Por Siempre (Parte 4 – Insônia Conjunta)

- Aham – pigarreou Gustavo – Desculpa atrapalhar o casal, eu só vim pegar minha carteira que deve ter caído no banco. Com licença.

Pablo olhou assustado para a garota. Sua expressão perguntava qual era o motivo de Gustavo parecer sempre se importar tanto com a aproximação dos dois. Alice percebeu, mas estava irritada com o brasileiro.

Bruno tinha ido perguntar a Gustavo o por quê do comportamento do rapaz. Gustavo contou tudo ao amigo enquanto viam umas camisas de times argentinos de futebol. Bruno ficou impressionado. Não imaginava que o amigo estava gostando de Alice e nem que ela estava de casinho com o cara do esqui. Olhou em volta e soltou:

- É, realmente... Sua história parece um pouco confusa, mas parando pra analisar, os dois sumiram naquela noite e eu não consigo avistá-los agora.

Gustavo caiu em si e realmente não lembrara de ver Alice e Pablo saindo do ônibus. Voltara lá em busca da garota e deu de cara com ela aos beijos com o argentino. Ficou furioso, embora tentasse se conter. Seguiu para a última fileira e fingiu procurar sua carteira fazendo o máximo de barulho possível. Pablo e Alice ficaram olhando a nova companhia, analisando cada movimento. Gustavo fingiu colocar algo no bolso e seguiu para a frente. Desceu do ônibus e o casal o perdeu de vista.

Alice demorou um pouco para explicar que nunca tivera nada com Gustavo para que Pablo conseguisse entender. Perderam algum tempo conversando e falando sobre como eram as suas vidas normalmente. Alice se deu conta de que iria embora da cidade daqui a alguns dias e isso deixou Pablo um pouco preocupado.

Um pouco antes de os estudantes voltarem para o ônibus, Pablo e Alice prometeram que iriam aproveitar ao máximo essas férias e Alice até ficou de pedir aos seus pais para que adiassem a data da passagem para ali a duas semanas. Não se importava de voltar depois de seus amigos, nem de perder dois dias de aula.

- Yo sé que és muy temprano, pero... Quieres ser mi novia? – Pablo esperou seis anos por isso. Em algumas vezes, perdera completamente a esperança. Ao longo de seus vinte e dois anos, Pablo se achava um idiota por estar esperando uma menina de doze anos que conheceu há seis anos atrás. Inúmeras vezes imaginou como ela estaria agora. Contou tantas vezes os anos que ela deveria ter. Não sabia sua data de aniversário e sempre contava o ano que ela faria no dia de seu próprio aniversário. Por tantos anos, Pablo nunca imaginou que Alice se tornaria uma jovem tão bonita como via que estava a garota em seus braços.

- Tu novia? – Alice abriu um sorriso inesperado – Si, quiero.

Pronto. Estavam oficialmente namorando. Engraçado como uma tarde pode ser produtiva quando se é passada nas férias. O tempo parece passar cada vez mais devagar colocando tudo com uma profundidade que não seria colocada em outra ocasião. O casal de namorados ficou pensando em como seria quando a garota voltasse para o Brasil. Como se comunicariam e quando se encontrariam novamente. Hoje, com a internet, a primeira questão seria mais fácil. Alice e Pablo não conseguiam pensar em solução alguma pra segunda. Mas ainda era cedo, eles só queriam poder se curtir ao máximo naquela semana e meia que lhes restavam.

Os alunos começaram a entrar no ônibus e alguns não disfarçavam o espanto em ver Alice e o instrutor de esqui juntos na primeira fileira. De resto, não se importaram muito, afinal, já esperavam por isso desde a noite em que os dois sumiram.

No caminho de volta, Alice ficou conversando com as amigas que resolveram sentar-se na frente e se interar da novidade. A garota contou tudo o que soube naquele dia. Tudo o que vinha sentindo por Pablo e que o rapaz a pediu em namoro. Marcela, Bruna e Carol ficaram muito felizes pela amiga, mas não ficaram tão feliz como Thais, no entanto. Thais havia ficado feliz tanto pela amiga, quanto por si mesma. Seria a confirmação que esperava para que as esperanças de Gustavo se acabassem com relação à Alice. Estava cada vez mais decidida de partir para o ataque e cuidar do coração partido de seu amado o quanto antes.

A noite estava estranhamente quente para o inverno de Bariloche. Como já tinha virado costume, os hospedes estavam todos dispostos na sala, ora diante da lareira, ora jogando. Estavam todos se divertindo. Não, todos não. Gustavo ficara em seu quarto arquitetando mil planos para acabar com aquela melação entre Alice e Pablo. Deitou-se e sorriu.

Alice e Pablo ficaram no balanço que havia à frente da casa-hotel a noite quase toda. Já estava tarde quando Pablo olhou para o relógio. Foram cada um para o seu quarto e enquanto Alice satisfazia a curiosidade das amigas, Pablo se preparava para a conversa que teria pela manhã com sua mãe.

Thais ficou pensando durante um bom tempo na forma que abordaria Gustavo no dia seguinte. Estava ansiosa para consolá-lo. Compartilhava a noite em claro com Gustavo sem se dar conta. Aquela estava ansiosa demais para conseguir dormir. Queria que o amanhã chegasse o mais depressa possível para poder colocar seu plano em ação. Gustavo também queria colocar seu plano em ação no dia seguinte e assim como Thais, esperava se beneficiar dele. A noite costuma ser longa para os que ficam acordados. É longa, porém finita e logo dá margem ao novo dia.

A B Queiroz
Enviado por A B Queiroz em 25/06/2012
Código do texto: T3743988
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