CONTO IMAGINÁRIO

Ela sempre pensou em como seria seu encontro com o ser imaginário. Pegava-se pensando, por diversas vezes, em como seria a personalidade, o toque, o cheiro, a aparência daquele que povoava seus sonhos e desejos mais secretos.

Certo dia, durante uma insônia na madrugada, começou a escrever. Detalhadamente ia descrevendo o encontro com o seu namorado imaginário...

Naquele momento a única coisa que ela conseguia pensar era em como tudo aconteceu. O mais impressionante é que ela não queria conhecê-lo! Tinha medo, mas, ao mesmo tempo, a sua curiosidade gritava dentro de si pela oportunidade de um novo contato. Sabe quando você quer e também não quer? Foi exatamente o que ela sentiu naquele instante. Encheu-se de idéias, imaginações e sensações. Só não sabia como era possível planejar tantas coisas envolvendo alguém que nunca havia visto. Deixou-se dominar pela vontade louca de uma emoção e decidiu experimentar o impulso; aceitou a proposta. Ao mesmo tempo em que o medo aumentava, a ansiedade fazia o sangue correr mais rápido nas veias e acelerar o coração. Quando a certeza de que o casual iria acontecer chegou ao seu conhecimento, ela teve a sensação de que iria sair tudo bem. Providenciou a sua volta ao lar para que pudesse ornamentar toda a sua veste física, de tal maneira que ela ficasse atraente aos olhos perceptíveis. E assim, sem esperar, o telefone tocou. Um natural cumprimento causou-lhe espanto, tamanha era a certeza do encontro. No horário marcado o seu telefone tocou dando-lhe a certeza daquela presença. Dois sentimentos confundiam-se ao mesmo tempo: o medo da ausência de atração visual e a curiosidade pitoresca presente na alma de um comunicador. Quando a porta do automóvel foi aberta, um furo naquela face despertou a sua atenção, um aroma atraia o seu olfato para o mais próximo que pudesse chegar, e o cumprimento nada formal deixaram-lhe à vontade para fazer a própria imaginação flutuar em espaços abertos. Tamanha naturalidade se fez presente que lhe contagiou a ponto de esquecer que nunca o tivera visto. À medida que ele pronunciava palavras diversas, histórias e desejos vinham à tona fazendo-a acreditar que aquele era o encontro esperado por tanto tempo. E quanto mais ele se revelava, mais ela se encantava. Parecia ele, adivinhar todos os seus pré-requisitos de um parceiro ideal. Quando os provedores de tal encontro fizeram-se presentes, a sensação amigável tornou o ambiente ainda mais propício para um saboroso beijo. E com a mesma naturalidade que chegou, ele aproximou-se com os lábios ainda mais vermelhos buscando tocar os dela. Num encaixe perfeito de músculos e sensações, a química despertou em ambos, desejos mais fortes que os ali experimentados. As horas correram numa velocidade imperceptível e os ponteiros não mais permitiam a permanência dos corpos. Numa doce despedido as promessas de um reencontro tomaram espaço e as lembranças daquele encontro casual preencheram a noite de um sono leve. O dia seguinte transcorria de maneira natural até que o encontro em ambientes virtuais garantiu os desejos das horas posteriores. Sem imaginar no quanto especial seria a noite, ela vi-se imaginando a vestimenta ideal, o cheiro a oferecer e as palavras a serem ditas. E como uma surpresa nunca antes vivida, o telefone tocou anunciando que as próximas horas prometeriam um romantismo ainda não experimentado. E cumpriu-se, exatamente como lhe foi contado. Luz de velas fazia o ambiente mais aconchegante, o vinho deliciava o paladar e carinhos tomavam conta dos corpos ainda vestidos. Inevitável foi o seu desejo e se acasalaram ali mesmo, sob lençóis claros, iluminados por velas comuns e adorados por palavras de desejo. Numa noite especialmente boa, ela se viu completamente envolvida. Sem medos, recusas ou mentiras, imaginou como seria a trajetória dali em diante. Outros dois dias se passaram na mais bela sintonia telepática, hormônios descontrolados e uma pele que tinha o fogo do juízo final. Foram impressionantes como quatro dias foram suficientes para entregar a ele o corpo, a mente, os pensamentos, desejos e sonhos. A cada ligação efetuada ou correspondida a imaginação se fazia ainda mais forte, contribuindo para a entrega de todas as suas horas. Mas, o ser humano é sempre um segredo e o que ele leva em seu coração é algo ainda mais misterioso. Como poderia imaginar que aquilo não se repetiria mais? Como acreditar que as palavras ouvidas quando aquelas pupilas encontravam as dela eram apenas a tradução daqueles momentos, que não planejavam mais nada para depois? E da mesma maneira que se viu nos céus, ele lhe tirou o chão. Uma dor estranha arrebatou-lhe a emoção e as lágrimas insistiram em cair de maneira traiçoeira e insistente. Não compreendia a ausência e a falta de consideração. E quanto mais tentava entender, mais me sentia impotente e triste. Depois de alguns dias se passarem com a constante presença da sua lamentação, um novo contato se fez por palavras e a imagem física daquele ser manifestou-se em sua mente, despertando a memória e o desejo de reencontro. As promessas dele, mais uma vez, iludiram-lhe a alma. Mas, a decepção ia diminuindo na medida em que a sua indiferença se fazia presente. Apesar de não demonstrar importância ou preocupação com o que provocara nela, ele continuava a dar-lhe atenção com as suas palavras não honradas e seus encontros que não aconteciam. Quase dois meses depois, sem prever, ela se viu diante daqueles mesmos olhos, da mesma boca que continuava a pronunciar palavras de desejos sensuais e sua alegria incontida, provocada por ervas da paz. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, seus pensamentos viram-se misturados às lembranças e os desejos de outrora se fizeram novamente presentes dentro dela. Por algumas horas ele fora visto ali, ao seu lado... Permaneceu visível aos teus olhos para que ele pudesse desejá-la com a mesma intensidade. E como uma criança birrenta, ele a procurava com carinhos sensuais como os que um dia haviam-na conquistado. Mas, uma tristeza se manifestou em seu coração. A mesma que sentiu quando o viu pela última vez. Parecia que ela adivinhava que seus desejos não se tornariam real. E cumpriu-se sua intuição. Viu-se lhe dando um adeus que escondia seus reais desejos de tê-lo novamente dentro dela. E como no último encontro físico, ele deixou-a partir sem manifestar arrependimento. Agora ela já não sente tanto a mesma erupção de lágrimas, a força que fazia seu coração chorar e sua alma sofrer. Agora ela percebe como ele é e, por incrível que pareça, sua vontade de tê-lo por perto aumenta, num desejo incontido de cuidar, proteger e acompanhá-lo em tudo o que fizer. É inexplicável a ausência de rancor, mágoa ou raiva dentro dela. Mas, a vontade de estar perto daquele jeito moleque aumenta na mesma proporção em que ele se distancia. Estranho seria se ela não se apaixonasse por aquele menino. Inimaginável seria se ela não lhe desejasse tanto. Imensurável é o carinho que ele despertou em seu ser. Mesmo que ele não tenha dado a ela tempo de dizer que estava completamente envolvida pelas suas carícias. Ele se foi sem dizer adeus. Ele a deixou sem que ela pudesse dizer o quanto ele estava sendo especial. Agora, estando longe, mesmo sem poder vê-lo, ela deseja que ele saiba que, naquele dia, em que ele não apareceu, ela ia lhe dizer que adorava estar em sua companhia; que lhe prometeria o céu se assim o quisesse, desde que ele, a ela, fosse recíproco! Ele segue sua agitada rotina de impulsos. Ela continua com a sua nobreza de caráter. Ele vai sem se apegar ou criar raízes. Ela caminha com aquelas palavras presa na garganta, esperando o momento exato de dizer a ele, o que outrora não teve a oportunidade. Ela em sua sensata lucidez... Ele com a sua maluques...

E foi assim, com um suor percorrendo a espinha, alguns cigarros apagados e outras taças de vinho degustadas, que ela se entregou aos detalhes de um romance imaginário, que lhe perpetuava a mente. O homem desejado talvez não fosse o mais perfeito... Mas era ele quem dava sentido aos seus sonhos mais reais.

Ela sempre pensou em como seria seu encontro com o ser imaginário. Pegava-se pensando, por diversas vezes, em como seria a personalidade, o toque, o cheiro, a aparência daquele que povoava seus sonhos e desejos mais secretos.

Certo dia, durante uma insônia na madrugada, começou a escrever. Detalhadamente ia descrevendo o encontro com o seu namorado imaginário...

Naquele momento a única coisa que ela conseguia pensar era em como tudo aconteceu. O mais impressionante é que ela não queria conhecê-lo! Tinha medo, mas, ao mesmo tempo, a sua curiosidade gritava dentro de si pela oportunidade de um novo contato. Sabe quando você quer e também não quer? Foi exatamente o que ela sentiu naquele instante. Encheu-se de idéias, imaginações e sensações. Só não sabia como era possível planejar tantas coisas envolvendo alguém que nunca havia visto. Deixou-se dominar pela vontade louca de uma emoção e decidiu experimentar o impulso; aceitou a proposta. Ao mesmo tempo em que o medo aumentava, a ansiedade fazia o sangue correr mais rápido nas veias e acelerar o coração. Quando a certeza de que o casual iria acontecer chegou ao seu conhecimento, ela teve a sensação de que iria sair tudo bem. Providenciou a sua volta ao lar para que pudesse ornamentar toda a sua veste física, de tal maneira que ela ficasse atraente aos olhos perceptíveis. E assim, sem esperar, o telefone tocou. Um natural cumprimento causou-lhe espanto, tamanha era a certeza do encontro. No horário marcado o seu telefone tocou dando-lhe a certeza daquela presença. Dois sentimentos confundiam-se ao mesmo tempo: o medo da ausência de atração visual e a curiosidade pitoresca presente na alma de um comunicador. Quando a porta do automóvel foi aberta, um furo naquela face despertou a sua atenção, um aroma atraia o seu olfato para o mais próximo que pudesse chegar, e o cumprimento nada formal deixaram-lhe à vontade para fazer a própria imaginação flutuar em espaços abertos. Tamanha naturalidade se fez presente que lhe contagiou a ponto de esquecer que nunca o tivera visto. À medida que ele pronunciava palavras diversas, histórias e desejos vinham à tona fazendo-a acreditar que aquele era o encontro esperado por tanto tempo. E quanto mais ele se revelava, mais ela se encantava. Parecia ele, adivinhar todos os seus pré-requisitos de um parceiro ideal. Quando os provedores de tal encontro fizeram-se presentes, a sensação amigável tornou o ambiente ainda mais propício para um saboroso beijo. E com a mesma naturalidade que chegou, ele aproximou-se com os lábios ainda mais vermelhos buscando tocar os dela. Num encaixe perfeito de músculos e sensações, a química despertou em ambos, desejos mais fortes que os ali experimentados. As horas correram numa velocidade imperceptível e os ponteiros não mais permitiam a permanência dos corpos. Numa doce despedido as promessas de um reencontro tomaram espaço e as lembranças daquele encontro casual preencheram a noite de um sono leve. O dia seguinte transcorria de maneira natural até que o encontro em ambientes virtuais garantiu os desejos das horas posteriores. Sem imaginar no quanto especial seria a noite, ela vi-se imaginando a vestimenta ideal, o cheiro a oferecer e as palavras a serem ditas. E como uma surpresa nunca antes vivida, o telefone tocou anunciando que as próximas horas prometeriam um romantismo ainda não experimentado. E cumpriu-se, exatamente como lhe foi contado. Luz de velas fazia o ambiente mais aconchegante, o vinho deliciava o paladar e carinhos tomavam conta dos corpos ainda vestidos. Inevitável foi o seu desejo e se acasalaram ali mesmo, sob lençóis claros, iluminados por velas comuns e adorados por palavras de desejo. Numa noite especialmente boa, ela se viu completamente envolvida. Sem medos, recusas ou mentiras, imaginou como seria a trajetória dali em diante. Outros dois dias se passaram na mais bela sintonia telepática, hormônios descontrolados e uma pele que tinha o fogo do juízo final. Foram impressionantes como quatro dias foram suficientes para entregar a ele o corpo, a mente, os pensamentos, desejos e sonhos. A cada ligação efetuada ou correspondida a imaginação se fazia ainda mais forte, contribuindo para a entrega de todas as suas horas. Mas, o ser humano é sempre um segredo e o que ele leva em seu coração é algo ainda mais misterioso. Como poderia imaginar que aquilo não se repetiria mais? Como acreditar que as palavras ouvidas quando aquelas pupilas encontravam as dela eram apenas a tradução daqueles momentos, que não planejavam mais nada para depois? E da mesma maneira que se viu nos céus, ele lhe tirou o chão. Uma dor estranha arrebatou-lhe a emoção e as lágrimas insistiram em cair de maneira traiçoeira e insistente. Não compreendia a ausência e a falta de consideração. E quanto mais tentava entender, mais me sentia impotente e triste. Depois de alguns dias se passarem com a constante presença da sua lamentação, um novo contato se fez por palavras e a imagem física daquele ser manifestou-se em sua mente, despertando a memória e o desejo de reencontro. As promessas dele, mais uma vez, iludiram-lhe a alma. Mas, a decepção ia diminuindo na medida em que a sua indiferença se fazia presente. Apesar de não demonstrar importância ou preocupação com o que provocara nela, ele continuava a dar-lhe atenção com as suas palavras não honradas e seus encontros que não aconteciam. Quase dois meses depois, sem prever, ela se viu diante daqueles mesmos olhos, da mesma boca que continuava a pronunciar palavras de desejos sensuais e sua alegria incontida, provocada por ervas da paz. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, seus pensamentos viram-se misturados às lembranças e os desejos de outrora se fizeram novamente presentes dentro dela. Por algumas horas ele fora visto ali, ao seu lado... Permaneceu visível aos teus olhos para que ele pudesse desejá-la com a mesma intensidade. E como uma criança birrenta, ele a procurava com carinhos sensuais como os que um dia haviam-na conquistado. Mas, uma tristeza se manifestou em seu coração. A mesma que sentiu quando o viu pela última vez. Parecia que ela adivinhava que seus desejos não se tornariam real. E cumpriu-se sua intuição. Viu-se lhe dando um adeus que escondia seus reais desejos de tê-lo novamente dentro dela. E como no último encontro físico, ele deixou-a partir sem manifestar arrependimento. Agora ela já não sente tanto a mesma erupção de lágrimas, a força que fazia seu coração chorar e sua alma sofrer. Agora ela percebe como ele é e, por incrível que pareça, sua vontade de tê-lo por perto aumenta, num desejo incontido de cuidar, proteger e acompanhá-lo em tudo o que fizer. É inexplicável a ausência de rancor, mágoa ou raiva dentro dela. Mas, a vontade de estar perto daquele jeito moleque aumenta na mesma proporção em que ele se distancia. Estranho seria se ela não se apaixonasse por aquele menino. Inimaginável seria se ela não lhe desejasse tanto. Imensurável é o carinho que ele despertou em seu ser. Mesmo que ele não tenha dado a ela tempo de dizer que estava completamente envolvida pelas suas carícias. Ele se foi sem dizer adeus. Ele a deixou sem que ela pudesse dizer o quanto ele estava sendo especial. Agora, estando longe, mesmo sem poder vê-lo, ela deseja que ele saiba que, naquele dia, em que ele não apareceu, ela ia lhe dizer que adorava estar em sua companhia; que lhe prometeria o céu se assim o quisesse, desde que ele, a ela, fosse recíproco! Ele segue sua agitada rotina de impulsos. Ela continua com a sua nobreza de caráter. Ele vai sem se apegar ou criar raízes. Ela caminha com aquelas palavras presas na garganta, esperando o momento exato de dizer a ele, o que outrora não teve a oportunidade. Ela em sua sensata lucidez... Ele com a sua maluques...

E foi assim, com um suor percorrendo a espinha, alguns cigarros apagados e outras taças de vinho degustadas, que ela se entregou aos detalhes de um romance imaginário, que lhe perpetuava a mente. O homem desejado talvez não fosse o mais perfeito... Mas era ele quem dava sentido aos seus sonhos mais reais.

ROSA SERENA
Enviado por ROSA SERENA em 13/07/2010
Código do texto: T2374742
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