ÀS MARGENS DO LAGO PROFUNDO - CAPÍTULO I

Às margens daquele lago profundo e frio, que fica entre duas colinas cobertas de verde e hortências, existe uma casa, pequena, quase uma cabana, seus únicos habitantes são Afonso, Serena e Laio. O primeiro um forte homem de 35 anos, ombros largos, estatatura mediana, em torno de 1,70m, olhos castanhos muito claros, barba e bigodes cerrados e bem cuidados, pele clara, marcada pelo sol. Serena é uma cadela da raça Labrador, dourada de cinco anos de idade e por fim, Laio um Labrador negro de seis anos, pomposo, bom caçador e pescador, de uma energia sem limites. Os três convivem em harmonia desde que Serena e Laio eram filhotes.

A rotina era a mesma todos os dias, acordar, vislumbrar aquela paisagem exuberante, pescar, tomar café, brincar, relaxar, pescar alguns peixes para salgar e secar, armazenar para o Inverno, a vida era essa. Serena e Laio, adoravam pescar junto com seu dono, eram gulosos e parte do espólio do dia, geralmente ficava dentro de suas barriguinhas. A alimentação dos três, era basicamente peixes, frutas e às vezes alguma caça, pois de vez em quando, aparecia alguma lebre ou roedor que não conseguia escapar do bote rápido de Laio. Um pequeno rio próximo, lhes garantia a água potável, eram felizes.

Afonso é um ex empresário do ramo da construção, que resolveu largar tudo depois de sua separação (foi um casamento fadado ao fracasso desde o ínicio), viver junto à natureza, foi sua opção, e não se arrepedeu da decisão tomada.

Afonso acordou com vontade de organizar uns papéis relativos à casa, mesmo distante de tudo, mantinha seu contador e advogado sempre informado de suas atividades, vendia na cidade mais próxima, os belos arranjos que fazia com hortências, folhagens, sementes secas, era um hobby que se tornou renda e hoje em dia, como seus gastos eram bem poucos pois era praticamente um eremita isso lhe bastava. Numa caminhada de três horas, os companheiros de lago chegaram à cidade, Afonso despachou pelo correio os papéis para seu contador, no armazém comprou algum material de limpeza, papéis e canetas, soro, material curativo e antiséptico, sal, café, açúcar mascavo, um pouco de farinha. Só pra variar o cardápio, acrescentou cebolas e umas pimentas. A volta foi um pouco mais lenta, pois estava com duas mochilas pesadas, parou no caminho para comer uma barra de cereal, beber água e deu a ração que comprara para Serena e Laio, pois no retorno de suas idas e vindas à cidade, os animais sentiam fome, então sempre comprava no armazém, o suficiente para os dois.

Quando chegaram em casa, já era quase noite, guardou as compras, ainda bem que ainda não estava frio. Acendeu algumas tochas, mergulharam no lago, revigorando a caminhada, pescaram e numa grande frigideira assou peixes para Laio e Serena, para si acrescentou um pouco de farinha, cebolas fritas e um pimenta, fez um chá de ervas bem quentinho e foram dormir depois de alimentados, saciados e relaxados.

Na manhã seguinte, Serena despertou latindo inquieta e logo foi acompanhada por Laio latindo bem alto. Afonso pulou da cama e foi para fora da cabana coma espingarda de caça na mão, e deu de cara com uma cena engraçada, Serena e Laio cercando um coelho branco e rosa de 1,50m de altura, havemos de convir, que a visão que se apresentava era no mínimo insólita e inusitada.

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 28 de março de 2015.

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 28/03/2015
Reeditado em 28/03/2015
Código do texto: T5186364
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