QUE VENÇA O AMOR! .VOCÊ ESCOLHE O FINAL. ( LICIA FALCÃO )

CAPÍTULO I

Primeiro dia na Faculdade de Medicina.

O medo do "trote" fazia com que os estreantes ficassem contritos e silentes.

Em meio a tantos jovens, estava para acontecer um encontro de amor.

Ninguém se conhecia e aquele encontro tenso era o primeiro da nova turma.

Cada jovem ali presente tinha lindos planos para o futuro, envolvendo a medicina.

Estefane, uma jovem de dezenove anos, planejava cuidar de famílias carentes atendendo-as em um hospital público com dignidade e chegar também até às comunidades pobres.

-Corram todos! (gritou Ricardo) A turma do "trote" vem chegando. Precisamos ficar todos juntos protegendo - nos uns aos outros.

O grupo de novatos juntou-se num canto daquele imenso jardim cheio de flores e plantas ornamentais.. Estefane, subtraída por seus ideais, ficara sozinha no meio do jardim. Ricardo ao ver que os colegas mais adiantados iam pegá-la, correu em sua direção e arrebatou-a com mãos fortes de protetor.

Estefane agradeceu a Rcardo e passado o perigo seguiram para a sala de aula.

Ricardo pensava em trabalhar na clínica do pai, ter um consultório particular e se tivesse chance, sair até mesmo do Brasil, para melhorar seus conhecimentos e seus proventos também.

CAPÍTULO 02

Todos os dias, como que por um capricho do destino, os dois sentavam à mesma mesa para almoçar.

Estefane era concentrada, falava pouco, enquanto Ricardo era fanfarrão e descontraído.

Uma certa manhã de sábado, sem saber um do intento do outro, foram para a Biblioteca da Faculdade pesquisar e estudar.

Sentaram-se afastados, mas Ricardo não conseguia concentrar-se na leitura. Pensava o tempo todo naquela morena de cabelos castanhos e longos, olhos amendoados e seios bem torneados, sentada bem a sua frente.

Enquanto isso, Estefane pela primeira vez, desprendia-se dos estudos para pensar nas coincidências que vinham acontecendo entre ela e Ricardo.

Menina insensata, (pensava ela)! Não temos nada em comum.

Ricardo lá da sua mesa estava no mesmo dilema. Ela é formosa e terna, mas não comunga com os mesmos ideais que eu (pensava Ricardo). Numa conversa patrocinada por uma professora, dentro do grupo, a jovem já havia declinado o que pretendia realizar, no futuro.

..... O tempo foi passando, e os dois aproximavam-se cada vez mais. Era como se um ímã os puxasse.

Naquele sábado, ao saírem da Biblioteca, por volta de treze horas, Ricardo viu Estefane caminhando em direção ao ponto do ônibus. Ele de um ímpeto, parou o carro, pôs-se à frente da jovem e a convenceu de pegar uma carona com ele, só até o centro da cidade.

Ricardo chegara em casa aborrecido. Ele não conseguira persuadir Estefane a deixá-lo ir até a sua casa.

O rapaz já admitia estar enamorado por Estefane.

No dia seguinte,os dois conversaram e Ricardo pediu Estefane em namoro. Ela titubiou por um instante, pediu tempo, mas acabou aceitando, porque sentia algo forte por ele também.

O namoro começou. Ricardo tentou por várias vezes, sem sucesso segurar a mão de Estefane. Ela dizia que era muito cedo. Beijá-la então era coisa do futuro.

CAPÍTULO 03

Sete anos se passaram. Ricardo e Estefane estavam no sétimo ano de Medicina.

Além de ficarem noivos, foram estagiar no mesmo hospital.

Estefane dedicava-se extremamente aos estudos e aos pacientes, e isso, aborrecia Ricardo que queria ficar um pouco mais com a noiva.

Numa tarde, quando saíram da Faculdade, o jovem convidou sua noiva para almoçar com ele no dia seguinte.

-Amanhã é dia de estágio, replicou Estefane. Depois que sairmos. Atendemos pela manhã, lembra?

Convite aceito, o que deixou Ricardo feliz da vida.

A sala de espera do consultório de Estefane estava cheia. Ela tratava os pacientes carinhosamente, indicava-os para postos de saúde,conversava, aconselhava, consolava e por isso demorava muito a terminar suas consultas.

Ricardo era responsável, competente, mas falava apenas do tratamento, receitava medicamentos e rapidamente terminava as consultas.

Ricardo já esperava a noiva por quarenta minutos para irem almoçar. Ele pretendia marcar a data do enlace matrimonial, logo após a formatura. - Hoje conto a ela que já comprei nosso apartamento, pensava Ricardo.

Depois de uma hora, Estefane saiu apressada e quando avistou o noivo, parou desolada.

- O quê foi, perguntou Ricardo?

- Ah querido! Não vou poder almoçar com você.

-Por quê Estefane? Nós combinamos, lembra?

-Sei amor, mas havia esquecido que hoje atendo uma comunidade de 14h às 17h.

-Não vá! Você tem compromisso comigo!

- Mas tenho um compromisso maior com aquelas pessoas. Elas estão abandonadas, Ricardo. Vou ajudá-los e eles a mim, pois estou escrevendo a minha tese... Você não quer ir comigo? Nós dois acabaremos mais cedo e poderemos jantar juntos.

Ricardo ficou furioso: -Quem você pensa que eu sou? Um espantalho? Não vou com você porque não comungo com essa sua maneira de pensar. Acha que vai mudar o mundo? Nem a vida de uma comunidade você vai conseguir mudar! Você é uma tola, isso sim!

Estefane apenas assistiu ao desiquilíbrio do noivo. Depois, pegou-o pela mão e começou a caminhar em direção ao restaurante.

- Dá pra eu almoçar com você e atender à comunidade. Não se zangue comigo, querido. Vai dar tudo certo.

Durante o almoço, Ricardo falava de montar consultório pra eles, trabalhar na clínica do pai, festa de casamento, marcar a data, enquanto Estefane comia em silêncio.

Após o almoço, a jovem médica beijou o noivo e saiu apressadamente, deixando Ricardo inconformado! Ele queria namorar!!!!!!!!!!

Os pais de ambos, não concordavam com as idéias de Estefane. Procuravam a qualquer custo demovê-la desses pensamentos.

Cuidavam dos preparativos do casamento com muita esperança que a jovem ao colar grau, mudasse seu ideal.

Enquanto isso, a jovem acertava com empresários, todos os detalhes da doação de um consultório totalmente equipado, para ela atender gratuitamente às pessoas carentes daquele lugar.

Estefane estava radiante com o acontecimento, mas preparava o enxoval e sonhava com seu matrimônio, visto que amava muito seu noivo. Sabia entretanto que teria que persuadí-lo para o seu lado ou então teria que fazer uma difícil escolha.

CAPÍTULO 04

Dia da formatura. Estefane estava extasiante! Ela enfeitava a beca azul com faixa prateada que trajava. Seus olhos cor de mel, brilhavam como lume, enquanto tinha dificuldades para chegar ao lugar dos formandos, pois estava nos braços do auditório. Muitos admiradores sabiam do trabalho que ela desenvolvia junto aos carentes e todos queriam abraçá-la.

Ricardo já no palco, se ruía de ciúmes e pensava como seria dali para frente a sua relação, já que apesar de se amarem, cada um tinha um plano distinto de vida.

Falta apenas um mês para o casamento.

Tudo pronto! As famílias pensaram nos mínimos detalhes para que a festa seja perfeita.

Ricardo sabe no entanto, que o casamento depende de um deles mudar de idéia.

" Hoje ajeito essa situação", pensava Ricardo. À tarde eles iriam à Escola de Dança onde estavam preparando uma coreografia para surpreender a todos os convidados na festa do casamento.

Na hora marcada, Estefane chegou para o ensaio. Naquele dia ela estava especialmente deslumbrante!

Trajava um vestido suavemente estampado que deixava à mostra suas pernas morenas e encantadoras. O decote do vestido mostrava suas costas quase até a cintura e seu colo cor de canela enfeitado com lindo colar. Seus cabelos perfumados, estavam soltos ora sobre as costas ,ora sobre o colo. Seu rosto, levemente maquiado, era enfeitado por seus lindos e amendoados olhos cor de mel e lábios graciosos com um brilho cor-de-rosa.

Ricardo andou rápido em direção a ela e abraçou-a fortemente. O rapaz ficou enlouquecido com a noiva . Pegou-a pelo braço, beijou-a longamente provando o sabor dos seus doces lábios..

Começou o ensaio. Entre uma coreografia e outra, Ricardo não resistia . O professor teve que chamar a atenção do jovem que a todo momento parava para acariciar e beijar Estefane.

CAPÍTULO 05

O casal saiu da aula de dança abraçado e trocando calorosos beijos, em direção a uma Lanchonete onde tomariam um suco.

Aproveitando a aproximação do casamento e o clima romântico, Ricardo resolveu falar do assunto polêmico e saber se Estefane já havia esquecido aquelas esquesitices..

- E então amor? Papai já me deu as chaves dos nossos consultórios onde vamos atender na Clínica. Deu-me também as chaves de um consultório que ele montou para nós num dos Shoppings da cidade.

Ele já me instruiu como fazer para termos pacientes. Ele nos incluirá na sua rede de amigos. Nessa rede, uns vão indicando os outros e logo teremos a nossa própria clientela, na Clínica e no consultório particular.

VOCÊ, LEITOR, ESCOLHE O FINAL QUE DESEJAR.

FINAL 01

Estefane olha longamente para o noivo em silêncio. Depois segura as mãos dele carinhosamente e diz: - amor, de ontem pra hoje não consegui dormir, pensando na nossa situação. Está muito complicado, amor! Silêncio!!! Estefane quebra o silêncio e diz: Meu coração idealista e cauteloso lembrou do sacrifício que foi para mim e para os meus pais, para que eu chegasse onde estou.

Não vou desperdiçar a oportunidade de ser vencedora junto com meu futuro marido. Aceito a sua proposta e a oferta do meu sogro. Afinal ele sonhava com um médico e a vida lhe presenteou com dois.

Vou dedicar-me à Clínica e atender com eficiência no nosso consultório do Shopping.

Nossos pais vão se orgulhar de nós e da nossa conta bancária também.

Ricardo levantou-se, tomou Estefane em seus braços e beijou-a com grande ternura e alívio pela decisão que houvera tomado.

O casamento aconteceu um mês depois.

Foi um sucesso de luxo e simpatia do casal debutante em medicina.

Estefane estava uma noiva deslumbrante! Seu vestido era de seda pura , todo bordado e com um decote que deixou todos os presentes boquiabertos! A grinalda de flor de laranjeira dava um ar campestre ao casamento que fora num sítio, pela manhã.

O casal arrasou com a dança ao som de uma linda canção.

Após o delicioso almoço, a festa continuou, mas os "pombinhos" viajaram para uma inesquecível lua-de-mel em Paris.

FINAL 02

Silêncio inicial, após ouvir o que Ricardo falara.

Estefane levanta-se e vai em direção a Ricardo. O rapaz levanta-se para receber sua noiva.. Ela ternamente acaricia-lhe o rosto e os lábios. Depois encostou o rosto no rosto dele e começou a procurar avidamente a sua boca

Ricardo meio que preocupado perguntou: -Que foi, amor? O quê você está querendo me dizer?

Estefane calou o noivo colocando sua perfumada mão com cheiro de cassis em sua boca.

- Psiu, disse ela! Depois beijaram-se longamente. Estefane se entregou àquele beijo como nunca tivera feito antes.

Ricardo estava enlouquecendo.. A moça manteve-se calada e abraçada ao noivo por um bom tempo.

Logo depois, pegou a mão do jovem, beijou-a ternamente e colocou nela a aliança de noivado.

Ricardo enrubescido e nervoso, perguntou:o quê significa isso, amor?

Estefane sorriu para ele com os olhos ostentando duas compridas lágrimas.

- Que foi querida? (disse o rapaz)

Estefane respondeu com a voz embargada: -Quero que você me perdoe!

-Mas por quê, perguntou Ricardo?

- Porque estou desistindo de você, do seu pai, da Clínica, do consultório no Shopping e da conta Bancária. Já tenho um consultório na comunidade e passei no concurso para trabalhar num hospital público. Meu ideal é mais forte que uma vida confortável e rica.

- Mas você pode ser tudo que deseja na Clínica de papai, disse Ricardo!

- Você não entende Ricardo. Tem que vestir a camisa!

Ricardo nervoso respondeu em voz alta, chamando a atenção das pessoas que estavam na Lanchonete: -Não seja tola Estefane! A jovem beijou suas mãos e desapareceu entre as plantas ornamentais que enfeitavam o exterior do estabelecimento.

Ricardo voltou para casa arrasado!

Teria que desconvidar todos os amigos e ainda chorar a perda da sua amada.

Estefane conheceu um médico com os mesmos ideais dela.

Namoraram, casaram-se dois anos depois e continuaram trabalhando juntos num hospital público e revezando no consultório da comunidade.

Ricardo, três anos depois, casou-se em Londres, onde fora trabalhar, estudar e morar.

Licia Falcão Rodrigues da Silva

Licia Falcão
Enviado por Licia Falcão em 05/01/2010
Código do texto: T2011687
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