Ciranda: Jovem guarda
Jovem Guarda
Nasce a música pop brasileira
"O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada." Descontextualizada pelo publicitário Carlito Maia, a frase do líder soviético Vladimir Lênin batizou no Brasil, em 1965 um dos programas de TV de maior audiência da época: o Jovem Guarda, apresentado pelos emergentes cantores e ídolos juvenis Roberto Carlos (O Rei), Erasmo Carlos (O Tremendão) e Wanderléa (A Ternurinha). No auge da sua popularidade, ele chegou a alcançar três milhões de espectadores só em São Paulo, de onde era transmitido (em videotape, ele chegava também ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife). Mais do que uma boa idéia para preencher o horário que ficou vago por causa da proibição da transmissão direta dos jogos do campeonato paulista de futebol, mais do que uma excelente forma de derrotar o Festival da Juventude (líder de audiência da TV Excelsior desde 1964) e de vender um monte de quinquilharias (de discos a calças, blusas e até bonecas), o programa Jovem Guarda foi o catalizador de um movimento que pôs a música brasileira em sintonia com o fenômeno internacional do rock (a esta altura, no seu segundo momento, o da invasão britânica liderada pelos Beatles) e deu origem a toda uma nova linguagem, musical e novos padrões de comportamento.
Entravam em cena as guitarras elétricas (incorporadas de vez à música brasileira mais típica pelo movimento seguinte, a Tropicália), a idéia de uma música exclusivamente jovem, com signos jovens (mais até do que na bossa nova) e toda uma constelação de artistas: Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Eduardo Araújo, Martinha, Ed Wilson, Waldirene (A Garota do Roberto), Leno & Lílian, Deny e Dino, Bobby Di Carlo e grupos como Golden Boys, Renato & Seus Blue Caps, Os Incríveis, Os Vips e tantos outros. O programa de TV acabou em 1969, mas a estética da Jovem Guarda nunca deixou de estar presente na música brasileira feita a partir da década de 70.
Fonte:
http://www.cliquemusic.com.br/br/Generos/Generos.asp?Nu_Materia=11
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"Jovem Guarda"
-Anos 60-
Giovânia Correia
Mesmo não tendo nascido nessa época.
A tenho em meu coração.
Cresci vendo a minha mãe recordar.
Cada detalhe e cada canção...
Renato e seus Blue Caps,
Jerry Adriani e tanto mais.
Erasmo e Roberto Carlos.
Wanderléa, não esqueceremos jamais...
Tantos talentos afloravam.
Numa década especial.
Que atravessaria gerações.
Algo assim fenomenal.
Quando escuto falar da jovem guarda.
Vem em minha imaginação.
Alegria e inovações,
envoltos em muita badalação.
Por isso agora viajo.
Numa década mais que fenomenal
Venha comigo vamos reviver.
Esse momento especial...
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"Jovem Guarda"
-Anos 60-
Raquel Caminha
(Lindinha)
Eu vivi os melhores anos
da minha vida... Anos 60.
Como diz o Roberto Carlos,
são tantos os detalhes
que jamais esquecerei.
Lembro como se fosse hoje.
Quando meu flerte chegava
na entrada da vila, só o ronco do carro
dele, fazia meu coração bater forte,
que se eu não me acalmasse,
era bem provável eu chegar à morte.
Quando ele aumentava o som, tocando
uma música do Roberto Carlos, eu tremia,
lágrimas rolavam pelo meu rosto.
Naquela época nós éramos
sensíveis demais, e muito românticas.
Minha mãe pressentia e me chamava para entrar,
dizendo que eu tinha obrigações
de roupa para passar com o ferro.
Eu ficava com tanta raiva, que saia
cantando bem alto ...
“Quero que você me aqueça nesse inverno...
E que tudo mais vá pro inferno".
Cantava tão alto que ficava rouca.
Adivinha quem ia?
Eu, para o ferro passar roupa.
São tantos os detalhes que
jamais esquecerei.
O melhor dessa época eram as tertúlias,
geralmente na casa de uma amiga.
Hum, ai eu podia dançar de rosto colado,
ouvindo palavras doces, mas tudo rapidinho,
para ninguém da família notar.
Assim mesmo com tantas proibições,
à noite no silêncio do meu quarto escuro,
ficava a sonhar, com aquelas palavras ditas
no meu ouvido, quando dançava na tertúlia,
na casa daquela amiga.
Assim ficava a noite acordada,
sonhando contando os dedos, ou
fazendo caracóis nos meus cabelos.
E nesses detalhes de uma longa vida,
se vão quarenta e cinco anos, impossível
de serem esquecidos.
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Detalhes no amor
Marcial Salaverry
São pequenos detalhes,
despertando emoções de amor,
dando para a vida mais calor...
Aquele café da manhã,
quebrando uma rotina,
já é algo que desatina...
Detalhes a serem acertados...
Beijos a serem trocados...
Carinhos a serem feitos,
embalando amores perfeitos...
O amor desperta tantas emoções,
mexendo com enamorados corações...
Sendo muito desejado,
quando se está apaixonado...
Assim, num rumo certo,
haverá o encontro, decerto...
Encontro dos sentimentos
do amor, sem quaisquer lamentos...
Amor a ser vivido com carinho,
e pode anotar no caderninho,
seja no verão ou no inverno,
e quem não gostar... que vá para o inferno...
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"Jovem Guarda"
-Anos 60-
Regina Bertoccelli
Mergulho nos sonhos e resgato momentos de
minha adolescência que muita saudade deixou
Meu pensamento busca você que se
perdeu de mim...
Onde está você agora?
O tempo passou, mas as lembranças ficaram
impressas em meu coração
Momentos inesquecíveis de anos dourados,
que o tempo não apagou
Saudade do namoro no portão de casa,
dos beijos roubados, dos bailes de formatura,
das matinês aos domingos...
Ah, bons tempos que passamos juntos...
E sonhando, vou juntando pedaços de nossa
história, do que sobrou de nós,
dos doces e ternos momentos vividos
Antes que amanheça e a fugaz visão
se desvaneça...
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"Jovem Guarda"
-Anos 60-
Inês Marucci-SP
Épocas de candura que marcaram,
do pensamento nunca escapam,
em momentos em que a inocência
pintava meigamente a sensualidade,
encontro marcado com a decência,
crescia junto com minha juventude!
As canções que ensinavam a amar
debaixo do clarão branco da lua,
apenas a imaginação voando nua,
cabelos faziam caracóis à beira-mar,
levavam segredos que só o coração
sabia imortalizar dentro da canção!
Jovem-guarda nutriu a puberdade,
com carinhos ruboresceu as faces
emocionadas que guardam saudade
entranhada nos corações em preces,
confiantes que o pensamento jovem
não endureça jamais a nossa viagem!
Escorregava do arco-íris ao ribeirinho,
o amor me esperava na palma do sonho,
beijos roubados o meu amor escondia
entre as notas da melodia que eu sabia,
seriam recados amorosos sabor de uva,
à cara-metade que d’outro lado sonhava!
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Anos sessenta, mais que detalhes
Sueli do Espirito Santo
http://www.sue2001.recantodasletras.com.br
Se bobear o coração não agüenta
relembrar os agitados anos sessenta
lá longe, bem distante, como bomba
os Beatles toda cabeça arromba
e a febre no mundo se alastrou, contagiosa
logo aqui chegou a todos jovens atingindo
de vibração coração quase explodindo
a querer uma coisa nossa, bem audaciosa
pedido atendido, grande Carlos Imperial
em sua cabeça uma idéia mais que genial
nos presentear com o famoso trio ternura
com garra e vontade e também doçura
Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa
com tantos outros belos convidados
a todos nós deixavam só encantados
levando ao delírio toda aquela platéia
como hoje, nada de ensaiada tietagem
de verdade, sentimento pedia passagem
para nas tardes de domingo só emoção
ver seus ídolos, ouvir aquela canção
simples, singela, ingênua de fazer sonhar
com um lindo romance um dia ganhar
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Jovem Guarda
faffi...
08/11/05
O tempo passou...
Mas, a saudade ficou
e com ela os detalhes...
Detalhes! eram tantos...
Dança de salão
Rosto colado
Coração disparado
Namoro no portão
Rádio de pilha
tocando uma canção:
Por favor, pare... agora!
a gente não parava,
continuava de mãos dadas
esperando uma oportunidade
para um beijo na boca.
O beijo acontecia,
a face ruborizava
porque o que o corpo pedia
era pecado...
Eram tantos os pecados!
Que a vontade era mandar tudo pro inferno.
e se aquecer no calor daquele namoro gostoso
que de pecado só tinha a vontade de ser livre e feliz.
Nada Mais! Só detalhes!
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Caderninho de Músicas
Gena Maria
Marília- SP
Meu caderninho de musicas
Só canções de amor escrevi
Cantei a paixão com ardor
E só de amor sobrevivi!
Nas letras e nas canções
Pouca tristeza e muita alegria
Um amor mal resolvido...
Uma traição, um reencontro...
Uma despedida sem volta...
Um encontro, um recomeço...
Um amor á primeira vista...
Versos ardentes...
Promessas não cumpridas...
E abraços inocentes.
Um coração machucado...
E um adeus para finalizar!
Ficaria horas a sonhar
Sentindo as musicas e a recordar
A época da jovem guarda a cantar...
Como é bom voltar à adolescência
E à inocência de amar!
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O trema da alegria!
Bernardino Matos.
Fortaleza, 09 de novembro de 2005.
Existe uma teoria que quando a população,
atinge um nível que compromete a capacidade,
da natureza de supri-la de alimentação,
o mundo fica pressionado pela intranqüilidade.
O desequilíbrio entre a capacidade de suprir,
e a demanda de consumo, provoca conflitos,
desencadeia guerras, o que vem a reduzir,
o contingente humano, em função dos atritos.
O excesso de população traz também doenças,
epidemias, provocando mortes, reduzindo,
o excedente humano, e através dessas crenças,
o mundo retoma seu equilíbrio, progredindo.
Assim também, de tempos em tempo, vemos,
que os hábitos arraigados, culturas ultrapassadas,
geram conflitos de gerações, visões novas temos,
desejos de mudanças, grassam por todos os lados.
A velha guarda trouxe uma nova visão da vida,
revolucionou o meio ambiente, questionou,
comportamentos, regras sociais, foi aguerrida,
foi um grito da juventude, que tudo modificou.
A sociedade estava envelhecida, arraigada,
a princípios rígidos, não podendo expressar,
seus sentimentos, com liberdade, parada,
“e que tudo vá para o inferno”, um despertar.
“Se você pensa que meu coração é de papel”,
de Sérgio Reis, era um apelo à manifestação,
de sentimentos, à doçura do amor feito mel,
a juventude saiu de casa, como de uma prisão.
Aquele desejo incontido de liberar paixões,
trouxe uma maneira alegre de comunicação,
despiu a sociedade da hipocrisia de então,
escancarou os compartimentos do coração.
“Quero que você me aqueça nesse inverno”,
era um convite à sociedade, cheia de reservas,
de restrições, comprimindo o jeito terno,
de se flertar, de se beijar, pressões externas.
A juventude veio às ruas, com novas canções,
com hábitos diferentes de se vestir, de falar,
de se comunicar, eliminando tabus e ilusões,
horários rígidos para se recolher e se amar.
Novos padrões sociais foram assimilados,
a sociedade evoluiu na alegria, os grilhões,
foram partidos, os complexos aniquilados,
o povo voltou a sorrir, a amar sem senões.
Ouvir Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléa,
Vanderlei Cardoso, Sérgio Reis e tantos,
outros, trouxe novos cenários para a platéia,
nas tardes de sábados e domingos, encantos.
Essa foi uma revolução afetiva e feliz,
um recado bem dado, cheio de energia,
trazendo para sociedade um novo matiz,
tudo mudou, o ar se encheu de alegria.
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A velha Guarda
Schyrlei Pinheiro
Os jovens rebeldes
não silenciaram o lirismo.
Plantaram no alto, o amor
na longa estrada.
No espaço, ainda vive o som
deste perfume, que se faz presente
no ar, e na saudade.
Palavras de amor,
desbotadas, voltam no tempo,
mostrando, na moldura,
o mesmo retrato jovem,
conhecedor dos detalhes
que apostaram tudo,
sem duvidarem do futuro
que outros irão reconhecer,
nos erros e acertos, sem dizer
uma palavra,
provando que o amor
renasce, assim,
de geração em geração, nos versos
de uma canção,
que cantarei até o fim.
Você vai aprender
a cantar e a dançar
no silêncio do seu quarto,
lembrando deste amor,
que, em detalhes, vai falar
ao seu ouvido, que não duvido,
pensará em mim.
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Jovem Guarda
Marcos Dottore
Minha história de amor (1964)
Vou lhe contar (1967)
Foi assim (1968)
Sempre aos domingos (1963)
A praça, (1967)
A Catedral, (1967)
Broto legal (1960)
Será você? (1965)
Quero você (1964)
Sem amor ninguém vive (1964)
Diga que você me quer (1966), menina linda (1965)
Gosto mesmo é de você (1966) meu bem (1966)
Escuta meu amor (1967), que me importa o mundo (1963)
Estou aqui (1968), preste atenção (1964)
Finalmente encontrei você (1968)
O Calhambeque (1964), rua Augusta (1964),
Boliche legal (1964),
Só eu e você (1967) felizes juntinhos (1967)
Esqueça, (1968) não precisa chorar (1967)
Nossa canção, (1966), emoção (1965), ternura. (1965)
Eu amo demais (1968)
Por isso corro demais, (1968)
Por isso estou aqui. (1967)
Eu te darei o céu (1966)
Só por amor (1964)
Igual a ti, não há ninguém (1963)
Tudo o que vejo, é você (1968)
Eu te amo tanto (1968)
Eu te seguirei (1963) para sempre (1960)
Estarei ao seu lado (1967) aconteça o que acontecer (1963)
Esqueça (1968), amor perdoa-me (1965)
De que vale tudo isto (1968), quero que vá tudo pro inferno (1966)
Só não pode me faltar você (1966)
Pode acontecer amanhã (1966)
Uma canção para você (1965)
Eu te amo, tu me amas (1966)
Boa noite meu bem (1966)
Meu travesseiro (1968), suas mãos (1968).
Quero você, (1964) só você. (1968)
Não quero ver você triste. (1965)
Aquele beijo que te dei, (1965) com muito amor e carinho (1968),
Amor de verdade (1966), Juro por Deus, (1966)
Dá-me felicidade, (1964) e esta é a Minha história de amor (1964).
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Uma escolha?
Glácia Daibert
Tenho saudades dos tempos quando havia romantismo,
A moça se aprontava, usava seu melhor perfume
para esperar o namorado...
Quase sempre chegava pontualmente,
trazendo nas mãos algumas rosas
provavelmente colhidas em algum jardim.
Haviam momentos de carinhos,
tão esperados, tão almejados.
Havia respeito até mesmo quando os carinhos
se excediam um pouquinho mais....
sem vulgaridades, com sentimentos puros e sinceros.
Todas as datas eram, sempre, lembradas
com cartões e presentes.
Ninguém ocupava o coração do casal apaixonado,
ninguém mais fazia parte da vida de ambos.
Hoje.... com a modernidade, emancipação sexual,
foi confundido liberdade com libertinagem.
Os casais apenas " ficam" , muitas das vezes
por uma vez apenas....
Tornou-se uma rotatividade!
O romantismo, amor, respeito, carinho, cumplicidade e
afinidade, foram banidos, esquecidos...
Perderam seus valores,
E ainda existem pessoas que acham tudo isso " careta" ,
fora de moda...
A cada dia o Ser Humano está ficando mais solitário,
em busca de algo sem ao menos saber "o que ".
Todo ser humano possui um caminho a percorrer, uma meta a ser realizada,
é necessário acautelar para não ser levado
por falsas ilusões, pelo orgulho, pela vaidade que tanto podem prejudicar,
fazendo com que não " se encontre" e impedindo que encontre alguém
que o ame e possa amar com a mesma intensidade.
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Jovem Guarda
Nadir A D’Onofrio
11/11/2005
Santos SP
Esquecer jamais
Quero uma festa de arromba
Comemorar uma época de alegrias
Idêntica à que eu vivi
Tinha Calhambeque, Cadilac
Lambreta, Romi-Isetta
Rapazes cabeludos, calças boca de sino
Quem não se lembra?
Saias rodadas... haja pano no godê...
Miçangas, lantejoulas
Penteados sofisticados
Olhos maquiados amendoados
HI FI e CUBA LIVRE
Um rock efervescente pra esquentar
Logo após uma suave balada
fazia o fogo se alastrar...
Whisky à Go-Go de saideira
Pílulas anticoncepcionais
Advento da liberação da mulher...
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"Jovem guarda"
- Anos 60 -
Venina M. Santos
Arianne®Ctba
Minha linda adolescência
Vivida na Jovem guarda
nas jovens tardes dançantes
de domingos namorantes...
saudades no peito embarga...
O meu rei Roberto Carlos
me arrepiava a pele
com aquela voz pequena
mas melosa, toda plena
da ternura própria, dele...
Vanderley e Wanderléa,
Erasmo Carlos, Martinha,
Valdirene, Rita Lee e Rosymere,
Simonal e as Gatinhas,
Leno e Lílian e Silvinha...
Mais Renato e seus Blue Caps
Golden Boys e a Cidinha
Demétrius, Jerry Adriani
faziam parte da festa
de arromba toda noitinha...
Mas são tantos os detalhes
são emoções que vivi
dos namoros escondidos
na pracinha e nos ouvidos
aos frases de amor que ouvi
Pintava os olhos de preto,
caracol nos meus cabelos
um jeans bem apertadinho
com ilhoses enfeitadinho
miçangas nos tornozelos
Ai, meus vestidos godês,
minhas calças pescador,
o meu short bem curtinho
pra provocar, de mansinho
o Dom Juan sedutor...
E nas altas madrugadas,
nunca faltavam serestas,
com bandolins e violões
balançando corações
sob uma lua inquieta...
Mudanças que nos cercavam
por todo lado do mundo
quase não nos afetavam...
os rocks nos embalavam
como em êxtases profundos...
Já as músicas românticas
recados subentendidos
diretos pro coração
despertavam a emoção
de um amor escondido
Foi a época dos beijos
medrosamente trocados
em cantinhos escurinhos
dos cinemas, com cuidado,
com os primeiros namorados...
Dos sonhos de toda vida
construídos de esperança,
liberdade sexual
que já não víamos mal
ter o prazer numa transa...
Mas era só por amor,
que de outro jeito não dava,
mesmo com a pílula surgindo
muitas gente denegrindo
a liberdade que nos dava...
Fiéis eram os amigos,
nunca nos abandonaram
à beira de um caminho
chorando o pranto sozinhos...
conosco sempre ficavam...
Íamos aos festivais,
pelos ídolos torcer
mas meu Deus, que coisas louca
injustiça não era pouca
e os víamos perder...
Saíamos no fusquinha
pra dançar, curtir a vida,
ouvir Bethânia e Chico,
Vinícius, sempre tão rico
na poesia e na batida.
Do sambinha que alegrava,
que em romance enlevava
pelas altas madrugadas...
e então pra completar
começávamos cantar!!
Esquecer é impossível,
minha época dourada!
À ela devo o que sou
viví-a inteira, mudou
toda a regra pré - criada.
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Anos 60
Doces recordações
Marilena Basso
Quanta recordação me traz
Essa época que não volta mais,
Doces ilusões guardadas
Lindos momentos vividos,
Despreocupação geral
Uma grande curtição!
Com vestido de bolinhas,
Saia godê e gola rolê,
Sandália de tirinhas coloridas,
Eram minha indumentária
Para ir passear na praça
E tomar Banho de Lua.
No radinho de pilhas
Ouvia e aprendia cantarolar
Musica popular e rock importado.
No salão de baile rodopiava
Aproveitando dar umas apertadas
No meu príncipe encantado.
Nas curvas das estradas
Meu pensamento se perdia,
Eu era feliz e disso sabia,
O pouco que tive sempre foi tudo
Para provar das melhores emoções,
O que faltou, se é que faltou,
Foram apenas pequenos detalhes.
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Momentos de nós dois
Beatriz por um triz
Saudades da adolescência
displicentes roupas desbotadas,
da sonhada calça Lee
e do primeiro beijo que ganhei
As jovens tardes de domingo
eram um convite aos sonhos
Você era a minha primeira paixão
aquela que faz transpirar a mão
Eu me perdi de você,
talvez na descida Rua Augusta,
ou por que não fui à festa de arromba
mas, a esta altura o que assusta
é não ter esquecido um só momento
e relembrar com o mesmo sentimento
cada detalhe de nós dois
Rua Augusta
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Não passou o passado...
Roselir Busmair
Curitiba_PR_1976
www.saladepoetas.eti.br
www.paralerepensar.com.br/roselirbusmair.htm
Não passou o passado,
resquício da esperança
em mim permaneceu;
passou talvez o tempo,
uma e outra esperança,
este ou aquele momento
mas o essencial não passou,
permaneceu inalterado,
deixou a marca profunda
e tenaz da lembrança...
Não passou o passado
nem se evaporou igual fumaça
nem saiu da lembrança
As marcas do desamor.
Passou talvez, o que nunca
deveria ter passado...
Não passou o passado,
pois se eu tento repassar
tudo o que já se passou
sinto a mesma angústia
vivida naquele tempo.
E, o passado retornou!
Trazendo em si
a plenitude da espera
num alegria incontida
que explodiu no presente,
que não passará jamais
ficando arquivado
para sempre
em nossas mentes.
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Ah! Tempinho bom
Marisa Cajado
Ah tempinho bom
Do desenho do pica-pau
Onde a família sentava
E junto curtia
Uma só televisão.
Era regular o som
Controle remoto nem se via
E a gente brigava e corria
Pra mudar de canal
No branco e preto da tela
Que não falava em guerra
Não mostrava violência
Nem governo em decadência
Eita tempinho bom!
Curtíamos os amigos
O tempo ainda sobrava
O violão sempre tocava
Em tempo de serenata.
O bailinho o namorado
O sonho sempre sonhado
O beijo a gente roubava
Escondido do Pai que espreitava
A aventura do rosto colado
No rosto envergonhado.
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Saudades da Jovem Guarda
Tarcísio R. Costa
Cabelos longos, rebeldia, liberdade,
Carangos incrementados,
Letras e música, tentando romper o lirismo...
Mas, era apenas uma nova linguagem,
Externando o grito da ansiedade
Falando, bradando pela verdade,
Era o show da vida
Era o show da rebeldia,
Que na realidade era alegria,
Hoje é aprovada aquela realidade
Na nossa memória está a Jovem Guarda
Dos nossos sonhos, das nossas saudades...
Roberto Carlos e a doce Wanderléa,
O tremendão Erasmos Carlos, Vanderley Cardoso
Silvinha, Jerry Adriani e Tony Campelo, Serjão,
Rosemary, Ronnie Von, The Jet Blacks
Golden Boys... e tantos outros.
Era assim...
Todo dia nascia estrelas e astros,
Hoje, o céu está apinhado de estrelas,
Que continua a cintilar,
Sob a batuta e o brilho do astro-rei
Roberto Carlos.
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Jovem Guarda
Thereza Mattos
Ainda ouço você sussurrando
aquelas lindas canções
dentro de meus olhos fitando
unindo nossos corações
batendo num só compasso
apertando-me em seus braços
e eu, enlevada de sonhos
pelo espaço pairava
flutuando pelos salões....
Era um convite ao amor
apenas mais um "detalhe"
coisas até sem nenhum nexo
cheirando ao teu suor
nesta relação tão linda
unindo "o côncavo e o convexo"
eterna paixão bem-vinda!....
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Que saudade da jovem guarda
Margaret Pelicano
Brasília - 14/11/2005
Voltar no tempo
Viver mais uma vez,
outras mais:
Lembrar de Wanderley Cardoso, Wanderléa, Martinha,
Roberto e Erasmo Carlos, Jerry Adriani
esse época tão doce
onde tudo era paz.
Voltar, lembrando das calças boca de sino,
e "saint tropez"
casacos de couro
lambreta, biquíni de bolinha amarelinha,
vestidos 'godê'
Lembrar do bolero, do rosto colado
do twist, do rock,
das bandas musicais;
melodias mexicanas,
cuba-libre ou uma dosezinha de gin com "crush"
o sabor era bom demais.
O dinheiro era tão curto para as matinês
e o filme de "faroest".
"O dólar furado",
era furado também no nosso bolso
mas a alegria de viver...
hum! isso era vencer...
Bailinhos até amanhecer,
que saudade da Jovem Guarda,
dos programas de rádio;
de Cidade Contra Cidade:
- Sílvio Santos era um 'pão';
Flávio Cavalcante exigente
e a TV era preto e branco,
às vezes, só funcionava no solavanco!
E nós? Andávamos pelas ruas
despreocupados,
até de madrugada!
Futebol gerava "sombrinhadas"
das mães dos atletas, nas finais.
Depois o tempo passava,
a vizinhança se animava
e voltava a harmonia.
Só se discutia
pela troca das figurinhas:
- Dou-lhe 2 Garrinchas em troca de um Pelé;
jogava-se peteca, bola na rua,
subia-se em árvores, nadava-se no rio,
piscina era coisa de rico no clube
Violência era palavra pouco usada-assustadora!
Sobre ela nem se comentava!
Era doença ruim, como o câncer!
Coisas feias nem se falava!
Falava-se de Tarcísio Meira, Francisco Cuoco;
Só do belo!
Que saudade da Jovem Guarda!
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Detalhes
Naidaterra
E como não morrer de saudades...
A música detalhes então, marcou
na minha vida o primeiro beijo.
de língua...sabe, aquele que a gente
nunca pensou existir e a coisa acontece
e você gosta muito.
O cara era bem mais velho, estávamos
dançando agarradinhos e tocava essa
música...ele beijava meus lábios e eu
estava no céu só com isso...então ele me
pergunta...deixa ver se você tem língua...
pronto, ele achou minha língua, Ai! foi
a melhor coisa que me aconteceu.
Marcamos um encontro no dia seguinte,
eu estava encantada...vesti uma calça
azul índigo, pantalona, boca de sino
com botões na frente...era moda na época.
Fiquei esperando ansiosa a hora para nos ver,
mas, chegou foi um bilhete, "Sou muito mais
velho que você...vai encontrar alguém da
sua idade, agora até beijar já sabe".
Chorei muito, não estava nem um pouco
preocupada com esse detalhe...idade.
Enfim, não o vi mais...é uma das melhores
lembranças da minha vida. Não esqueci e
nunca vou esquecer.
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(Re)Vivendo
by Maricell
Maricell - novembro/2005
www.maricell.com.br
Lembro-me com saudades de um tempo bom.
Era inverno, e eu, com meu casaco marrom.
Cantava aquela canção do Roberto: "Baby, I love you"...
Você passava em seu calhambeque.
Mandávamos tudo para o inferno
E sem lenço, sem documento.
Cabelos ao vento.
Olhávamos estrelas.
Ouvindo a nossa canção.
Os bailes, os discos de vinil.
Você em sua primeira calça jeans.
Meu vestido de organza rodado.
Cabelos super arrumados.
O primeiro sapato de salto.
A cuba-libre tomada em segredo.
A hora certa de voltar pra casa.
Um dia você parou na contra-mão e me disse:
Quero me casar contigo.
E eu aceitei seu coração.
Os beijos.
Faziam splish splash.
E eu olhava solo per te.
Mas o tempo passou.
Você mudou.
E na sua estupidez.
Você esqueceu.
Como era grande o meu amor por você.
Você partiu e me deixou.
E as flores do jardim da nossa casa.
Morreram todas dentro de mim.
Hoje volto para a mesma praça e sentada no mesmo banco.
Olho outras flores, no mesmo jardim.
Lembrando de detalhes tão pequenos de nós dois.
Que ficarão para sempre junto a mim.
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Que tudo vá pro inferno
Maria Mercedes Paiva
(Eme Paiva)
Ninguém via.
os beijos que trocávamos no escuro!
Ninguém entenderia, que o amor,
também aos jovens arrebata:
Chama ardente,
fulge,queima,
abrasa, depois incensa,
nuvem de cinza e fumaça.
se espalha, termina,
basta a breve brisa leve, que passa!
Tínhamos alguma jóia importante a zelar!
Tínhamos a inclemência da lei,
contra nós!
Tínhamos a rígida educação.
dada pelos pais dos nossos pais.
aos nossos pais:
Nossa herança e missão!
E havia em nossas cabeças tanta
interrogação,
Sem se questionar da injustiça
ou da incompreensão...
E, os apelos mais naturais e inocentes,
das almas e corpos jovens e cheios de paixão
Eram imensos e mortais pecados capitais!
Já andava circulando, a redenção
(a pílula - anticoncepcional)
E, quando Roberto Carlos,
(numa tirada, a mais irreverente,
daquela época!) cantou:
"Quero que você me aqueça nesse inverno,
e que tudo o mais vá para o inferno"
Falou por todos nós, em crise existencial!
Então, relaxamos!!!
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Anos 60 - Décadas de saudades
Célia Jardim
Era uma festa de arromba,
Roberto Carlos e toda a galera, “mora”?
quem curtiu essa galera,
sabe o que foi bom outrora...
Erasmo Carlos e Wanderléa,
formavam o casal “Tremendão e Ternurinha”,
eu muito sonhadora,
ah! Como curtinha a Martinha!
Jovem Guarda dos anos sessenta,
deixou saudade em tanta gente,
dos nossos ídolos que alimentavam nossa fantasia,
o “Rei Roberto” permanece e contagia...
A música viveu uma linda história,
pena que a Jovem Guarda dispersou,
hoje muitos deles já se foram,
mas a lembrança de todos, na memória ficou...
Jovem Guarda de tantos talentos,
de um tempo bom que ficou para traz,
de uma época doce, inocente,
igual a ela hoje não se faz...
De 65 a 69,
a gente não precisava mais nada,
era só ligar a TV na Record,
que a festa estava formada...
Eu ainda adolescia,
e aquele cenário me fazia voar,
hoje olho os adolescentes,
que já nem sabem seus sonhos sonhar...
É pena que tudo passe,
que tudo muda, transforma, viram memórias,
se a Jovem Guarda voltasse contaria,
tantas outras belas histórias...
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Jovem guarda
Edson dos Santos
Sonhos embalados ao som da guitarra
Carrões roncando pela cidade
Abraço apertado
Beijo molhado
Lindas composições...
Ainda hoje flui seu efeito
Memorizado saudade
Ardendo dentro do peito
Saias rodadas lindos babados
Lambreta maluca
Moça bonita na garupa
Jaqueta de couro
Anéis dourados nos dedos
Bota de couro, calça apertada...
Saia justa e bem curta
Coisa boa de se lembrar
Saudade da jovem guarda
Sonhos lindos embalados
No coração da saudade...
Ciranda :"Jovem Guarda"-Anos 60
Iniciada por:Giovânia Correia
Gerenciada por :Raquel Caminha-"Lindinha"
Agradeço a todos os poetas que participaram dessa ciranda e nos fizeram viajar nas asas do tempo.
Agradeço a nossa amada Lindinha por ter chamado tantos poetas renomados para aqui se fazerem presentes nos embalos da jovem guarda.
Poetas Participantes:
- Giovânia Correia - Raquel Caminha (Lindinha) - Marcial Salaverry -
- Regina Bertoccelli - Inês Marucci - Sueli do Espirito Santo - Faffi -
- Gena Maria - Bernardino Matos - Schyrlei Pinheiro - Marcos Dottore -
- Glácia Daibert - Nadir A D’Onofrio - Venina M. Santos - Marilena Basso - Beatriz por um triz - Roselir Busmair -
- Marisa Cajado - Tarcísio R. Costa - Thereza Mattos -
- Margaret Pelicano - Naidaterra - Maricell -
- Maria Mercedes Paiva (Eme Paiva) - Célia Jardim -Edson dos Santos