A MAQUINA DE ESCREVER
Eram cinco amigos inseparáveis, todos garotadas da mesma idade, no bairro onde moravam e que distava uns treze quilômetros retirado do povoado onde só iam uma ou duas vezes por ano, do mais a vida era marcada pela infância no sitio, depois da escola se divertiam caçando de estilingue pelas matas e capoeiras ou pescando nos brejos e riachos, por sempre andarem descalços tinham a sola dos pés tão grossas que suportavam a temperatura do solo nos mais quentes dias de verão e resistia as asperezas e rusticidades das andanças pelos campos espinhentos das pastagens do lugarejo. Vida social tinham aos domingo de mês, quando calçavam sapatos e vestiam as melhores roupas, pois obrigatoriamente, tinham que participar da reza da capelinha do bairro, ponto de encontro dos moradores onde expressavam a sua fé rezando o terço pois raramente contavam com a presença do padre da cidade que vinha dizer missa.
Embora criados na roça, com o passar do tempo foi despertando em cada um o desejo de uma vida melhor, tanto que dois deles, o filhos de um sitiante mais bem de vida, tanto financeiramente quanto culturalmente, depois de terminar o quarto ano primário, foram estudar na cidade, devido a distância, ficava na casa de um tio mas vinham todo final de semana para a casa dos pais onde se juntavam aos demais, sempre contando façanhas na cidade, o que provocava até uma certa inveja dos amigos de infância.
Foi num feriado prolongado de final de semana, eles comentaram que na cidade tinha chegado um parque de diversão, descreveu o parque minuciosamente, mas os rapazotes, pobres caipiras do sítio, ficaram boquiabertos com o que eles contavam, pintou então o desejo de conhecerem o dito cujo parque de diversão, o amigo então informou que no domingo a tarde o parque iria funcionar, assim combinaram o passeio, o que aconteceu após o almoço quando, cada um pedalando sua bicicleta, rumaram para o povoado
Chegando lá ficaram admirados com o que viram, roda gigante, barcaças de balanço, ciranda de cavalinhos, barracas de jogos e um alto falante que alegrava o ambiente, cujo locutor sempre anunciava uma música oferecida a alguém por algum admirador, era tudo muito barulhento, mas encantador aos olhos destes pobres caipiras do mato.
Depois de observarem tudo minuciosamente um deles, juntando os poucos vinténs que trouxera consigo resolveu tentar a sorte na barraca de argolas, os demais ficaram ao seu derredor na torcida, ele lançou as argolas, mas somente na última ele conseguiu laçar um objeto, foi uma festa total e ficaram ainda mais irradiante quando o funcionário do parque ao examinar o objeto laçado, deu a notícia:
_____ Você ganhou uma máquina de escrever!
A máquina de escrever era um objeto raro naquele tempo e aprender datilografia era o sonho da molecada que viam neste aprendizado uma forma de arrumar um bom emprego na cidade grande, por isso o motivo de tanta alegria que se tornou em uma grande decepção, quando o funcionário do parque retornou e disse:
_____ Aqui está sua máquina de escrever.
E lhe entregou um lápis.