na dúvida, atirou
Ao ver seu adversário ao chão percebeu que, aquilo que ele levava consigo - aquilo que jurou ser uma arma - ao avistá-lo em meio ao nevoeiro causado por uma confusão de pessoas e por resquícios de experiências antigas, àquilo não era arma nenhuma; àquilo era somente uma flor. Uma linda flor que ela - a moça - costumeiramente usava para adornar seus longos cabelos, com intuito de ser bonita aos olhos de seu atirador. Não era um adversário. Era só uma frágil-mulher-forte-e-sonhadora, encoberta pelo nevoeiro e parada à sua frente.
Dentre todos os males, tomara que ele só a tenha machucado. Tomara o nevoeiro tenha dissipado e ele a tenha reconhecido, a tenha salvado.
Então, antes de atirar e talvez ferir e talvez matar, necessário se faz arriscar alguns passos e chegar mais perto. Nem sempre só com o uso da razão é possível fazer uma identificação correta. Por vezes, é necessário deixar-se levar pelo coração e tentar ver além do que os olhos da razão podem mostrar, porque "o essencial é invisível aos olhos", já dizia, Antoine de Saint-Exupéry.