DAMA DA NOITE

Abro os olhos na escuridão em que me encontro, vejo pessoas, lugares que talvez nunca tenha visto ou pisado. Ouço uma música tocada ao violino vinda de longe. Quero andar, mas no escuro o medo me apavora. Tenho vontade de gritar, mas a essas horas da madrugada receio causar-me problemas. Penso que seja madrugada, pois está escuro.

Nem a lua apareceu, ela junto com todos, conspira para uma solidão. Dos meus pensamentos, nasceu uma senhora, usa belos chapéus, o corpo contornado como um desenho feito por um maravilhoso desenhista de quadros gregos, seus seios são duros e pequenos, sua face de menina e corpo de mulher, os olhos são como duas chamas, que acendem e clareiam qualquer escuro, seus passos são como um flutuar, seu cheiro atravessa a rua e entra neste quarto, um cheiro doce que esconde o mofo deste lugar.

Sempre na noite ela vem, vejo-a através do clarear tímido da lua, que segue seus passos e a leva com segurança em seu destino, mas parece que hoje, tal como a lua, não me deu o ar de sua graça. Se for dos meus pensamentos que vem a Dama da Noite, porque hoje não me apareceu?

Talvez a senhora exista de fato, e oro para que seja verdade. Anseio vê-la, com pernas tremulas e meu peito disparado como uma bomba a ponto de explodir fico sozinho nas trevas da noite. Ficarei louco caso não venha mais passar por esta rua. Sua presença me preenche, não preciso de mais nada. Nem de que ela exista.

Lell Trevisan

Lell Trevisan
Enviado por Lell Trevisan em 23/08/2009
Código do texto: T1770210
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