O Amor é uma Droga
Certamente você está achando que eu odeio esse tipo de sentimento, que eu estou aborrecido com alguém por: ou ter me magoado ou ter magoado alguém. Que se como o amor que Jesus Cristo teve por nós fosse algo ruim e doentio; sem fundos e sem coerência. Justificar o amor que uma mãe tem por sua cria e nos emocionar-mos por ouvir passagens de amas que negam alimentar-se para dar ao filho. Isso é o gesto mais nobre do amor. Isso é o amor. Mas um amor diferente: um amor familiar; um amor do ventre, da alma e dos sacrifícios.
O amor é uma droga! Mas que amor é esse? É o amor da paixão, da quentura, da saudade; no entanto é o amor dos dioicos, dos opostos; de um homem e de uma mulher que escreveram suas histórias sozinhos e agora cultivam a expectativa da reciprocidade romântica.
E quando o tempo, a natureza, a terceira pessoa e um sopro desgastam o elo? O amor se transforma nessa droga que tanto debato. Mas que droga é essa? A droga boa? A droga que traz consolo, traz conforto e excitação, tais como: Maconha, Cocaína, Êxtase? Ou a droga ruim? A morte, a dor, a perda e o desespero... A solidão...
E se nossa personagem, a mulher, for traída pelo homem? Certamente seu coração ruirá e as cobras a morderão. No descrito, o amor se transforma na droga ruim: a morte, a dor, a perda e o desespero. Mas não se esqueça: O amor é uma droga. E como todas as químicas, elas viciam e transtornam. Sabendo de todas as adversidades, todos os descontentamentos, todas as lágrimas despejadas naquela almofada psicóloga, a nossa mulher irá buscar um consolo, irá buscar uma imensidão de excitação. Nossa mulher irá buscar o amor no mesmo homem, porque seu frágil coração, doentio e viciado, clama pelo odor das suas testosteronas.
Antes de vê-lo, ela preferiu distanciar-se. O caminho era duro, pedregoso e difícil. A proposta do primeiro mês permaneceu. Ela conseguiu excluí-lo dos seus sonhos, dos seus desejos, dos seus masturbos; mas viera a crise. A tão famosa crise de abstinência, pois bastou apenas um aceno, numa tarde comum de quarta-feira, que todas as borboletas voaram, que todos os suspiros exalaram, que todas as saudades a abraçaram. Sua paixão reascendeu. Ela ainda o amava, mas não o queria. Assumir o amor e fazer uso de todas as forças para ter consigo o cheiro do macho, novamente, ou submeter-se à uma nova dor, até então já conhecida por ela? A dor da solidão. A dor da traição. Nossa mulher assumiu o vício, mas não sabia o que fazer. Ela sentia saudade e carência. O amor é uma droga e ela foi a prova dessa enfermidade.
Eu odeio o amor? Eu? Eu não! Eu amo o amor. É o jogo mais difícil dessa vida, mais duro, mais doloroso e mais satisfatório. A famosa alma gêmea encontrada é coisa mais linda do cosmo, mas não se esqueça: o amor é uma droga.
Basta apenas um olhar, um sorriso, um aceno; para que aquela pessoa retome um espaço que você, com muito esforço, conseguiu deixar vazio no seu coração. Você jurou nunca mais querer aproximar-se, nunca mais sorver seus odores, porque evitava o sofrimento e satisfazia-se com outros. Satisfazia-se com outros. Mas basta um raio de olhares... Basta um toque para se viciar, basta um toque para se entregar. Basta um beijo para morrer. Basta um amor para morrer.
O amor é uma droga...