A LEI DO RETORNO
A Lei do Retorno.
O Renato quase não viu aquela senhora com o carro parado no acostamento, mas percebeu que ela precisava de ajuda. Assim parou o velho carro e aproximou-se. (O carro dela ainda cheirava a tinta, de tão novinho).
Mesmo com o sorriso que ele estampava na face, ela ficou preocupada com a aproximação daquele desconhecido. Ele iria aprontar alguma?
Ele não parecia seguro, parecia pobre e faminto!
O Renato pôde perceber que ela estava com muito medo e disse: eu estou aqui para ajudá-la senhora; não se preocupe.
Por que não espera no carro onde está quentinho? A propósito, o meu nome é Renato. Obrigada Renato; chamo-me Eva.
O problema com o carro, era um pneu furado, (observou Renato) mas, para uma senhora de idade avançada era ruim o bastante.
Renato abaixou-se, colocou o macaco e levantou o carro. Logo ele já estava a trocar o pneu. Enquanto ele apertava as porcas da roda, D. Eva abriu a janela do carro e começou a conversar com ele. Contou que era de São Paulo e que só estava de passagem por ali, e que não sabia como agradecer pela preciosa ajuda.
Renato apenas sorriu enquanto levantava-se - D. Eva perguntou-lhe quanto devia pela troca do pneu. (Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela). Já havia imaginado todas as terríveis coisas que poderiam ter-lhe acontecido se o Renato não tivesse parado e ajudado-a.
Renato não pensava em dinheiro; aquilo não era um trabalho para ele. Ele gostava de ajudar quando alguém tinha necessidade e Deus já lhe havia ajudado bastante. Este era o modo dele viver e nunca lhe ocorreu agir de outro modo e respondeu; se realmente a senhora quer pagar-me algo pelo que eu fiz; por favor, quando encontrar alguém que necessite de ajuda, dê-lha. E acrescentou: e nesse ínterim; lembre-se de mim.
Renato esperou até que ela saísse com o carro para também ir-se.
Havia sido um dia frio e deprimente, mas ele sentiu-se muito bem, apanhou o velho carro e partiu, desaparecendo no crepúsculo.
Alguns quilômetros abaixo a D. Eva parou o carro num pequeno
restaurante. Entrou para comer alguma coisa, (era um restaurante muito simples). A garçonete veio até ela e trouxe-lhe uma toalha limpa para que pudesse secar os cabelos molhados dirigiu-lhe um doce sorriso; um sorriso que mesmo os pés inchados e doloridos por um dia inteiro de trabalho, não pôde deixar de ser notado. D. Eva notou que a garçonete estava com quase oito meses de gravidez, mas ela não deixou a tensão e as dores mudarem a própria atitude.
D. Eva ficou curiosa ao saber como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a um estranho.
Então, lembrou-se do Renato; (aquele homem que trocou o pneu furado e nada lhe cobrou). Depois que terminou a refeição, e enquanto a garçonete buscava o troco para a nota de cem reais, D. Eva retirou-se sorrateiramente. (Ela já havia partido quando a garçonete voltou).
A garçonete ainda queria saber aonde aquela senhora poderia haver ido, quando notou algo escrito no guardanapo, sob o qual, havia outras 20 notas de cem reais. Havia lágrimas em seus olhos quando leu o que ali havia escrito. Dizia: ”você nada me deve, eu já tenho o bastante”. Alguém me ajudou hoje e da mesma forma estou a ajudá-la. “Se você quiser reembolsar-me por este dinheiro, não deixe este círculo de amor terminar, ajude alguém que necessite”.
Bem, havia mesas para limpar, açucareiros para encher, e pessoas para servir: e a garçonete voltou ao trabalho.
Naquela noite, quando ela voltou para casa cansada e deitou-se na cama, o marido já estava a dormir e ela ficou a pensar no dinheiro e no que aquela senhora deixou escrito no guardanapo.
Como pôde aquela senhora saber o quanto ela e o marido precisavam daquilo?
Com o bebê que estava para nascer no próximo mês, como estava difícil!
Ficou a pensar na bênção que havia recebido, deu um grande sorriso e agradeceu a Deus. Virou-se para o despreocupado marido que dormia o sono dos justos, deu-lhe um beijo macio e sussurrou. Eu te amo RENATO.
Desconheço o autor.
Considerações: este texto faz-me lembrar de um provérbio que diz: a má palavra corre mais veloz que a caleça de Aquiles, porem: sempre retorna ao ponto de partida.
Isto vale também para as boas palavras e às boas ações.
Minhas considerações: