Cerimônia de Chá
Cerimônia de Chá
por Pedro Moreno
Já era noite. Mas não uma noite qualquer. Até no calendário Arisu marcava quando o Lorde viria. E hoje pela manhã quando viu a marcação vermelha feita à tinta ela se antecipou com os preparativos da cerimônia do chá.
Desde que se mudou para a Inglaterra a tradicional chanoyu já não era feita da mesma forma como sua mãe fazia. A garota já não se importava com a tradição herdada. A única coisa que sobrevivera na melancólica Londres eram seus traços orientais.
Com cabelos longos e pretos, amarrados em coque enquanto está em casa e seus olhos amendoados e pequenos. Suas mãos delicadas abrem o armário e pegam as xícaras. Enquanto a garota arruma a mesa ouve o bule apitando, indicação de que a água fervera.
Com um pano protegendo as mãos da caloria, Arisu ergue a louça e se encaminha até a sala de jantar. Quando chega percebe que seu convidado acabara de chegar e já estava sentado em sua cadeira. Sem olhar ela volta para pegar a caixa de chás.
Quando senta ela se serve e não mexe na xícara do convidado, cuja qual ainda está virado de boca para baixo. Finalmente senta e observa sua visita. Ele se chama Takeshi, seu corpo é musculoso e mal pode ser escondido com camisa de algodão que veste. Seu rosto forte é adornado por um cabelo comprido e brilhante que ressaltam seus olhos claros. Apesar de pálido e misterioso, quando sai na rua chama a atenção de inúmeras mulheres e a inveja dos homens.
Mas acima de tudo ele inspira medo.
Seu corpo é quase inteiro tatuado com motivos japoneses. São carpas, dragões e samurais que o vestem deixando apenas as mãos, a cabeça e os pés livres. Além de levar consigo uma katana, uma espada usada durante o Japão feudal muito comum para samurais.
Nada impede de fazer ela sorrir.
Ela o conheceu em uma boate, enquanto ele se aproximava os outros se afastavam procurando não toca-lo com medo de provocar algum tipo de confusão. Quando os dois se encontraram pela primeira vez ela percebeu que ele era especial, e melhor, ele a escolhera.
Uma vez por mês Takeshi participa da cerimônia, mas nunca toma do chá, pois sua condição vampírica não lhe permite gozar dos prazeres da comida. E assim tem feito por dois anos sem se ausentar um único dia do encontro mensal.
Arisu beberica o chá e olha longamente para o homem esperando o ataque que não demora muito. Em um piscar de olhos e já está atrás dela com suas mãos rijas nos ombros, com um suave toque afastou seu vestido deixando o pescoço e o ombro esquerdo descoberto. A garota sentiu um doce arrepio invadir-lhe o corpo e desceu sua defesa deixando-o fazer o que quisesse.
Apesar de sua aparência bruta ele sabia ser sedutor. Beijou-a no pescoço e sentiu sua veia pulsar de desejo. Deslizou sua mão direita pelo colo dela e a arranhou levemente deixando um filete de sangue rolar entre os seios dela. Takeshi puxou o cabelo da garota com carinho, apenas para fazer ela olhar para cima e então lambeu da base da ferida, que logo se cicatrizou, até onde a gota chegara.
Arisu puxou a cabeça do vampiro contra seus seios e o prazer começou a inundar o seu ser. Ela se sentia corada. Ela se sentia viva. E quanto mais se excitava mais rápido o sangue corria em suas veias fazendo-a pulsar.
Ele tirou sua camisa. Quando a garota viu o tronco do vampiro nu soltou um suspiro de satisfação junto a um sorriso malicioso. Ele entendeu a deixa e levantou da cadeira para o colo dele deixando ela entrelaçar suas pernas nas costas dele. Eles se beijaram com sofreguidão. Takeshi começou a caminhar, com a garota ainda no colo, até o quarto dela e a depositou na cama.
Tirou os sapatos dela e admirou seus delicados pés. Começou a beijar sua perna até chegar na parte interna da coxa enquanto as mãos subiam o vestido dela. Quando o ápice chegara ele mordeu a coxa e começou a sugar seu sangue. Ela agarrava os cabelos de Takeshi e empurrava contra o ferimento recém feito enquanto sentia ondas de calor misturado a prazer.
Com a perda de sangue ela desmaiou.
Quando Arisu acordou ele a acariciava o rosto sorrindo. Dificilmente Takeshi esboçava alguma emoção, e quando ela o via assim tinha certeza que era especial. O Café Noturno dela fora servido na cama, ele olhou para o relógio preocupado com o sol que nasceria daqui a uma hora.
Arisu assentiu com a cabeça. Ele deu um longo beijo nela e se despediu. A garota ainda deu um longo suspiro já de ansiedade pelo próximo encontro enquanto olhava para o calendário para contar quantos dias faltavam para o próximo chá.