito com suas compras, passou no posto de gasolina, comprou gelo bastante para manter as compras refrigeradas, por garantia levou gasolina extra e gás para o refrigerador, e como um favor especial pra Amely (sempre por ela, pensou), comprou quatro pratos, quatro pires, quatro xícaras, uma travessa, dois tabuleiros, uma forma para pão, para assar num forno, do qual ele quase nunca fazia uso, tinha tudo isso na lojinha dentro do posto. Quando tudo já estava arrumado dentro da carroceria do do furgão, deu água e ração para Laio e Serena, deixou que eles corressem um pouco por ali, quando eles retornara, lhes deu biscoitos caninos, coisa que eles adoraram, olhou em volta, achando que Amely aproveitara o dinheiro que ele lhe dera e havia partido, pensando assim...

Serena começa a latir olhando para a direção contrária daquela para onde ele estava olhando, e eis que surge aquela pequena deusa de sorriso tímido, grandes olhos negros, de vestido florido, cabelos um pouco mais curtos, agora na altura dos ombros e sandálias. Laio deitou a cabeça na beira da lataria da lateral do furgão, como que tão embevecido quanto Afonso. Serena, pulou para rcebê-la, com suas várias sacolas. Afonso após recuperar o fôlego, correu para ajudá-la, ela pegou a cabeça de Serena e colocou lacinhos cor de rosa, o que pareceu agradá-la, de tanto que abanou a cauda, para Laio ela comprara uma bola de material comestível, própria para cães, e ele Serena logo começaram a brincar com ela.

Entraram no furgão e tomaram o rumo de volta a cabana, foram conversando sobre as compras e amenidades do dia, como se fossem uma família.

Afonso se arrependeu dos pensamentos que tivera, sobre a suposta partida de Amely.


Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 28 de março de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 28/03/2015
Reeditado em 29/03/2015
Código do texto: T5186534
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