A culpa é da garrafa
Gabriel ta deitado na minha cama, falando sobre como eu fico bonita em cima da escrivaninha tragando o ultimo cigarro dele. Até que eu gosto dele sabe? Mas a vista daqui é péssima. Eu nunca tinha reparado o quanto essa parede é feia. E ele já não parece tão bonito quanto antes daquela garrafa de vodka que a gente dividiu. E ele fica falando de todos esses planos que ele quer cumprir, enquanto eu só queria que esse não fosse o último cigarro da carteira dele. Mas agora começou a tocar a música favorita do Gabriel, que também é minha música favorita. E ele nunca pareceu tão bonito quanto agora, com esse reflexo de luz da noite enchendo os olhos castanhos que eu tanto adoro. Dai eu disse pro Gabriel que ele podia ficar aqui a noite toda, ele podia ficar, se quisesse. Mas ai ele levantou, tomou o cigarro de volta e foi embora. "Que pena", eu disse. Não era o Gabriel, era o Ariel.