O anel

Sentei-me numa cadeira, debruçada a janela, para ver outro pôr do sol, que parecia tão próximo, quase palpável, quando visto daquele lugar. O contato da luz próxima ao objeto que vestia o meu dedo originava um brilho tão belo e intenso de quase cegar os olhos. Estiquei minha mão para frente e um sorriso brotou em meus lábios contemplando aquilo que era meu, só meu.

_ Você está passando mais tempo com esse anel do que comigo. Quer que eu fique com ciúmes? - soprou em meu ouvido uma voz brincalhona. O roçar de sua boca em minha nuca provocava o arrepiar de todos os pêlos do meu corpo. Era como a eletricidade... Era intenso.

_ Não se preocupe. Você é mais bonito que o anel. - sorri, fitando-lhe o rosto. - Bem, só um pouco mais bonito. Mas não se preocupe. Eu gosto mais de você.

_ Ah, estou perdido mesmo! Minha própria noiva acha o anel mais atraente do que eu.

_ Diga de novo.

_ O que? Atraente? - ele riu daquele jeito sedutor que só ele conseguia fazer.

_ Bobo! - sorri, acariciando lhe o rosto.

_ Noiva. - ele sussurrou bem perto do meu ouvido. - Minha noiva - agarrando-me forte pela cintura para aproximar os nossos corpos.

_ Sua? Então ate o direito de propriedade você quer?

_ Todo ele!

_ E quem disse que as coisas são tão fáceis? - eu ri, desvencilhando-me dele e afastando-me alguns metros. Ele não precisou de mais do que dois passos para pegar a minha mão e puxá-la ate a sua boca, beijando-a.

_ Tudo bem então. Mas eu serei só seu. Completamente.

_ Cada parte? - perguntei, envolvendo-o com os meus braços, mordendo-lhe o pescoço, a face, as orelhas.

_ Cada uma delas! - ele sussurrou, apoiando sua mão na curva das minhas costas. Os olhos nos meus (e é fascinante como se olha diferente quando se está apaixonado). Exatamente como a noite em que ele havia feito o pedido. Era tão incrível e, ao mesmo, tempo tão amedrontador. Eu sempre imaginei como seria o momento. Certamente só dali a alguns anos. E, agora, estava acontecendo sob os meus olhos. Como eu poderia saber se estava pronta para unir-me a ele, unir-me de corpo e alma naquela eternidade dos anos? Você nunca sabe. Você sente.

_ Confie em mim. Tudo dará certo. Nós continuaremos a ser felizes como somos assim, juntos. - eu me lembrava bem daquelas palavras. E eu confiava. Nunca precisei desconfiar um segundo sequer. Eu nunca me arrependia das decisões que tomava em relação a ele e algo dentro de mim insistia em dizer que não seria diferente.

Ele encaixava nossos corpos com tanta firmeza e agilidade que poderia levar-me para onde quisesse. O sofá era mais perto do que a cama. Nosso sofá. Nossa cama. Eu tinha de me acostumar com aquilo.

_ Nossa casa...! - ele fez com que eu repetisse dezenas de vezes depois que eu aceitei apenas porque havia referido à casa como dele. E era realmente dele. Que mania de teimosia ele insistia em ter!

_ Não. É nossa. Será nossa. E nos pertenceremos um ao outro. - ele dizia.

Os botões eram difíceis de abrir. Mas depois a camisa descia facilmente pelos braços dele. Eu apertei-os enquanto lhe beijava a clavícula, o peitoral, a barriga. Eu arranhei-os enquanto ele fazia o mesmo em mim.

_ Então eu farei bom proveito. - sorri enquanto ele puxava meu corpo para cima do dele. Sua respiração quente arrepiava-me o pescoço enquanto eu tateava a procura do botão que abriria aquela calça. Uma sucessão de sussurros e suspiros se sucedia enquanto nos livrávamos daquilo que nos prendia.

_ Eu te amo. - ele disse. - E nós nos encaixamos. E era a hora em que mais nos pertencíamos. Eu pertencia a ele em todos os aspectos físicos e emocionais. Meu corpo chamava por ele, minha mente chamava por ele. Era tão somente meu. Tudo nos era sincronizado, até mesmo o pensamento. Era como uma viagem que trazia uma satisfação imensurável ainda depois do fim.

_ Eu também te amo. – sussurrei, abraçando-me a sua cintura, pousando a minha cabeça sobre o seu peito e todo o peso do meu corpo exausto sobre o dele. Suas mãos entrelaçaram-se em meus cabelos, molhados pelo suor.

_ Eu quero ficar ao seu lado pra sempre.

_ Nós ficaremos. - eu disse, pousando a minha mão com a aliança ao lado da dele. - Elas são a prova de que pertenceremos um ao outro para sempre.

_ Não. - ele sorriu, tocando o meu rosto - Nos somos a prova.

Melissa J
Enviado por Melissa J em 25/08/2013
Código do texto: T4451713
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