O Vestido Verde- Parte II
Parte II
A pobre vidente foi acolhida em uma casa longe da aldeia, porém isso pouco importou. Ela penteou seus desgrenhados cabelos, perfumou-se e comprou um vestido de cor verde; enfim, parecia outra mulher.
Logo ela foi para aldeia; todos os homens mais moços ficaram atraídos pela beleza daquela mulher. Sem saber de quem se tratava, chamavam-na de Donzela do Vestido Verde. A Vidente caminhou pela aldeia e foi em busca da casa do jovem Alquimista. Lá entrando, indagou:
- É aqui a casa do alquimista que trata de todas as doenças?
O alquimista ao vê-la apaixonou-se perdidamente e, sem muito enrolar, declarou seu amor para a Donzela do Vestido Verde, sem saber quem era ela verdadeiramente.
Ele ficou louco, perdia remédios, soluções e misturas, trocava experiências e diagnósticos, e a Vidente era quem mais gostava disso, pois sua maldição se cumprira. Ela pedia anéis, colares, amuletos e vestidos, todos verdes, pois acreditava que o verde era que lhe dera toda essa sorte.
O alquimista foi ficando pobre, mas feliz; chegou um dia em que foram os dois, a Donzela do Vestido Verde e ele, jantar em uma Taberna; lá chegando, ele começou:
- Queres casar comigo?
- Se tu me deres uma casa, eu caso!
O alquimista pegou suas últimas moedas de ouro e comprou a casa. E numa noite de céu estrelado, foram os dois para lá.
- Agora queres casar comigo, minha amada?
A Vidente, com um sorriso no rosto, respondeu:
- Não, eu já tenho tudo que tu me roubaste: minha casa, minhas jóias, meus vestidos e minha beleza; e eu nunca te amei, só queria me vingar, completei minha vingança, vi você enlouquecer de amores por mim, e eu nunca vou te amar...
- Nunca me amaste?- perguntou ele. -
- Não, e você não se lembra de mim? A pobre vidente que você humilhou? Percebeste que minha maldição se cumprira!-rira a Vidente. -
- Eu não preciso de teu amor, tenho a minha ciência, e, agora que já fui corroído, só me basta morrer. Vou em busca da morte... Mulher Maldita, nem mais gosto pela vida eu tenho...