A mais pura forma de Amor - Capítulo X

-Águia... –Chamou um tanto quanto carinhosamente, mas não obteve resposta. –Águia... –Insistiu, dessa vez mexendo um pouco nos cabelos que agora estavam curtos e perfumados. –Acorda, Águia...

O Garou apenas resmungou algo inteligível, e se virou para o outro lado, enrolando-se ainda mais no cobertor pesado e macio.

-Já anoiteceu, Águia. –O vampiro falou um pouco mais alto, demonstrando certa impaciência.

-E daí..?

-E daí que você prometeu que hoje a gente ia embora dessa cidade de merda. –Respondeu mal-humorado, tentando tirar à força os cobertores nos quais o lobisomem se agarrava com afetuosidade.

-Mas tá chovendo... –O outro tentou argumentar sonolento, abraçando-se a sua querida e quente manta.

-E daí que tá chovendo? -Revoltou-se. -Você é lobisomem, não é gato para ficar preguiçoso com chuva!

-Ah, mas a cama tá tão boa... Fazia tanto tempo que eu não dormia numa...

-Toma vergonha e deixa de preguiça, homem! Você dormiu o dia inteiro!

-Vai encher o saco de outro... Só porque você não dorme de noite, não quer dizer que os outros não durmam.

O vampiro suspirou irritado, e então, com um feroz puxão, arrancou as cobertas às quais o lobisomem se agarrava com tanto carinho.

-Desgraçado!

-Preguiçoso! Agora levanta e pega isso... –Disse ainda um pouco irritado, estendendo um pacote, colocando-o na direção das mãos do Garou. –Come.

-O que é?

-Hambúrguer.

-Não tinha outra coisa, não?

-Qual outra refeição que você conhece que dá pra comprar com dois dólares?

-Não era você que tava cheio da grana?

-Tô economizando pro ônibus... Você não quer ir andando para Nashville, né?

-Por causa da sua preguiça eu vou ter que comer isso? –Águia perguntou um tanto revoltado.

-Deixa de frescura! Hambúrguer é gostoso!

-Pode ser, mas você sabe que eu não gosto de comer animais mortos.

-Diz isso pro Flik... Ah, acho que você já digeriu ele, né? Olha por teu tamanho, cara! Você parece um armário! Vai me dizer que você consegue viver comendo só folha? Nem vem... Você é um lobo, cara. Carnívoro! Então coma sua carne e não reclame.

-Depois de um discurso tão motivador quanto esse... –O Garou comentou sarcástico, finalmente desembrulhando seu sanduíche e começando a comê-lo, sua face ainda um pouco revoltada.

Águia comia com certa agressividade, o que fez com que uma generosa quantidade de mostarda sujasse a sua boca, o que fez com quer Carlo risse, e com um guardanapo de papel, limpasse aquele lobisomem.

-Você parece criança às vezes, sabia? –Perguntou com certa doçura na voz, deixando o guardanapo de lado e pode-se então a acariciar os curtos cabelos negros do outro.

-E você é tão maduro... –Comentou sarcástico mais uma vez.

-Eu tava aqui pensando… Por que é tão difícil a gente ficar sem brigar, heim?

-Porque somos opostos.

-Dizem que opostos se atraem... Eu acho que é verdade... Normalmente, eu jamais ficaria com um cara que tivesse me batido, mas olha eu aqui, fazendo cafuné no idiota que me arrebentou ontem.

-Ele te arrebentou porque você o molestou... –Águia defendeu-se.

-Mas eu ainda acho que ele tava doido para ser molestado... –Carlo replicou descontente, parando de fazer cafuné no Garou.

-Ele não é gay. –Afirmou seriamente, lutando contra o rubor em sua face.

-Ele é sim, só que encubado.

-Você notou?

-Que você é um encubado?

-Não, seu idiota. Que nós estamos caminhando em direção à outra briga.

-Quer o quê? Você fica me chamando de idiota! –O vampiro se revoltou.

-Ah, Mãe Gaia... Dai-me forças... Pensando bem, não me dê força não, dê-me paciência, porque se a senhora me der forças... –O lobisomem sussurrou notavelmente provocativo, simulando uma oração, a qual conseguiu deixar o vampiro realmente irritado.

-Ah, vai se lascar! –Carlo finalmente perdeu a paciência, e então se levantou da beirada da cama. Mas para variar, viu-se seguro pelo braço, e graças a um puxão relativamente forte, foi trazido de encontro ao colchão, ou mais especificamente, ao encontro dos braços de Águia.

Em um abraço carinhoso, o Garou prendeu aquele vampiro, e pôs-se então a falar no ouvido dele, em tom doce e convincente, o qual fez o vampiro quase derreter.

-Você não pode ir, Carlo... Eu preciso de você, e você precisa de mim... Podemos não saber ainda exatamente porque ou como, mas é fato que agora fazemos parte da vida um do outro, e por isso temos que aprender a conviver, por mais difícil que seja às vezes. Essas dificuldades provavelmente são uma lição de Gaia para que nós dois possamos aprender com nossos erros, e então desenvolver nossas habilidades, especialmente a de nos manter calmos e serenos, pois só assim conseguiremos vencer os desafios que se colocarão em nossa jornada...

Ouvindo aquilo tudo, aquelas tão sábias palavras, Carlo não conseguiu fazer nada além de se sentir embasbacado e deixar seu queixo cair um pouco. A expressão surpresa em sua face só foi deixada de lado quando notou certa revolta na face de Águia.

-O que foi?

-O Pai Unicórnio tomou meu corpo sem permissão!

-Bem que eu tava achando bonito demais para ter sido você falando aquilo... –O vampiro comentou maldoso, mas então aproveitou a proximidade em que se encontrava e encolheu-se contra o forte peito daquele lobisomem. Diferentemente de Águia, ele não tinha motivo nenhum para negar que adorava estar abraçado ao maior. Os braços de Águia lhe transmitiam uma paz e uma segurança supremas, e não lhe causava vergonha admitir que adoraria ficar daquele jeito por toda a eternidade.

-Carlo... –Águia chamou-o após cerca de dois minutos naquele abraço, um tanto envergonhado pela proximidade.

-Hum..?

-Você não tinha dito que tínhamos que ir?

-Mas ta chovendo...

-E daí? –Águia perguntou já um pouco impaciente.

-Você tá quentinho...

-Você está frio. –Disse, sua voz tão aparentemente fria quanto ele acusava o outro de ser.

Carlo se levantou, olhando triste para Águia. Mesmo vendo o leve rubor na face dele, e compreendendo que o lobisomem ainda não aceitava bem aquela intimidade, o argumento utilizado fora doloroso demais.

Águia, mesmo sem ver, pode sentir o peso da mágoa que era jogada sobre si, e abaixou a cabeça, arrependido. Levantou-se, ainda escondendo a face por traz dos fios negros que caiam sobre ela, e então abraçou Carlo.

-Desculpa...

O vampiro nada respondeu.

***

-Essa cidade fede mais do que a primeira... –O Garou comentou em mais uma tentativa –infrutífera- de puxar um conversa.

Carlo mantinha-se calado, aparentemente emburrado.

-Você vai ficar me ignorando até quando? –O lobisomem perguntou revoltado, quando finalmente desceram no terminal rodoviário.

Mas a única reação de Carlo foi pousar um dedo sobre os lábios dele, em sinal de que deveria fazer silêncio.

-Nós estamos sendo seguidos... –O vampiro sussurrou.

-Por quem? –Águia perguntou também em sussurro, franzindo levemente o cenho.

-Uma mulher... Ela tá nos olhando estranho desde que descemos do ônibus...

-Em que direção ela está?

-Logo atrás, um pouco à esquerda.

-Mais ou menos quantos passos de distância?

-Uns quinze, por quê?

-Leve-nos para um lugar que tenha menos gente, para eu identificar...

-É mais seguro aqui, com bastante gente em volta.

-Não vamos poder ficar aqui, já que logo vai amanhecer... Melhor resolvermos logo isso.

-Mas eu acho que ela é uma vampira... –Carlo falou apreensivo.

-Eu tenho cara de quem tem medo de vampiro? –Provocou.

Carlo suspirou, já levando Águia consigo por entre algumas ruelas menos movimentadas.

-É vampira sim... Mas não é só uma... São dois... Tem um mais distante, também nos seguindo.

-Como você sabe? –Carlo perguntou.

-Pelas auras. As auras deles são nojentas, e eles estão doidos para nos matar...

-E você ainda faz a gente sair da multidão? –O mais jovem conteve-se para não gritar. –Eles sabem o que nós somos?

-Devem saber o que você é... Se soubessem o que eu sou, não se aproximavam...

-Convencido...

-Quer ver? Leva a gente para um lugar deserto.

-Vai brigar, é?

-Fatiar.

-Nem vem, Águia! O que eu menos quero é chamar atenção! Você fica quietinho, enquanto eu falo com eles!

-É meu dever lutar contra a Wyrm sempre que eu a encontrar.

-Lute depois que a gente conseguir pelo menos se estabelecer! Agora quieto, ela tá vindo...

-Desistiram de fugir? –A mulher perguntou assim que se aproximou. Seus passos eram lentos, mas repletos de destreza, originados pela perfeita sincronia de movimentos realizada pelas pernas grossas que se exibiam graças à mini-saia que ela trajava. –Vamos, vamos para um lugar mais discreto... –Ela praticamente ordenou, indicando com um leve meneio de cabeça a direção de um beco. Deserto.

E apesar do sorriso aparentemente amistoso que a bela face negra detinha, Carlo sabia que estava encrencado. Segurando o ante-braço de Águia, tentou acalmar o Garou, e ao mesmo tempo acalmar-se.

-Fugir? –Sorriu, tão falsamente quando a mulher que o encarava. Olhou para trás dela, de onde vinha um homem muito alto e musculoso, bem maior que Águia. Aquilo quase o fez engolir em seco, mas se conteve. Sabia que estava sendo analisado. –Não sei do que você tá falando. –Disse por fim, seguindo então lentamente para onde lhe fora indicado, levando Águia consigo.

-Não se finja de bobo... –Ela falou de maneira sensual, e com mais dois movimentos de suas belas pernas, estava ainda mais próximo deles. –Acredito que conheças as tradições...

-É claro que conheço. –Mentiu, descaradamente. Havia ouvido falar sobre essas tais, sabiam que eram importantes... Pena que nunca ninguém as ensinara.

-Que bom então... Chamo-me Desiré... E você, meu querido? –Ela perguntou de maneira sensual assim que pararam de andar, fazendo uma pose quase que teatral, mostrando ainda mais sua beleza inumana.

Carlo sentiu como se aquilo fosse um último espetáculo a ser assistido antes de morrer definitivamente. E a maior evidência de que as coisas não ficariam nada boas era o fato de estarem encurralados.

-Hum... Jack... –Carlo respondeu o primeiro nome que lhe veio à mente.

-Jack... –Ela repetiu enquanto seu sorriso maldoso parecia se alargar. –E o do seu... Amiguinho?

-Ah, esse é o... O Igor...

-E posso saber quem é o... Igor?

-O Igor? Apenas um companheiro de viagem... –Tentou desconversar. –Bem, agora, se nos permite... –Puxou Águia e tentou passar por ela, mas Desiré se moveu um pouco, colocando-se na frente dos dois.

-Posso saber para onde vão?

-Procurar um hotel... Recomenda-me algum?

-Oh, claro... O Loews Vanderbilt é o melhor da cidade... Se bem, que não acho que você possa bancar tais luxos... –Ela riu de maneira arrogante. –Mas tem uma pousada bem barata perto da estação de ônibus de onde vieram...

-Ah, sim... Obrigado... –Carlo conteve-se para não soltar alguma resposta mal-educada, e mais uma vez tentou sair.

E mais uma vez, foi impedido.

-Mas queridinho, achas adequado ir para lá antes de seguir os protocolos?

-Os protocolos?

-Não vais te apresentar a ele?

-Ele quem?

-Você é idiota ou o que?! –O homem que se mantinha atrás da mulher chegou a erguer sua mão para ameaçar Carlo com um soco, mas duas coisas o impediram.

A primeira, quase insignificante, fora Águia colocando-se a frente do frágil vampiro.

A segunda, e derradeira, fora o olhar de desaprovação e os lábios levemente torcidos em evidente sinal de descontentamento que aquela vampira lhe mostrara.

O brutamontes pareceu encolher ante os olhos dela, e deu alguns passo para trás, voltando a sua posição inicial.

-Creio que estamos com problemas de comunicação. Você chegou à cidade agora, não foi?

-Err... Sim...? –Respondeu incerto.

-Então... Nosso querido Príncipe não é muito simpático com aqueles que não seguem as tradições.

-Não é este o meu caso... –Respondeu mais incerto ainda, tentando imaginar do que aquela mulher estava falando. Parecia ser importante, mas para alguém tão ignorante a respeito da sociedade vampírica quanto ele, não fazia o menor sentido.

-Vais te apresentar a ele, então?

-Vou sim, imediatamente. –Disse nervosamente, segurando ainda mais forte no braço de Águia. –Então, se me dá licença... –Outra vez tentou passar por ela, mas a mesma o impediu, colocando sua mão bem na frente dele, tocando-lhe levemente a lateral da face.

-Suponho então que saibas onde encontrar Richard...

-Claro que sei.

-Oh, que coisa... Como você descobriu? –Ela sorriu, e Carlo quase tremeu ante a perversidade que ele viu naquele sorriso.

-Hã?

-Apenas os responsáveis pela segurança de Richard sabem onde ele fica... –Ela falou baixo, aproximando mais seu corpo ao de Carlo, enquanto sua mão descia pelo pescoço dele, fazendo-o temer pelo que aconteceria. –Como que um forasteiro sabe onde encontrar o Príncipe da cidade?

-Oh, claro, havia me esquecido desse detalhe... Onde posso encontrar algum dos responsáveis da segurança dele para agendar uma visita?

-No caso, seria eu... –Ela deixou uma de suas grandes unhas fazer pressão contra o pescoço de Carlo, na iminência de cortá-lo, fazendo com que Águia franzisse ainda mais as sobrancelhas, irritado demais com aquela situação.

Os músculos do Garou estavam totalmente tensos, mais do que preparados para se moverem no menor sinal de necessidade. Ele virou sua cabeça para o lado direito, fazendo com que Desiré notasse com ainda mais facilidade a inquietude dele.

-Acho que seu amigo não está se sentindo bem... Parece estar nervoso... Será que estão escondendo alguma coisa de mim? –Ela deixou sua língua resvalar pela bochecha fria de Carlo, o qual não conseguia mais nem se mover, tamanho seu nervosismo. –Jack, Jack, Jack... Você é tão bonitinho... Uma pena que você tem cheiro de... Caittif... –Ela sorriu, e quando estava prestes a enfiar suas unhas com toda força no pescoço daquele pobre sangue-fraco, sentiu unhas ainda maiores cravadas em seu fino braço.

Levantou o olhar e deparou-se com uma criatura enorme e medonha, repleta de pêlos em com a face de um lobo.

A bela vampira deu um pulo para trás, fazendo força para desvencilhar-se das poderosas garras que acabaram por rasgar sua delicada pele. Pelo menos conseguira afastar-se daquele monstro cujo maior desejo era sem dúvida arrancar-lhe as tripas.

O vampiro maior, que até então se mantinha atrás dela, finalmente avançou pondo-se na frente de sua mestra, mais do que disposto a morrer pela segunda vez, desde que fosse para defendê-la.

-O que está esperando, idiota? –Elo gritou irritado, olhando para o lado, e então se pondo em guarda, para defender Desiré caso o monstro avançasse.

E Águia de fato avançou, mas tão logo deu o primeiro passo, um disparo foi ouvido, seguido de outro. Mas ao contrário do que se poderia imaginar, o Garou não foi pego e surpresa, e com sua incrível velocidade, puxou Carlo para si e o abraçou, colocando bem na frente dele, defendendo-o da bala disparada pelo capanga cuja a presença o Filho de Gaia havia notado desde o início.

A primeira bala adentrou suas costas, e lá se alojou. Águia não sentiu nada além de um leve desconforto. Aquele pedacinho de ferro não era nada contra ele.

A segunda bala, todavia, atingiu de raspão o alvo inicial, fazendo com que a testa de Carlo se abrisse em corte superficial, mas suficiente para derramar seu sangue, e com isso chamar a atenção de Águia. E como o lobisomem, em sua cegueira, fora incapaz de ver que seu vampiro continuava bem, tratou de imaginar então o pior, e conseqüentemente perdeu toda sua parca calma. Como era de se imaginar lançou-se então sem dó contra o cadáver brutamontes que ameaçava agora partir para cima de si.

Exatamente dois segundos, dois movimentos, e dois cortes. E lá estava a cabeça do vampiro separada de seu corpo, para que em seguida fossem ambos transformados em cinzas, e desaparecessem pelo ar.

Águia voltou-se na direção da mulher, identificando-a pelo cheiro podre de maldade que ela exalava, que nem o mais caro de todos os perfumes franceses seria capaz de esconder do focinho de um Garou que lutasse verdadeiramente por Gaia.

Ela se assustou, gritou, deu cambaleantes passos para traz. “Mate-o!”, ela ordenou ao seu carniçal, aparentemente não tenho nenhum experiência no quesito ‘Lobisomens’. E nisso mais um tiro foi ouvido. Apenas um tiro, pois antes que os dedos sujos daquele carniçal pudessem apertar o gatilho outra vez, Águia jogou-se contra ele, recebendo sem receio aquele tiro contra seu peito, sentindo a bala atravessar-lhe e sair por suas costas. Não sentiu nenhuma dor, todavia.

Tudo que sentiu foi uma profunda satisfação ao ter suas garras rasgando as roupas e a carne daquele infeliz que ousara atentar contra Carlo. Não precisou sequer decapitá-lo, como fez com o outro. As costelas quebradas trataram de perfurar os pulmões, fazendo todo o serviço.

Aquele carniçal morreu dolorosamente, agonizando no chão e tossindo sangue até que o ar lhe faltasse por completo. Um justo castigo, não apenas por ter se aliado à Wyrm, mas também por ter ousado machucar seus preciosos olhos.

Agora seria a vez de Desiré, mas pelo jeito, a mesma havia compreendido que enfrentar sozinha um lobisomem era algo muito além das suas possibilidades, mesmo para alguém na posição de Xerife da cidade.

Águia ainda podia farejar a podridão dela pelo ar, afastando-se rapidamente. Pensou em caçar a maldita até matá-la. Seria esse o seu dever, destruir a Wyrm... Mas definitivamente tinha uma prioridade.O cheiro do sangue de Carlo, mesmo que fraco, deixava-o agoniado, e por isso ele tratou de ir até onde o vampiro estava.

-Carlo, como está você? -O Garou perguntou aflito, tateando Carlo, querendo achar onde estava o ferimento.

-Eu tô bem, Águia...

-Mas um tiro te acertou!

-Dois tiros te acertaram!

-Mas eu sou Garou!

-E eu sou vampiro, eu já tô morto, acha que um tiro vai me fazer mal? Agora deixa de ser besta... Vamos sair daqui antes que apareçam mais deles... Além disso, daqui a pouco vai amanhecer, e eu tenho que cuidar de ti antes de virar cinzas... 'Bora, volta pra forma de homem...

O lobisomem nada disse. Apenas voltou à sua forma hominídea, e em seguida soltou um leve gemido de dor. Uma vez que a adrenalina não estava mais sendo jogada em torrentes na sua corrente sanguínea, seus ferimentos e a bala no interior começaram a incomodar um pouco.

-'Bora lobão, aguenta... 'Bora passar numa farmácia antes, que pelo jeito tem bala dentro de ti, né?

-É... Pelo jeito... Pelo menos não é de prata...

-Acho que não estavam esperando por um lobisomem.

-Não mesmo... -Águia sorriu, deixando-se guiar por Carlo.

-Tá rindo, né?

-Fazia tempo que eu não enfrentava a Wyrm... Isso revigora.

-Que bom que você fica feliz, porque nós estamos encrencados.

-Por quê?

-Porque o que vai surgir de vampiro nos caçando agora não vai ser brincadeira.

-É só arrancar a cabeça deles todos.

-Fácil, né?

-Facílimo.

-É cara, você não tem muito juízo não...

Ryoko
Enviado por Ryoko em 17/07/2010
Código do texto: T2382695
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