“O amanhã trará suas próprias preocupações”
Luizinho deu um grito involuntário que fez com que sua mãe corresse imediatamente, muito assustada, para lhe socorrer. Dona Cláudia, com os olhos esbugalhados e o coração a mil se deparou com o filho em desespero segurando uma folha de papel, aparentemente bastante manchada e molhada de achocolatado.
Havia sido o pequeno Charles, seu filho caçula de apenas três aninhos, que derramara sua refeição matinal no trabalho de redação de Luizinho, que precisava ser entregue naquele dia e que já não dava para refazer, pois ele já estava de saída para a escola.
A mãe, passado o susto após entender a situação, tentou acalmar o garoto, que se lamentava e se recusava a sair para o colégio. Sua decepção era compreensível, a redação valia ponto e a professora da disciplina era famosa entre os alunos por ser linha dura.
A mãe pediu que o filho se acalmasse que iria ela mesmo falar com a professora, que não adiantava, na vida, sofrer por antecipação, porque se as coisas se resolvessem bem, ele teria sofrido de graça, e, se não se resolvessem, ele sofreria dobrado, porque sofreria na hora e já teria sofrido antes.
Ele achou confusas as palavras da mãe, mas, quando, na escola, a professora lhe chamou e disse que lhe daria mais uma chance, o menino sorriu aliviado e compreendeu cada palavra que sua mãe, ou melhor, sua super-heroína, lhe falara mais cedo.