Um sonho... ou não.

Eu não sabia por que havia ficado, porque não tinha acompanhado os outros.

Em um momento aquilo era uma brincadeira, a tarde de verão era ensolarada e quase mágica de tão bela, o carro corria pela estrada a toda velocidade, e nós festejávamos o fim de semana fora de casa; em outro... eu estava morta.

Dilon perdeu o controle da direção, o carro derrapou com violência e nós capotamos precipício abaixo. Bati a cabeça e por sorte perdi a consciência antes de assistir a morte dos outros. Quando o carro finalmente parou de girar estava em estado lastimável e mal era capas de ser reconhecido, os meus amigos não estavam nada melhor que aquilo, naquele momento eu achava que ainda estava viva, até que eu vi o meu corpo junto aos dos outros. Em pouco tempo o local estava lotado de policias que levaram nossos corpos para o necrotério, as famílias foram avisadas e logo depois avia uma pequena multidão cercando os corpos, choravam minha morte e não percebiam que ao lado dos cadáveres estava minha alma que via a todos, mas não era vista.

O que estava acontecendo?

No meio de tanta desolação algo me apertou o coração, algo forte e desesperador, uma sensação de que aquele não era meu lugar, que algo estava faltando, não era a primeira vez que isso acontecia, porem antes eu lutava e conseguia controlar esse sentimento, mas hoje foi diferente,eu não queria lutar, sai andando sem rumo deixando que meus instintos me levassem.

Depois de muito andar eu estava diante a uma escola a onde no meio de um círculo de adolescentes estava o garoto mais impressionante que eu já havia visto, com olhos negros como ônix, enquanto todos agiam normalmente ele parou de falar bruscamente e se afastado do grupo com os olhos vidrados em mim, fique imóvel não conseguia me mover. A medida que se aproximava eu sentia o aperto no peito se desfazendo abrindo lugar para um sentimento que eu não conhecia, quando finalmente estava a minha frente foi como se o mundo tivesse parado e suavemente ele segurou minhas mão entre as dele... e naquele momento acordei sobressaltada.

Alguém me sacudia pelo braço.

-Acorda dorminhoca. – Dilon gritou do banco da frente do carro.

Olhei atômica para ele, depois pela janela do carro, e novamente para ele.

- o que é que foi? – Aline perguntou – parece que viu assombração.

Escorei a cabeça contra o banco, tinha sido apenas um pesadelo, não tínhamos capotado.

-Foi só um pesadelo, nada demais galera. – disse baixo, em parte aliviada por estarmos todos vivos, por outro lado o aperto no peito ainda estava ali.

Sentia-me mal, minha cabeça girava, e achava que ia vomitar.

-Dilon, para o carro.

-O que?

-para o carro, não estou me sentindo bem. – quase gritei.

Ele parou o carro na frente de uma escora, sai meio cambaleando de dentro e me escorrei numa arvore. O nó parecia que tinha se alastrado por todo o meu corpo e me esmagava.

Senti uma mão pousar no meu ombro, quase lhe dei um tapa, não fosse a alivio que esse toque me trousse.

Virei para ver quem estava atrás de mim e me assustei quando vi um maravilhoso par de olhos cor de ônix me olhando. O nó no peio evaporou e sentia-me em casa.