A TRIBO NA LUA CHEIA
Há algumas décadas atrás, nas cidades do interior de São Paulo, existiam muitas fazendas de café, e também muitas tribos de Índios.
Algumas tribos eram pacificadas, mas outras não aceitavam a convivência com os brancos, e tinham o costume de fazer ataques e saques em fazendas e vilarejos, trazendo terror aos fazendeiros da região.
Nas noites de lua cheia eles ficavam agitados faziam cantorias e danças que duravam a noite toda.
Não deixavam que os brancos se aproximassem de suas aldeias.
Os fazendeiros tinham tanto medo que quando um gado fugia e ia parar nas proximidades das aldeias, eles davam por perdido, porque nenhum empregado da fazenda, por dinheiro nenhum ia até La para buscar o animal.
Uma noite de lua cheia, ouviu se uma cantoria vinda na direção da Fazenda Vila Real.
A família que lá morava, a mãe e o pai, duas filhas jovens e duas crianças, um menino e uma menina, ficaram assustados e começaram a correr de um lado para o outro, pois, já sabiam o que iria acontecer.
Os empregados da fazenda, já estavam recolhidos nos seus alojamentos e lá ficaram sem saber o que fazer.
O pai, tratou logo de pegar sua espingarda, a mãe agarrou a sua santinha, e as moças correram para o quarto e ficaram abraçadinhas.
E as crianças?
As crianças entraram em baixo da cama e ficaram bem encolhidas, quase sem respirar para não serem descoberto.
De repente, dezenas de índios, com machadinhas e tacapes nas mãos, pularam a porteira, arrebentaram a porta principal e dominaram o chefe da casa com uma pancada na cabeça.
A mãe que gritava muito, logo foi derrubada com um só golpe.
Assim também aconteceram com as duas jovens.
Então, esses índios ferozes, saquearam totalmente a casa, levando todos os mantimentos, facas, tesouras, cobertas e utensílios de cozinha.
Da mesma maneira que chegaram cantando o cântico de guerra, assim partiram.
As crianças permaneceram por algum tempo, escondidas, ate que nada mais
ouviram, então saíram e chamaram por seus pais e constataram que todos estavam muito feridos.
Logo toda a cidade já sabia do acontecido, e os vizinhos logo acolheram a família e prestaram socorro.
A população já cansada e muito indignada, exigiu que o prefeito tomasse uma providência.
Havia também nas redondezas outra tribo, que essa sim, era de boa convivência.
Então o prefeito mandou chamar o cacique dessa tribo e contou o que vinha acontecendo, e perguntou se eles podiam fazer algo para que isso não acontecesse mais.
O cacique da tribo de VIRI, disse que eles iriam ate esses índios e resolveriam o problema, mas, precisaria de provisões para a viagem.
O prefeito muito animado com a ideia, mandou vir para a praça principal da cidade, algumas dezenas de bois, e assim eles ficariam felizes e fariam pacificação.
A TRIBO DE VIRI em poucas horas, mataram os bois e desossaram e colocaram as carnes em seus embornais e já estavam prontos para a viagem.
Algumas pessoas da cidade pediram ao chefe, que trouxessem uma pequena índia, para criar como filha, mas a resposta do cacique foi que não se pode misturar gente ruim com gente boa.
Passado alguns dias, a tribo estava de volta.
O prefeito ansioso perguntou ao cacique, como tinha sido a negociação.
O chefe da tribo, então muito sério responde:
— O serviço está feito! Não sobrou nenhum vivo!
O prefeito deu um grito de espanto:
— Não! E o chefe continuou:
— Tribo de VIRI, fez favor para prefeito, e não vai fazer mais, porque Tribo de Viri quase morreu de fome.
O prefeito muito indignado com a forma que eles solucionaram o problema, e ainda depois de tanta carne que foi oferecida a eles, não foi suficiente?
Foi quase uma boiada?
O prefeito concluiu que essa tribo tinha um apetite danado!
Mesmo assim, o prefeito deu para a tribo, algumas terras para cultivarem e fizeram pacto de cooperação e amizade, que duraram muitos anos.
Então os fazendeiros e os habitantes daquela região puderam levar suas vidas sem medo de ser atacados a qualquer noite de lua cheia.