Nostalgia

Atravessou a porta, dirigiu-se para uma mesa. Olhou amplamente o recinto, fixando o olhar em um ponto vago na rua em frente. Suspirou fundo exalando nervosismo e empalideceu ao nota-lá. A semelhança era assustadora, embora a vital diferença estivesse na idade, nela via-se fios grisalhos em contraste com aquela fusão perfeita do loiro e do castanho, aquela mesma distinta cor bronze. Em resposta a aproximação dela tentou acender mais um cigarro, atrapalhou-se, o suor escorreu por entre os dedos apagando a tímida faísca. E naquele dia sentiu fundo: "Queres me enlouquecer? Como ousa apoderar-se da minha mente, quando meus sentimentos estão cravados junto ao seu peito suicida para sempre. Destroça-me a alma lembrar-te." Passou as mãos pelo rosto - Não poderia ser ela. Não poderia. - ergueu o copo e mergulhou o pensamento em mais um gole de vodca. Ainda não tinha passado, sua presença o perturbaria em cada detalhe que a lembrasse. Nas feições semelhantes, nos odores característicos, no seu timbre de voz tão comum. Tudo, absolutamente tudo o denunciava a terrível conclusão de que ela existiu um dia e partiu para sempre.

Beatriz L
Enviado por Beatriz L em 09/09/2012
Código do texto: T3873795
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.