Lembranças que a vida traz - Cap. VII

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Seguia a viagem, com o coração sobressaltado, percebia que sua coragem a levara até ali e que jamais iria desistir de reencontrar seu grande amor. Mas ao mesmo tempo, sentia uma profunda tristeza percebendo a dor nos olhos daquele amigo tão especial, alguém que a amava profundamente, que sempre a protegera, mas não entrara em seu coração como o homem de sua vida.

Era uma pessoa de alma pura, simples e muito sincero, nunca escondera que era contra seu namoro, mas há muito tempo deixara de fazer algo para separá-los. Talvez porque soubesse que o destino mesmo iria fazê-lo. Já estava vivendo isto desde que fizera a mudança para outro lugar alguns anos antes, tanto aconteceu que acabaram por perder contato.

Seu coração se afligia com perguntas a lhe ocupar a mente: será que após tantos anos ele ainda a amava da mesma forma que antes? Será que também sonhava com o encontro?

Bem, só haveria uma maneira de descobrir, estando frente a frente com ele. Já tinha chegado até ali, não tinha? Para que desistir agora?

Esta longa viagem a deixava cansada, um dos motivos de ter voltado fora seu problema de saúde, queria vê-lo antes de acontecer qualquer coisa, era uma enorme esperança plantada no coração a dar-lhe forças para continuar a luta. Não dissera nada a nenhum dos amigos, não queria deixá-los tristes. Para quê causar dor aos outros? Não, não faria isto, não agora.

Já estava na hora de fazer o que era certo, fazer este amor acontecer ou esquecê-lo de uma vez. Será que conseguiria realmente?

Após várias horas de viagem a ansiedade voltava a lhe inquietar a alma, seria possível chegar até ele? A cidade era enorme, nem sabia como começar.

Seu coração não se controlava dentro do peito, parecia querer saltar e agir sozinho. Que amor era este que havia resistido a tantos anos de distância? Mesmo com todas as mudanças que a vida lhes trouxera, tinha suportado a ausência e sobrevivido. Então, valia sim, a pena pagar pra ver.

Não pensou muito, procurou na agenda o numero de telefone de um grande amigo de ambos, e foi assim que descobriu como encontrá-lo, mais fácil do que imaginara. Este amigo foi a seu encontro, conversaram horas e disse a ela que entraria em contato com ele mais rápido possível.

Ficou uma noite quase sem dormir, logo cedo recebeu o telefonema dele. Após tanto tempo ouvir novamente aquela voz, perceber nas palavras que quase não saiam e demonstravam uma mistura de saudade e ansiedade para ambos. Sim, o amor ainda estava vivo no coração dele, podia sentir mesmo sem estar lhe vendo. Marcaram o encontro, ele viria até a casa de seus amigos.

Seria no dia seguinte, mal conseguira dormir aquela noite, estava visivelmente agitada.

Com o coração disparado dentro do peito, ouve a campainha, abre a porta quase sem conseguir se mover, sem sequer dar um passo para o lado. Ele entra a abraça longamente e ergue para o alto rodopiando-a no ar, rindo e não acreditando que realmente estava com ela em seus braços de novo. Foram minutos, que mais pareceram horas, aqueles momentos de alegria. Volta a abraçá-la com carinho imenso, uma vontade contida durante anos de espera. Cada dia passado era uma tortura para ele, mas nunca perdera a esperança de um reencontro. E por fim, acontecia naquele momento.

Sua vontade era de gritar aos quatro cantos do mundo que ainda a amava, que em momento algum o passado havia sido consumido pelo tempo ou ausência. Continuava mais forte do que nunca...

continua...

SanMara
Enviado por SanMara em 06/03/2010
Código do texto: T2123657
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