No alto daquela rua

Ele a encontraria na “Praça das flores” – como havia no papel.

Marcados para as 14hs, quis dizer: marcaram para as 14hs. Nada poderia dar errado, planejaram isso durante muito tempo, estavam na mesma busca há anos... apressados e com saudade daquilo que parecia nunca chegar. Otávio esperava Joana...

Esperava...

Esperou...

- Joana? – ele falava ao telefone.

- Alô? – Joana fala como se desconhecesse aquela voz.

- Você não veio. O que houve?

- Quem está falando?

- Otávio. Sou eu, Joana... Otávio! Me responda porquê não veio. – Ele já perdia as forças

- Senhor, o que quer? Joana... O que quer com Joana? A Joana... – Alguém já falava em tom choroso desse lado da linha.

- Como assim? Não é Joana? Onde ela está?

- Joana andava triste, ninguém sabia o motivo. Ficava no computador ouvindo músicas que nós desconhecemos os autores, as letras, as fontes... Ela fez uma carta, me disse isso na tarde em que saiu, uma carta endereçada a um moço de nome “Silas Otávio”. Não tinha endereço, rua, cidade... nada.

Era o principio de um precipício.

Silas Otávio, como nunca fora antes...

Falou quem era, e que logo estaria chegando para buscar a dita carta que Joana havia lhe deixado. Caminhou durante 40min acompanhado somente por lágrimas apressadas caindo sobre o rosto e a vontade de no próximo passo se deparar com aquela face alegre de Joana, vista sempre de longe, tão longe.

Chegou à casa da mãe de Joana, abriu a porta, saudou-a com um abraço e perguntou onde estava a carta.

- Venha, está no quarto dela. Não tive coragem de abrir, até encontrar a quem ela estava endereçada. – Disse a mãe, com voz trêmula.

Silas Otávio abriu a carta que, em letras azuis, dizia:

"Meu bem,

Nos encontraremos hoje, sem falta, por favor não falte, no endereço que deixo logo abaixo. Não esqueça o nosso amor, nem muito menos que te amo infinitamente. Mas isso aqui não foi feito para nós. Você me entenderá, pelo muito que já conversamos. Venha. Você verá meu nome escrito com letras legíveis e num lugar bem cuidado, acredite. Não faltarão flores, nem luzes de velas, nem o luar no céu... nos acompanhando durante longas noites lindas. Não faltará o sol de todas as manhãs, que nos acordará para dias eternamente melhores.

Me encontre no Cemitério das Flores, no alto da cidade; Rua dos Selvagens, n° 1.

Quanto à morte, não te preocupas... ela me ensinou como te anestesiar – para que não sintas dor alguma.

Te beijarei, amor.

Até breve...

Joana"

-O que diz, meu filho? – perguntou a mãe, curiosa.

-Diz pra eu encontrar a felicidade o mais rápido possível.

Mabele
Enviado por Mabele em 02/09/2011
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