Um anjo chamado Flávia
Hoje,fazem trinta e cinco anos que fui presenteada com um anjo.
Anjo mesmo!
Pois só vi nascer, nem pude pegá-la no colo, pois logo que veio ao mundo as enfermeiras e o pediatra a pegaram e nem pude curtir ela em meu peito, como toda mãe faz quando nasce seu bebê. Foi logo para a encubadora. Ela nasceu de sete, quase oito meses.Acho que se fosse nos dias de hoje ,ela estaria aqui comigo,pois, hoje os recursos são maiores. Ela só nasceu com o pulmãozinho mal formado e hoje em dia trata-se disso até ainda na barriga da mamãe.Durante todos os dias que esteve internada eu mandava leite materno para o hospital,e davam de colherinha para ela .Era tanto leite que eu mandava e acho que até alimentava outros bebes, que talvez as mães não tivessem leites para eles. E com isso talvez ela tenha feito a sua doação mesmo que nem tenha vivido tanto. Eu, graças a Deus, tinha tanto leite que mesmo sem ela estimular, o leite brotava como se fosse para alimentar várias crianças.
Após dez dias,Deus a levou!
E uma enfermeira que eu conhecia,e quem trocou sua roupinha me disse: - Realmente o seu leite alimentou várias
crianças muito menores que ela. E se eu soubesse disso teria
continuado doando meu leite. Mas eu era muito jovem e nem
imaginava isso!
E eu ,às vezes, me arrependo de não ter pego ela do caixão
e abraçado-a. Não fiz isso pois estava de resguardo e estava
com muita dor de cabeça. E como tinha uma menininha de um ano e dez meses, me aconselharam a não fazer isso.
E quando a puseram naquela gaveta, eu pensei:
-Até outra vida, meu anjo!
E quando cheguei em casa ,vi aquele bercinho que a esperava.
Chorei muito!, mas peguei toda sua roupinha e doei para um orfanato só de meninas!
Difícil foi explicar para sua irmãzinha que a esperava com
ansiedade.
Mas Deus sabe o faz, a gente é que não sabe o que diz!
Após um ano e meio tive uma outra menininha!
Eu e meu marido costumamos dizer: temos duas filhas e um anjo que está olhando por nós!
Obrigada ,recanto das letras, por me dar a oportunidade
de postar esta minha saudade!