Atração
“Depois de uma semana ela já não agüentava mais. Precisava sentir o que ele era, precisava tirar a limpo toda aquela vontade que ela sentia de tudo que vinha dele. Não entendia, afinal, ele não era o que ela procurava. Ele não era nem um pouco romântico, não procurava alguém pra ser sua dona, aliás, não queria. Ele sempre colocou o amor próprio na frente de tudo. Na visão machista dele era tudo brincadeira, tudo um passatempo. Não ligaria se ela dissesse algo grande sentimento. Ela se via perdida. O sarcasmo dele a fazia ficar odiada. O modo de como ele se dirigia a ela era debochado. Isso a irritava e muito. Mas daquela sexta feira fria não ia passar. Ela o teria, mesmo que já tivesse quase desistindo.
Já era noite, todos dormiam e os dois ainda brigavam, era uma briga inútil, eles sabiam. De alguma forma aquilo era divertido para ambos. Ele cismara em dormir na rede que foi dela a semana toda. Ela então não pensou duas vezes, se colocou lá dentro também, não iria sair dali por nada. Assim que fez isso sentiu a diferença de temperatura entre os corpos, não entendia o porquê ele está quente se fazia frio. Os pensamentos delas se voltavam a uma raiva: como ele poderia ser tão insuportável. Já que nenhum dos dois cedeu nada, ela pôs a cabeça no colo dele. Pode sentir o coração dele acelerar e até em silencio riu disso. Por um impulso ela foi beijando – o .
- Posso?
- Pode. (ela subiu mais ainda o lugar do beijo e deu o próximo)
- Posso? (ele já respirava forte – aquilo se tornara uma diversão pra ela)
- Pode. (ele falou manso)
Já bem perto da boca ela não falou mais nada. Deixou que os seus sentidos misturados com todas as vontades que no meio dos dois existiam a guiassem. Enfim... o beijou, meio receosa, ela tinha medo de uma repressão. Medo que ele recuasse. Aquilo era tão proibido. Os pais dela estavam em casa, a mãe confiou neles ao deixar eles dormirem no mesmo cômodo. Eles não se importaram. Era como se não existisse mais ninguém no mundo. Como se eles devessem ficar ali, abraçados, embalados somente pela respiração de ambos. Algo que ela nunca havia sentido. Algo que ele nunca imaginaria que fizesse. Aquilo se repetiria. Eles já sabiam disso.”