Paixão de Coletivo

"Passei a roleta e paguei ao cobrador o valor da passagem, o coletivo estava cheio, então permaneci de pé, não demorou muito e um ou dois pontos depois, ela entrou, transbordando beleza, e com leveza no seu andar, encantou todos os olhares masculinos da condução, inclusive o meu.

Cumprimentou o cobrador desejando uma "Boa tarde", que nunca vi tão linda, um sorriso simpático que me encantou, a fitei e percebi que agora nossos olhares haviam se cruzado, a timidez tentou desvia-los, mas permaneci olhando, até que ela cedeu e mudou a mira do seu atraente olhar, seus olhos eram belos, e deixavam-me ver além do seu lindo rosto.

Ela passou por mim causando arrepios e atiçando minhas narinas com seu perfume. Ficou a mais ou menos um metro de mim, não consegui olhar para outra coisa, senão ela, trocávamos olhares a todo o tempo, era nítido, o cúpido dos coletivos havia nos acertado, oh cruel cúpido, atira sua flecha e solta no ponto da frente...

Naquele momento esqueci cúpido, esqueci ponto, esqueci até do mundo e de seus infinitos problemas, eramos só nós dois, eu e ela, minha princesa da condução, não sei sequer como se chama, eu sei que ela ascendeu em meu peito uma chama, que inflama quando a luz dos olhos teus encontra a luz dos olhos meus.

Mas essa paixão não durou tanto, não o quanto eu queria, de repente, despertei daquela loucura e percebi que estava a um ponto do meu destino, a olhei pela ultima vez e desci. E no caminho para casa dei-me conta que havia esquecido algo no ônibus, revirei os bolsos da frente, chequei os do fundo e dei conta que tudo estava ali, quando senti o vazio no peito, percebi, a danada roubou meu coração."

João Caetano
Enviado por João Caetano em 04/06/2012
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T3705421
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