De repente, sentiu seus sentidos voltarem ao normal, e percebeu que um barulho estridente a chamava de volta à realidade!
  À contra gosto, foi atender à porta como estava, sem perceber que, mesmo desalinhada, era muito sensual!
  Escondeu-se como pode atraz da porta, pois, estava desarrumada e, ao avistar o visitante, um misto de vergonha e curiosidade fez-lhe levantar uma sobrancelha.
  O visitante se dizia ser o novo vizinho, e gostaria de saber onde poderia encontrar no bairro uma loja elétrica.
  Ela, educadamente o instruiu quanto ao lugar e, se despediu.
  Prosseguiu com seus afazeres, porém, com um novo sentimento dentro de si!
  Ia levando a vida, mas, a partir daquele dia, empenhou-se em melhorar sua aparência.
  Fazia agora no parque do bairro, caminhadas e exercícios físicos.
  Toda a manhã, após despachar a família aos seus compromissos, vestia sua roupa esportiva e ia para sua corrida matinal.
  Sempre encontrava seu vizinho, também esportista, exercitando-se antes do trabalho.
  Passou a observar-lhe sem que ele percebesse, e, mal sabia ela que também era observada com muita curiosidade!
  Cumprimentavam formalmente apenas e, com poucas palavras se despediam.
  Ele era um homem muito bonito. Deveria ter por volta de 40 anos e, num corpo bem cuidado para um homem desta idade, provocava frenesi entre as mulheres.
  Seus olhos, de um verde profundo, onde sobrancelhas muito pretas delineavam o conjunto. A boca carnuda deveria ter sido beijada por muitas!
  Uma covinha manhosa enfeitava seu queixo, dando a imprensão de ser de origem européia. Cabelo negro bem cortado deixava à mostra uma nuca sensual!
  Imaginava-o como cigano da era moderna.
  Por muitas vezes, encontraram despretensiosamente nos comércios do bairro e, sempre polidos, foram se conhecendo.
  Alguma coisa estava mudando dentro dela.
  Já não se levantava mal humorada e, carinhosamente cumpria suas tarefas após correr no parque.
  Não percebia que esperava ansiosamente seu encontro com o novo vizinho.
  Com o passar do tempo e com exercícios praticados agora religiosamente, seu corpo foi tomando formas mais sensuais e ela, esmerava-se em estar sempre bem arrumada apesar da simplicidade de suas roupas.
  Obteve melhor forma física, cuidou melhor dos cabelos que eram de um dourado invejável!
 Fazia agora todas as semanas às unhas no salão e, como era uma mulher bonita, aflorava nela um ar de mistério que chamava a atenção por onde passasse.
  Num dia, uma festa estava sendo preparada pela vizinhança toda do bairro para o santo padroeiro da igreja e, eufóricos, todos colaboravam da melhor forma para que tudo saísse perfeito.
  Na grande noite, barraquinhas de comidas típicas e brincadeiras faziam a alegria da criançada.
  Todos estavam presentes, inclusive o vizinho.
  Seus olhos, sempre se procuravam e ela ainda não percebia que estava apaixonada.
  Como ele era gerente no banco em que ela era cliente, todas as semanas, uma nova desculpa era criada para lá comparecer.
  Nesta noite de festa ela estava especialmente linda! Um vestido florido, de um pano muito leve, delineava suas formas agora muito bem torneadas. Sandálias douradas adornavam seus pés e, como complemento, na boca um Baron vermelho vibrante, convidava ao beijo.
  O marido, sempre introspectivo, parecia não notar sua transformação e ela, na verdade, não sentia falta disto.
  Cuidava de todos como antes, porém, agora, cuidava-se também.
  Ao se encontrarem em uma das barraquinhas de doces, seus olhos foram surpreendidos por outro, quente, sensual, percorrendo-lhe o corpo de forma que, um calor imenso toma conta de suas partes mais íntimas. Sem querer, suas mãos se tocam ao escolherem o mesmo doce e foi como se um choque percorresse sua espinha. Desculpando-se mutuamente, seguiram cada um para um lado, e ela, envolvida com a algazarra das crianças que brigavam ao redor, despediu-se dele, sem, contudo, tirar da cabeça a sensação que sentira.
  A partir daquele dia, mais e mais esperava a caminhada acontecer para vê-lo novamente.
  Com isto, uma nova amizade ia nascendo e sempre encontravam desculpas para se verem.
  Até que, num dia chuvoso, se encontraram na garagem do prédio em que moravam e, como a luz acabara de repente, tiveram que subir aos apartamentos pela escada.
  Ele, gentilmente, ofereceu-se para levar suas sacolas de compras e ela, subindo na frente, aceitou. Como moravam no mesmo andar, foram subindo juntos. Olhos quentes, a fitavam pelas costas, provocando uma sensação de calor apesar do frio. Ele a observa e um desejo imenso toma conta de si ao vislumbrar os quadris arredondados, onde os exercícios constantes fizeram com que a cintura ficasse bem marcada. Sensualmente, ela subia pelas escadas e, ao chegaram ao andar em que moravam, quando ele passou-lhe suas compras, suas mãos se tocam novamente e, desta vez, não se afastam tão rápido! Uma pequena carícia foi trocada e, sem muitas palavras, se despediram, ela agradecendo pela gentileza e num trocar de olhos ávidos pela curiosidade, uma chama se acendeu em ambos.
ROSA SERENA
Enviado por ROSA SERENA em 24/07/2010
Reeditado em 27/08/2010
Código do texto: T2396984
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