UMA NOITE ESTRELADA

Pude ver o manto azul escuro que a noite estendeu sobre nós. Havia algum tempo que estávamos sentados sobre a areia macia da praia. Eu estava somente de passagem, viajara a estudos. Mas por um acaso nos encontramos na cidade. Havíamos tomado um drink no restaurante e ele me convidara para caminhar na praia, já que estávamos sem ocupação. Há muito tempo eu já estava apaixonada por ele, esperando que o dia de encontrá-lo finalmente chegasse. Não esperava que fosse tão mágico.

Conversávamos sobre várias coisas, sobre assuntos comuns. Sobre constelações, sobre o mar, sobre futuro e sobre a vida.

Ele me contou o quanto sentia falta da vida simples, que agora tudo estava sendo diferente.

Trazia consigo a beleza de um anjo magnífico, com vestes simples e um coração puro, apesar de toda a fama que possuía. Permiti-me observá-lo por completo. A camiseta preta fazia transparecer o brilho da medalha de cintilava no pescoço. A bermuda jeans suja pela areia, e brincava com os dedos o tempo todo, e com o anel preto inseparável.

Ele me observava instantaneamente. Eu vestia uma mini saia rosa e uma regatinha branca com algumas estampas. Estava no auge dos meus dezoito anos, e ele vinte e um. Meu cabelo solto brincava com o vento enquanto nossos olhos não se separavam.

Tentei resistir a ele, mas ele era inegável. Queria muito me entregar, porque sabia que ele era meu verdadeiro amor.

Foi então que ele me beijou. Primeiro, um beijo ansioso, quente, onde apenas nossos lábios se tocaram. Deslizei as palmas das minhas mãos pelas suas costas até acariciar seus lindos cabelos negros arrepiados.

O beijo se tornou intenso, profundamente romântico, a partir daquele momento eu percebi que não precisava de mais ninguém, que o que eu senti por ele durante quatro anos realmente havia sido algo além de amor de fã.

Ele me beijou até encontrar minha tatuagem de estrelinha no ombro, o que significava que eu era apaixonada por uma estrela.

Nos amamos perdidamente ali na areia daquela praia deserta, sobre a luz da lua e o brilho de cada estrela. Lágrimas de amor deslizaram sobre meu rosto quando eu lembrei da música: “No farol, em uma ilha, numa noite tão vazia eu beijei você, até o amanhecer”.

Depois de um longo tempo deitados sobre a areia, eu resolvi levantar e correr pela praia, ansiando que ele viesse correr atrás de mim. Eu nunca havia sido tão feliz. Então ele enfim me alcançou, me pegou no colo e foi em direção ao mar. Mergulhamos e depois começamos a brincar de jogar água um no outro, e então seguimos abraçados até o hotel em que ele permaneceria até o outro dia.

Chegando no hotel, fomos tomar um banho. Fiquei admirada com tanto luxo. Realmente não precisava disso.

As maçanetas da porta eram de bronze, e o banheiro todo em mármore. Embaixo da água morna, sobre o perfume das espumas permanecemos abraçados sem pronunciar uma palavra por um longo tempo.

Eu ainda achava que aquilo era um sonho, e que a qualquer momento eu acordaria. Foi então que lembrei: “Se for sonho, não me acorde, eu preciso flutuar”.

Enquanto eu penteava meus cabelos, ele abria uma caixa de chocolate. Foi inevitável, e eu tive que cantar: “De chocolate nosso amor é feito, então não tem jeito... Gruda em mim, isso não é só confeti, me abrace enlouquece, meu vício sem fim!”.

Ele me olhou e deu um enorme sorriso, o mais brilhante que eu já havia visto.

Deitamos sobre a enorme cama para nos deliciarmos com o chocolate, perdidos entre um amor que jamais teria fim. Então eu chorei quando ele enfim ligou a TV á cabo e estava passando o filme: Encontro com seu ídolo.

Naquela noite eu entendi o que a vida e o destino tanto tentaram me mostrar, todos os sinais, enfim fizeram sentido, apesar de eu não ter mais esperanças.

Ele adormeceu, mas eu não consegui. Fiquei observando sua beleza por um longo período. Decidi que iria escrever um livro chamado: “Como os anjos dormem”.

Desci da cama e fui até a sacada daquele hotel. A lua cheia estava lá, tão perfeita iluminando aquela noite maravilhosa, e as estrelas piscavam radiantes, pareciam corresponder á minha felicidade.

Mas partiu o meu coração quando eu vi mais de trinta meninas dormindo embaixo daquele hotel. Todas com faixas com o nome dele, algumas com cobertores, outras com camisetas. Lembrei-me de quando eu era uma delas. Lembrei-me do quanto eu sofria quando elas conseguiam e eu não. Mas agora eu estava ali com ele, eu havia conseguido. Eu fui uma das escolhidas.

Deitei-me e adormeci ao lado do meu amor. Quando amanheceu, abri as cortinas, mas elas já não estavam mais lá. Contei a ele, mas ele disse que já havia se acostumado.

Então ele começou a arrumar as coisas, e pedi se ele ia embora. O sim que eu já esperava ouvir veio como uma punhalada. Eu jamais queria me separar dele, mas era necessário.

Nos despedimos na porta do hotel. O abraço da despedida doeu mais do que os quatro anos de espera por esse dia. E agora eu sabia, havia sido apenas mais uma. E talvez eu nunca mais o visse. Talvez nunca mais o tocasse, talvez nuca mais fosse feliz de novo.

Ele me abraçou forte, e disse que ainda me procuraria. Infelizmente, não consegui acreditar em suas palavras. Vê-lo entrando no automóvel e seguindo para o aeroporto foi como se alguém tivesse tirando meu coração de dentro do meu corpo.

Fui até a praia, deitei sobre a areia e chorei. Chorei o máximo que pude, chorei por ter passado, apesar de estar muito ciente de que passaria. Chorei porque as despedidas doem muito mais do que não vê-lo. Simplesmente chorei, agora apenas com as lembranças daquela noite perfeita.

Tainara LS
Enviado por Tainara LS em 15/06/2011
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