O destino da apaixonada
Era uma menina. Menina que amava.
Já nascera amando. Não via problema nenhum em amar os outros. Amava homens e mulheres, crianças e velhinhos. Quem quer que lhe agradava o coração, ela amava.
Quando se decepcionava não desejava o fim do mundo, como tantos fazem. Era menina, mas era adulta. Mas, também, quase nunca se decepcionava. Amava tão certo que o errado tornava-lhe certo.
Eis que um dia, o mais maravilhoso dos dias ou o mais cruel deles, ela sentira paixão. Ela apaixonara-se. Foi o começo do seu fim.
Passou a suspirar paixão e odiar ao mesmo tempo. Suspirava por apaixonar-se tão perdidamente, e odiava por não conseguir amar naturalmente, por não conseguir o que tanto desejava. Preferia amar, pois quando amava não desejava nada, só amar mais. Mas sentiu-se mal quando sentiu paixão, pois desejava cada vez mais, desejava tudo e tinha apenas o nada.
E chorou. Esse é o destino dos apaixonados. O choro é o resultado do sofrimento, consequência da paixão que avassala.
E chorou. Se sentia tão inútil, odiando e odiada por si mesma...
Sentia tanta amargura que chegava a desejar os beijos e abraços daquele mesmo que a fizera apaixonar-se.
E de tanto amar, transformou-se toda em ódio.