EU PODERIA TER AMADO
- Eu poderia ter amado você.
- Será?
- Na verdade, eu sempre amei.
Ela olhou pela janela e viu que o sol aparecia mesmo com a chuva caindo. Lindo de ver. A primavera estava magnífica.
- O que aconteceu conosco? – Ele perguntou com os olhos escuros de incompreensão.
- O de sempre. Você veio por uns tempos e depois foi embora.
- Eu nunca quis que fosse assim.
Ela abaixou os olhos e fitou as próprias mãos.
- Você sempre soube que sempre seria assim. Eu também...
- Agora é diferente. Eu estou aqui para ficar.
- Por que não ficou antes?
A resposta, conhecida há muito tempo, não veio com facilidade.
- Porque tinha medo – ele falou com alívio.
- De mim? – Ela riu sem graça.
- De você não... De mim...
- E porque ficaria agora?
- Porque cansei de mentir.
- Eu não acredito.
Ele sorriu com compreensão.
- Aqui é o único lugar onde me sinto completo.
- Mas mesmo assim nunca ficou...
- Porque era um tolo.
- E não é mais?
O sol ganhou da chuva e o quarto ficou iluminado com o amarelo do fim da tarde.
- Não. Não sou mais – ele respondeu segurando a mão dela que descansava no lençol claro.
- As coisas mudaram...
- Eu não me importo.
- Eu já não sou a mesma.
- Eu não ligo.
- Nada será como antes...
- Tudo está perfeito. Não diga bobagens.
- Se você for novamente...
- Eu não vou. Não fale mais nisto.
Ela o fitou com os olhos cheios de dúvida.
- Quanto tempo você ainda ficará aqui? – Ele perguntou apreensivo.
- Até acabar.
- Não acaba assim... De repente.
- Quem sabe?
- Eu fico também.
- Não é justo.
- É o que eu quero.
- Por que?
- Porque perdi tempo demais longe de você.
- Então, venha aqui. Deite ao meu lado e me abrace.
Ele se acomodou na cama estreita e a abraçou tomando cuidado com os fios e com os aparelhos. Ela fechou os olhos e imaginou que tinham novamente vinte anos.
E enquanto ele acariciava os cabelos brancos e macios dela, ela se despediu pela última vez.
E ele nunca mais foi embora.
- Será?
- Na verdade, eu sempre amei.
Ela olhou pela janela e viu que o sol aparecia mesmo com a chuva caindo. Lindo de ver. A primavera estava magnífica.
- O que aconteceu conosco? – Ele perguntou com os olhos escuros de incompreensão.
- O de sempre. Você veio por uns tempos e depois foi embora.
- Eu nunca quis que fosse assim.
Ela abaixou os olhos e fitou as próprias mãos.
- Você sempre soube que sempre seria assim. Eu também...
- Agora é diferente. Eu estou aqui para ficar.
- Por que não ficou antes?
A resposta, conhecida há muito tempo, não veio com facilidade.
- Porque tinha medo – ele falou com alívio.
- De mim? – Ela riu sem graça.
- De você não... De mim...
- E porque ficaria agora?
- Porque cansei de mentir.
- Eu não acredito.
Ele sorriu com compreensão.
- Aqui é o único lugar onde me sinto completo.
- Mas mesmo assim nunca ficou...
- Porque era um tolo.
- E não é mais?
O sol ganhou da chuva e o quarto ficou iluminado com o amarelo do fim da tarde.
- Não. Não sou mais – ele respondeu segurando a mão dela que descansava no lençol claro.
- As coisas mudaram...
- Eu não me importo.
- Eu já não sou a mesma.
- Eu não ligo.
- Nada será como antes...
- Tudo está perfeito. Não diga bobagens.
- Se você for novamente...
- Eu não vou. Não fale mais nisto.
Ela o fitou com os olhos cheios de dúvida.
- Quanto tempo você ainda ficará aqui? – Ele perguntou apreensivo.
- Até acabar.
- Não acaba assim... De repente.
- Quem sabe?
- Eu fico também.
- Não é justo.
- É o que eu quero.
- Por que?
- Porque perdi tempo demais longe de você.
- Então, venha aqui. Deite ao meu lado e me abrace.
Ele se acomodou na cama estreita e a abraçou tomando cuidado com os fios e com os aparelhos. Ela fechou os olhos e imaginou que tinham novamente vinte anos.
E enquanto ele acariciava os cabelos brancos e macios dela, ela se despediu pela última vez.
E ele nunca mais foi embora.