Trecho de um Conto II

Disse que vi sua foto, e senti algo forte, não soube explicar exatamente o que motivou para que eu o procurasse, e o quisesse. Sentados bem próximos, ele se colocou na cadeira a minha esquerda. Eu vestia uma calça jeans, blusa de punho branca, cabelos soltos.

Ele, tom de pele morena, olhos e cabelos negros, olhos levemente pequenos, sua boca escondia segredos até nos traços.

Falamos sobre os nossos sentimentos já vividos. Estava diante de um homem que sentia medo do amor. E eu sou movida pelo amor. Ambos machucados, carregados de feridas causadas pelo sentimento. Porém ele deixou claro ter perdido a fé no sentimento. Eu jurei acreditar, e que o amor existe sim.

Bebíamos cerveja, e brindávamos dizendo: Saudás! Expressão de seu país de origem. Ao levantarmos os copos, nossos olhos se encontravam, e por alguns segundos eu procurava a fuga, olhava para a rua, na tentativa de não me permitir ser marcada naquele instante. Cerca de cinco horas, este foi o tempo que o tive ali naquela noite, não havíamos nos beijado ainda. Muito embora ele me pedisse cerveja de minha boca, para a boca dele. Eu senti medo, e vontade. Ele me chamou pra perto, e eu toquei os meus lábios nos dele, senti o beijo, senti o calor de suas palavras.

Riamos em seguida, e ele sorrindo disse: Porque você deixou que eu bebesse tanto, para te beijar? Eu sorri, e o beijei o seu sorriso lindo.

Fomos embora, e aos abraços nos despedimos. Segui encantada com aquele sotaque, com aquele homem charmoso, misterioso. Ele dizer que não acreditava no amor, aquilo era demais pra mim, precisava provar a ele, que o amor é real, ainda existe.

Assim nos falamos outros dias, outras madrugadas via internet. Ele queria que dormíssemos uma noite, e descreveu cada detalhe de como seria, uma TV, duas camas de solteiro, um bom vinho. Eu não quis, pensei em investir em conhece-lo mais, e só depois um contato mais intimo. Preferi encontra-lo mais uma vez. E assim fomos. Novamente na mesma lanchonete. Cheguei atrasada, ele me abraçou e me beijou. Nada disse, me olhou profundamente, marcou-me o olhar, senti seu olhar firmemente em mim, procurando como que afirmações, procurando a minha alma.

Se passaram meses deste momento que vivemos. E afirmo que sequer preciso fechar os meus olhos, para recordar cada detalhe daquele dia.

Anyara Lima
Enviado por Anyara Lima em 27/07/2013
Reeditado em 27/07/2013
Código do texto: T4406560
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