O inesperado acontece.
Quero criar um personagem, pode ser cômico, perverso, bonzinho, vil, ou igualzinho a uns da novela das “oito” com a libido a flor da pele, e a língua a percorrer a boca do outro ator.
Nota-se que a cena aparece em zoom, aproximando a imagem, a sensação que passa é a de que por fração de segundos a língua poderia sair por um dos ouvidos do companheiro de cena.
Deixa disso, vamos brincar de amarelinha, pular uma corda imensa na beira da praia de Ipanema no posto nove ao cair da tarde.Eu já presenciei esta cena e dei muitas gargalhadas em vê o povo entrar e sair desta ciranda de pura espontaneidade.
Também ri muito do inesperado, do grosseiro, ou de uma bicha muito louca vestida de roupinha de colegial, ou de empregadinha, fazendo insinuações eróticas em cima de um telhado com uma toalha enrolada em um dia de carnaval em Ipanema.Tal visão deu-me cóleras de risos; da bicha empregadinha e de mim mesmo que se encontrava totalmente chapado após ter fumado um baseado, ou melhor, um fino considerável.
O inesperado foi que alguns que lá assistiam aquela cena viraram o rosto em minha direção e começaram a comentar do meu estado petrificado em que me encontrava, rindo desmedidamente da bicha.
No carnaval as neuroses costumam-se sair, no bom sentido; é um frenesi geral de brincadeiras na rua e atrás dos blocos, é claro.
Faça-me um comentário interessante!
A paquera descontraída, troca de olhares, um suspiro de prazer, um cheiro perfumado de uma pessoa de sexo oposto, uma boca gostosa, um beijo quente, não o de novela, mas o beijo sincero, no encontro de salivas a misturar-se e mesclando línguas.
Neste momento sublime ouve-se a orquestra sinfônica a executar uma peça, a cujos concertistas sugando o mais audível e límpido som de seus instrumentos e derrepente adentra um solo de violino que parece ir até o céu querendo falar com Deus. No compasso seguinte volta-se a Terra e é envolvido pela nota rascante, encorpada e profunda de um violoncelo que sustenta um trêmulo profundo que vai até a alma.
Melhor é parar de escrever diante deste computador agora, já que comecei a viajar nos meus devaneios.
Frase da hora: Meu coração de tanto sofrer, não bate-apanha.
Beijos, Marcio Rosa.