A mulher do retrato (continuação)
Seu olhar penetrante fita o observador, convidando-o a viajar no pensamento insólito dos seus olhos negros.
Seus lábios púrpura balbuciam um som inaldível, como quem pede um beijo úmido... como quem deseja um beijo molhado dado com amor.
Quem pode negar amor a essa mulher?
Quem viaja em seu pensamento errante?
Uma aura de mistério paira no ar, envolvendo o semblante alvo, convidando ao deleite...
A ternura do olhar envolve o observador atento, como se as deusas do Olimpo estivessem representadas por essa musa que inspira os poetas... que envolve os estetas... que se opõe à razão.
A primeira impressão que se tem é de uma amante envolta num véu de ilusões e mistérios. Musa que impões desejos escondidos. Mulher que se faz presente na realidade onírica da sala, onde sua imagem envolvente é mantida.
A moldura dourada do quadro empresta ao conjunto um ar de sobriedade e mistério.
Quem ousa revelar sua idade?
Oh! mulher! O queres de mim?
Minha imagem é um reflexo da sua.