YAN ERM CHAPECÓ CERTO

Yan em Chapecó

A história começa antes do meu nascimento, em princípio era para eu ter sido um chapecoense feliz por ser o primeiro filho do casal Jônia e Francisco, mas uma dessas fatalidades mudou nossas histórias e vim nascer no interior de Minas.

Mãe era descendente da tribo indígena Chapecó e meu pai era descendente de italianos, oriundos do Rio Grande do Sul que mudaram para Santa Catarina para tentar uma vida nova. Foi nessa mudança que meu pai conheceu minha mãe e tiveram momentos de felicidade juntos. Casaram-se em Chapecó nos meados de 1950. Pouco tempo depois minha mãe ficou grávida e isso foi uma alegria geral.

Contaram-me também que em 1950, um fato marcou a então pequena cidade de Chapecó que contava, na época, apenas 5 mil habitantes. A cidade foi acometida por uma série de incêndios, sendo o principal aquele que atingiu a Igreja de Santo Antônio (posteriormente reconstruída; hoje, catedral da cidade), causando grande comoção na comunidade. As suspeitas recaíram sobre dois irmãos recém chegados do Rio Grande do Sul. Presos e torturados, eles negaram os fatos. A certeza de impunidade, além de causas até hoje não bem esclarecidas, levou um grupo de 50 pessoas a invadir a cadeia municipal. Armados, os invasores promoveram uma grande confusão, que acabaria no linchamento dos acusados em praça pública. Depois de mortos a tiros, os irmãos tiveram seus corpos mutilados e incendiados. Jamais se soube quem foram, de fato, os incendiários. Suspeitas recaíram até mesmo sobre as autoridades da cidade. Na época, o episódio chamou a atenção do país: a revista "O Cruzeiro", a mais importante edição nacional de então, noticiou o acontecido, em matéria do dia 11 de novembro de 1950, da seguinte maneira: "A 1 hora da manhã do dia 18 de outubro foi consumada a mais bárbara de todas as chacinas já cometida no Brasil ..."

Nessa época outra fatalidade tirou a vida de meu pai, quando o Sr.Modenesi mostrava a sua nova arma que importou dos Estados Unidos, ela disparou acidentalmente e atinge meu pai, na praça da matriz de Chapecó.

A minha mãe ficou sem rumo e grávida resolveu mudar de cidade para melhorar a sua cabeça. Todos ficaram preocupados com ela e não faltaram pessoas que lhe estenderam a mão nessa hora. Nisso ela veio morar nas Minas Gerais em Além Paraíba, na Zona da Mata mineira.

O começo de mamãe em Além Paraíba, como me contou não foi fácil, mas com o tempo tudo acabou se ajeitando. Nesse período ela conheceu o Sr Juvêncio, fazendeiro da região que assumiu minha mãe, mesmo grávida, como sua esposa.

Ao nascer, fui batizado com o nome de Yan Minenti Mello, sendo o primeiro filho do Sr Juvêncio e não sabendo da minha real história o tratava de papai, pois ele era uma excelente pessoa. Estudei nos melhores colégios da época, no interior.

Mãe teve mais duas filhas lindas, que se casaram novas, coisa comum de acontecer antigamente e fizeram boas escolhas. Mamãe era feliz com vários netos.

Muitas vezes presenciei a conversas de mãe com os familiares de Chapecó, eu não entendia qual era essa relação, mas deixava passar sem nunca perguntar, até mesmo quando escutei que uma forte tempestade de neve assolou Chapecó em 1966

Mudei para a metrópole para continuar meus estudos e lembro-me que pai sentia orgulho de ver como estudava. Gostava, em primeiro plano, da área de agroindústria e poderia ajudá-lo na fazenda.

Tive um professor chamado João Mello por bom tempo na faculdade. Ele era descendente de italianos da região de Chapecó. Por saber que sempre fui bom aluno na faculdade me dava a maior força. Ao terminar a faculdade deixei com ele meu endereço em Além Paraíba, para trocarmos idéias sempre.

Voltando para Além Paraíba, já formado com um mundo aberto parta tudo aquilo que gostaria de fazer como profissional da área, pai me coloca a par dos acontecimentos na fazenda. Havia caído os serviços que eram feitos lá, em função da crise que assolava o país, mas ainda haveria uma forma de trabalhar lá, na minha especialidade. Estes fatores me deixaram triste, mas ainda gostaria de desenvolver tudo que estudei durante anos a fio e toquei o barco a frente.

Logo depois de estar na fazenda comecei um relacionamento com uma morena chamada Rose e deste instante vi sinal de casamento e não deu outra coisa. A Rose era a molena lina da minha vida. Ela me encantou sobremaneira, suas formas bem feitas, um sorriso angelical e o seu ser mulher completavam. Logo em seguida recebi da gráfica os nossos convites de casamento. Mamãe chorou de alegria ao ver o nome Yan Minenti Mello no papel. para ela que um sonho que se concretizava.

Tudo tem um tempo de acontecer e comigo não foi diferente. Recebo un telefonema do professor João, uma coisa comum de acontecer pela nossa proximidade de idéias. Ele fala que já estaria aposentado e que voltou para Chapecó com os seus, que ainda dependiam dele e me perguntou se gostaria de morar e trabalhar lá numa empresa, pois ele conhecia meu potencial de trabalho. Fiquei de dar o retorno.

Neste intervalo de tempo mãe me chamou no seu quarto e com a presença do pai, conta a minha história. Ouvi atentamente e falei que na minha opinião pai é aquele que cria e considerava como pai o Sr. Juvêncio. . Mãe colocou-me o nome das pessoas que estariam vivas daquele tempo as quais eram doidas para me conhecer.

Pouco mais tarde D. Jônia veio a falecer; um acontecimento que abalou cada um de nós de uma forma diferente. As manas se aproximaram para tentar ver se conseguiam suprir a falta de mamãe. Meu pai se sentia só e achou melhor vender as terras e ir morar nas casas de Gláucia e Raquel.

Ficou para mim um dinheiro bom, mas pequeno para montar o meu negócio. Telefonei pro professor João contando-lhe o que acontecera. Ele me disse que ainda estaria de pé seu convite de morar e trabalhar em Chapecó.

Conversei com Rose a idéia de mudarmos para Chapecó. No começo ela esboçou uma certa resistência, mas acabou cedendo.

Desde o início ficamos encantados com a cidade e procuramos o amigo João, para que ele nos levasse ao hotel, que de antemão pedi para que fizesse a nossa reserva. Até brinquei com ele dizendo que não precisaria ser um 5 estrelas, poderia ser um 3 estrelas mesmo, conservado e ele morreu de rir.

O encontro com o amigo foi cheio de emoções tipo pai e filho. Apresentei-lhe a Rose, pois ele não a conhecia, porque quando nps casamos ele, já aposentado em Chapecó, me disse que não deu para ir ao casanento, mas fez questão de mandar um presente. João só soube do horário de chegada quando lá estávamos. Fizemos isso para não dar trabalho. Ficou triste com isso, mas aceitou por ser sensato. No traslado para o hotel, ele nos dá um panorama breve de Chapecó , dizendo ser a fundação em 25 de Agosto de 1917. Distância até a capital 555 quilômetros. Sua população aproximada é 180000 habitantes, com o clima temperado. Chapecó é um município brasileiro do. Considerada a capital da agroindústria. Chapecó se localiza no região Oeste Catarinense, na inserção da bacia hidrográfica do Rio Uruguai, cujo curso define a divisa com o estado do Rio Grande do Sul. A origem etimológica de seu nome provém do tupi Chapecó, que significa "lugar de onde se avista o caminho da plantação".

A colonização substancial ocorreu quando os desbravadores se estabeleceram para explorar os recursos naturais, em especial a araucária. A madeira retirada das florestas era transportada em balsas, nos períodos de cheia do rio Uruguai, até a Argentina, onde era comercializada. Esse impulso atraiu colonos oriundos do Rio Grande do Sul, que fundaram "Chapecó", em 1917. Por volta de 1940, iniciaram-se os grandes fluxos de imigrantes, provenientes do Rio Grande do Sul, de etnia alemã, italiana e polonesa. Esses colonos e seus descendentes seriam os responsáveis pela caracterização da cultura e da arquitetura européia atualmente presentes em Chapecó.

População 93 % Urbana 7% Rural.

O município de Chapecó é a cidade pólo desta região do estado, onde existem cerca de 200 municípios, que juntos somam mais de 2 milhões de habitantes, nesta região do estado estão também as sedes das principais empresas processadoras e exportadoras de carnes de suínos, aves e derivados da América Latina. A cidade conta com aeroporto, confortável rodoviária com linhas para todas as cidades catarinenses e principais cidades brasileiras.

Monumento “O Desbravador” Situado no perímetro urbano, foi inaugurado em 25 de Agosto de 1981 com o objetivo de homenagear os primeiros desbravadores que colonizaram e construíram o Município. É a figura de um gaúcho empunhando um machado, simbolizando o trabalho. Na mão esquerda está um louro simbolizando a conquista e a vitória.

Praça Coronel Bertaso Localizada no centro da cidade. A Praça Coronel Bertaso é um espaço agradável que contempla história, cultura, lazer e descanso. Ao mesmo tempo em que conta a história do ciclo da madeira, primeiro ciclo econômico e cultural de Chapecó, entre as décadas de 1920 e 1950, através de um mural feito em argamassa de concreto

Catedral Santo Antônio localizada no centro da cidade, a construção foi inaugurada em 8 de Dezembro de 1956, possuindo 02 torres com 40 metros de altura. O incêndio da Catedral Santo Antonio, na década de 50, foi motivo de linchamento de forastareiros considerados os culpados. Esse episódio marcante para a cidade, nunca foi completamente esclarecido.

Temos ainda a Capela de São Carlos e a Colônia Bacia A comunidade de Colônia Bacia teve seu início em 1947 com ‘a chegada dos primeiros colonos, procedentes do Estado do Rio Grande do Sul, sendo a maioria de origem italiana e praticante da religião católica. O nome Colônia Bacia foi dado devido ao relevo da região. A capela segue o modelo arquitetônico em estilo franciscano, edificada em madeira e telhas de zinco.

O Mirante da Ferradura, a Gruta de Sede Figueira e a capela de Nossa Senhora de Lourdes. Esses são alguns pontos de Chapecó

Depois do almoço o amigo nos levou até nossas acomodações. Era um hotel pequeno, mas bem arrumado. Não podia me queixar de nada, Rose adorou o nosso canto naqueles dias. O cansaço foi grande naquele dia, e apagamos e só acordamos no dia seguinte.

Na manhã daquele domingo, resolvi ligar para a família que residia lá e que eu não conhecia. Que me deu uma vontade sem explicação de contatar todos. Peguei o telefone e o meu coração acelerou. Conclui que deveria ser a emoção. Deixei quieta toda essa história que nem comentei com a Rose.

No decorrer da semana estive com o João quase todo o tempo conversando com os amigos dele. Sendo o Sr. Ronildo Linardi empresário da Rabicó Associados mencionou que estava precisando de um funcionário com o perfil igual ao meu, para começar de imediato. Senti firmeza nele. O João, me deixou mais sossegado quando falou que poderia ficar tranqüilo quanto à seriedade da empresa, por conhecê-la há anos.

Coloquei-me a disposição para uma conversa mais direta sobre a vaga e sendo amigo pessoal do João a admissão foi imediata. Não via a hora de retornar para casa e falar a novidade. Quando contei a Rose foi só alegria e fizemos planos.

Ficamos no hotel o tempo de arrumarmos um local para morar, coisa que não demorou, pois o governo estadual estava oferecendo condições especiais na compra de um imóvel na região de Chapecó. Rose e eu preferimos comprar uma casa na parte mais alta da cidade. Rose era comunicativa e logo depois que estávamos na casa já se tornou amiga da vizinha que tinha o apelido de Branquinha. Eu mesmo nunca soube o nome dela, mas é uma excelente pessoa do tipo pau para toda obra. Foi ótimo a Rose ter feito essa amizade na cidade ainda estranha. Não sabia que as duas tinham o mesmo gosto em tudo até na pintura em tela, onde as meninas eram artistas com o pincels nas mãos. Dai para frente pensei que a minha vida tinha tomado um rumo, certo.

Certo dia; quando chego em casa, encontro Branquinha com o semblante assustado. Aí me sobe uma emoção ruim e indago por Rose. Ela começa dizendo que a Rose começou a passar mal, então correram para um hospital e Rô foi atendida por um clinico geral, que no seu parecer falou se tratar de uma sinusite forte. Deu-lhe remédio e ela se sentiu melhor e mandou procurar um otorrino. Agradeci à Branquinha pela dedicação e ajuda a Rose.

Quando acordou no outro dia dizia estar bem melhor, mas que não entendera o que aconteceu. Comentei com ela o que a Branquinha me disse e pedi para procurar um otorrino e fazer uma consulta. Mesmo ainda não estando 100% bem me disse que não tinha nada e que não iria ao otorrino, pois só seria um mal estar. Ela foi tão objetiva que acabou me convencendo com a sua conversa.

Continuamos a nossa vida como antes. Com o tempo subi na empresa e já chefiava a gerência operacional do grupo, quando a secretária me chama dizendo para ir ao hospital, pois minha mulher estaria lá. Saí voando em direção ao hospital. Mil idéias diferentes passavam pela minha cabeça e não sabia a qual me agarrar. Nada naquela tarde conspirava a favor: o táxi que não passava, as ruas lotadas de carros, situação comum num dia normal e isso ajudava ainda mais o meu sofrimento. Por fim, graças a Deus, cheguei e corri para a recepção, querendo saber noticias da de Rose. D.Benedita, que era uma das atendentes, aproximou-se logo para saber o que me afligia. Expus o caso e na hora foi para o computador para me passar a informação exata. Rapidamente voltou dizendo que a minha mulher estava internada com problemas que na região era comum a pessoas oriundas de outros estados. Seria uma alergia à temperatura mais baixa.

D. Rose estaria fazendo exames complementares para se ter uma visão mais detalhada do problema. O hospital que me passava tranqüilidade passou a ser um lugar frio sem vida enquanto aguardava algo mais concreto. Parecia que iria gastar toda a sola do meu sapato de tanto andar de um lado para outro numa ansiedade só. Chega um médico e se apresentou dizendo que se chama Milton. Pediu-me para acompanháa-lo ao seu consultório. Ele foi bem claro nas suas explicações, dizendo que ela possui a incompatibilidade com o clima frio. O mal estar dela é em função disso, e não podia ter essa seqüência de ataques como ela estava tendo, pois podia levá-la à morte repentina.

Aquela noite ela ainda deveria permanecer no hospital para avaliação do quadro e e teria alta no dia seguinte, logo cedo.

Comuniquei ao meu superior o que estava acontecendo e ele me deu carta branca para resolver tudo e disse que em primeiro lugar estava a saúde da Rose.

De madrugada não conseguia fechar os olhos de tanto pensar o que fazer mediante tudo aquilo. O telefone ressoa alto, o hospital pedia a minha presença e não falaram mais nada. Pedi um táxi por telefone que custou a chegar por causa do horário e fiquei ansioso demais. Na hora que peguei o táxi pedi para o motorista ir rápido. Percebeu alguma coisa e disparou pelas ruas da cidade. Logo em seguida deixei o carro e rumei à portaria, minha cabeça pirou ao ver o Dr. Milton. À Medida que falava falava meu coração apertava. Ele disse que Rose teve outra crise quando estava sendo monitorada, mas mesmo assim não teve condição de salvá-la.

As lágrimas desceram do meu rosto com facilidade, mas sabia que teria de me manter sóbrio, pois éramos só nós dois ali, construindo uma história e tinha de tomar todas as providências necessárias.

Perguntei ao Dr. Milton se o hospital faria o embalsamento do corpo para ser transportado para o interior de Minas Gerais. Ee falou que era uma rotina no hospital, quanto ao atestado de óbito ele também o faria, para ser levado aos lugares que o exigissem. Nessta hora telefonei para o meu pai e minhas irmãs contando o fato e pedi para arranjar o velório da cidade para receber o corpo, em Além Paraíba. Já pela manhã liguei para a Branquinha comunicando-lhe a situação. Sinto que ficou triste e dava para se ouvir o soluço de quem estava chorando pela notícia, pois tinha em Rose uma grande amiga. Comentei com ela que o corpo estaria sendo embalsamado. Nisso ela me falou que não agüentaria ver a amiga morta, pois queria lembrá-la como sempre foi, cheia de vida.

Aproveitei esse tempo para ir em casa, tomar um banho passar na empresa e expor o que se passava. Fiquei bobo de ver como notícia ruim corre, pois o pessoal já sabia do falecimento de Rose e todos vieram me dar seus sentimentos. Ao conversar com o gerente ele veio me dizer que a empresa deixaria o avião comigo naquela hora de dor.. Agradeci e achei ótima a idéia e contatei o Helinho, piloto da firma, no aeroporto e falei que estaria lá ao meio dia, para que pudéssemos voar. Ele me deu os pêsames pela perda da esposa e colocou-se a minha disposição. Do celular entrei em contato com minha irmã falando que deveria chegar às quinze e trinta e gostaria de enterro da Rose naquele dia mesmo. Pousamos às 15 horas e vinte minutos no aeroporto de Além Paraíba. O carro funerário encostou para recolher o corpo. Em seguinte dirigimos para o velório, Rose não tinha mais ninguém, pois quando ela deixou Além Paraíba os seus pais já tinham falecido, mas me pediu várias vezes que quando morresse gostaria de ser enterrada perto dos pais, coisa que lhe prometi. Meus familiares me cercaram, me abraçavam expressando os seus sentimentos.

Foi duro recordar tantas emoções que passei no decorrer da minha vida. Quanto mais eu lembrava sentia meus olhos se encherem d’água. Nesta hora todos viam a cena e me abraçavam, mesmo sem entender o que acontecia.

Achei melhor voltar no dia seguinte para Chapecó, pois lá teria muita coisa para fazer.

Agradeci ao Helinho a força que me deu. Chegando em casa separei as roupas de Rose encaixotei-as e fui até a uma instituição para doar as peças, pois quando as visse me sentiria pior, porque estava ali um belo pedaço da minha vida. Por outro lado seria um começo para quem as recebesse. Daí em diante a solidão foi minha eterna companheira por muito tempo. É comum as pessoas mudarem com o tempo, e comigo não foi diferente e nesses 5 anos achei melhor dar um basta na minha tristeza. Quando começo a sair freqüento lugares religiosos, pois queria me apegar a uma religião por achar que alegra o coração de qualquer pessoa.

Eu, adoro esportes, seja ele qual for, vibro do começo ao fim do jogo. Numa noite de outono fui assistir a um jogo de vôlei feminino. No início do segundo set vejo a loira que estava assentada do meu lado ficar mais entusiasmada e não entendia o porquê. No saques que seria dado ouvi a mulher gritar:” acerta filha” Daí para frente comecei ver a semelhança entre as duas e cheguei a conclusão de que deveriam ser parentes.

No dia seguinte o diretor da empresa me chama para pedir orientação sobre alguns itens que lhe mandei. Dei-lhe todas as explicações sobre o relatório. Nisso ele pediu para conhecer o Frigorifico Teives, pois a Rabicó Associados teria vontade de comprá-lo, mas gostaria da opinião de um técnico experiente para dar um parecer sobre o assunto, pois envolvia muito dinheiro.

Deixei a visita para fazer na manhã seguinte por estar mais tranqüilo e com a cabeça só voltada para o assunto. Lá pelas dez horas cheguei ao Frigorífico Teives e pedi a Liliane, secretária para me anunciar para o Sr Glauco Abramo falando que era Yan Carlo da parte da empresa Rabicó Associados. Logo fui recebido pelo Sr Glauco. Fomos conhecer as instalações da empresa para ver o real estado da mesma. Após este tour tive uma boa visão do estado, mas foi desgastante, porém valeu a pena.

Voltando à sala da diretoria Liliane, secretária do Sr Glauco comenta que a D.Ivone, sua irmã estava a espera dele lá dentro. Entramos para pegar certos documentos que também seriam importantes para ser avaliados. Fito a mulher e lembrei-me dela perto de mim no jogo de volei no ginásio, dias atrás. Permaneci na minha para ver qual seria a reação dela. Num primeiro instante nada aconteceu. Depois disso vi a troca de cumprimentos dos irmãos. O Sr. Glauco convida a todos para nos assentarmos, para que a empresa pudesse me passar a sua proposta para ser levada à Rabicó Associados. Por pura coincidência sentei em frente a Sra Ivone e no decorrer do assunto comercial ela sem ter nem porquê, diz que me conhecia, mas não sabia de onde. Para não atrapalhar a conversa falei que depois lhe explicaria e ela fez sinal de positivo.

A sorte da Frigorífico Teives estava lançada e foi colocada nas minhas mãos e podia ver na feição de cada um a perda de algo valioso.

Nos despedimos e fui pegar um táxi. Enquanto aguardava, D.Ivone, para o carro e me oferece carona até a Rabicó Associados. Comentei que me conhecia da partida de volei, e que ela teria ido assistir dias atrás. Balançando a cabeça como quem concordasse com que falei. Perguntou-me porque estava sozinho no ginásio. Respondi que era viúvo já ha algum tempo e não tinha filhos. Ela comenta que é separada e que já era avó de uma linda menina. Então falei que ela era jovem demais para já ser avó e que não acreditava ela riu envaidecida. Conversamos pouco, pois o trajeto não era grande, mas deu para sentir que era uma doce pessoa, bem risonha.

Chegei na empresa procurei o Sr. Marcos, um dos diretores, para lhe expor o apanhado do Frigorífico Teives, só que D. Cristina, sua secretária, informou que saira e que não voltaria mais naquela tarde. Então voltei para minha sala e despachei o resto dos documentos que estavam pendentes.

Pela primeira vez depois de muito tempo uma mulher consegue mexer comigo de uma forma diferente, coisa que até estranhei acontecer, por achar que não conseguiria gostar de verdade de mais ninguém, mas me enganei e descobri que tudo na vida tem o seu próprio momento de acontecer, seja bom ou ruim, faz parte da evolução de cada um. Era uma situação inesperada e diferente e que comecei a viver e sou tímido demais nesses assuntos e via despontar em mim a tal da ansiedade.

Na manhã seguinte, volto a procurar o Dr. Marcos na empresa para lhe passar o que foi pedido. Depois de ler tudo cuidadosamente perguntou a minha opinião sobre o frigorífico visitado. Perguntei-lhe o real motivo da compra do Frigorifico Teives e ele respondeu que era para a implantação de novos produtos que a Rabicó há em mente colocar no mercado o mais breve possível, pois o consumidor exige esta diversificaçao. Concordandei com a sua resposta.

Dr.Marcos me pediu para fazer o acompanhamento dessa compra, pois ele deveria se ausentar uns dias e gostaria que quando voltasse tudo estivesse resolvido. Disse-lhe sem problemas, pois era acostumado a fazer isso.

Por ser a compra de um valor alto e cheio de documentação tive de ir várias vezes ao Frigorífico Teives, buscando e levando papéis. Em função disso estive várias vezes com a Ivone, coisa que para mim era boa, pois me deixava como um jovem adolescente no seu primeiro balançar do coração, mas nunca lhe falei do que sentia, deixando rolar só pra mim.

Quando o Dr. Marcos chegou estava tudo pronto como foi solicitado. A minha vida agora é ser sozinho e gostando de uma bela cinquentona catarinense.

E o Yan continua só....

Escritordsonhos
Enviado por Escritordsonhos em 23/06/2009
Código do texto: T1663921
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